COELHO

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Durante muito tempo o coelho foi classificado como roedor, da Ordem Rodentia, como os ratos, camundongos e castores, que têm os dentes bem adaptados para roer. Mais recentemente transferiram o coelho para a Ordem Lagomorpha. A diferença é que o coelho tem um par de pequenos dentes atrás dos compridos dentes incisivos superiores, enquanto os roedores não possuem estes dois pequenos dentes. Então, que fique muito bem claro, o coelho não é mais classificado como roedor.

Outra dúvida sobre o bicho é a sua aparência com a lebre. Muita gente considera a lebre um coelho um pouco diferente. Realmente há poucas diferenças entre os dois, ambos pertencentes à mesma Família Leporidae. O negócio é tão sério que mesmo os especialistas podem confundi-los, tomando um pelo outro, fato que se verifica com a chamada Lebre-Belga, que se trata de um coelho, ou com o chamado Coelho-Americano, na realidade uma lebre.

A natureza desse simpático animal é de eterna presa, isto é, no meio selvagem é sempre caçado por animais maiores, o que o faz estar constantemente correndo como louco. Em fuga desembestada chega a alcançar 100 km/h. Natural, então, ter desenvolvido o sentido do “desconfiômetro”. Vai daí que se assusta por quase nada, como um simples aproximar de pessoas ou um estampido de escapamento de carro. Isso é o suficiente para ele sair em disparada e se esconder no primeiro “buraco” que encontrar, como na toca dos conterrâneos selvagens.

Aquele que decide ter um coelho como animal de companhia tem que estar atento a esta característica forte do leporídeo, a de eterno desconfiado. Mesmo após longo tempo de contato com o dono,  muitas vezes ele se mostrará arredio ao contato. Não significa rejeição a carinhos, muito pelo contrário, ele adora. Mas o instinto genético dos ancestrais é forte demais. Há de se ter muita paciência, desde ele pequeno. Assim, desde pequeno, é preciso conquistá-lo aos poucos, para que o seu medo de ser “comido” seja transformado em ser “querido”. O negócio, então, é dar carinho ao extremo, mostrar-se “seu amigo”. Depende muito do instinto de cada espécime, mas a maioria acaba por se transformar num animal dócil e que até procura o dono.

É muito prazeiroso apreciar um coelho solto no meio do jardim pulando, comendo e cavando suas próprias tocas. Mas a verdade é que ele é um animalzinho muito destrutivo, um verdadeiro predador. Em países que importaram o bichinho, como a Austrália, onde não havia seus predadores naturais, o coelho se transformou numa verdadeira praga destruindo as plantações e hortas. Por isso quando se decide por criá-lo solto num quintal é preciso atentar para regras básicas. Mesmo não classificado como roedor, ele adora roer. Árvores, arbustos e plantas do ambiente devem ter uma proteção  até a altura máxima que ele alcance em pé nas suas patas traseiras, senão “ o verde já era”. Se tiver espaços com terra, seu instinto o fará cavar tocas com a maior boa vontade; é um perigo, pois a terra pode ceder numa caminhada de qualquer pessoa e esmagar o animal. A casinha de abrigo deve ficar num local sombreado onde a chuva não entre, evitando molhar a ração. Se houver gatos nas redondezas, é preferível cercar com telas a área onde ele fica.

Cada coelho tem seu próprio temperamento. Têm alguns com espírito de liderança, têm outros submissos, tem alguns agressivos, tem outros mansos. Pode ter casos de um grupo de vários coelhos coexistirem num mesmo cercado sem brigas, onde um é o líder do grupo e os outros são submissos, mas todos se dando bem, comendo e dormindo juntos sem atritos, a não ser algumas correrias para demonstrar quem manda. Pode ter uma turma com mais de um coelho de temperamento forte querendo ser o líder onde haverá brigas pela posse do território. Pode ter um coelho dentro da turma que seja agressivo, brigue para ser o líder e, além disso, não deixa os outros coelhos comer ou beber. Detalhe importante: como os coelhos são de hábitos noturnos, dificilmente as brigas se dão de dia, normalmente são durante a noite quando estão mais ativos.

Quando os coelhos atingem 3 meses para a fêmea e 4 meses para o macho, já são considerados  adultos e vão brigar entre eles pelo domínio do território, pela comida, e pela posse da fêmea (no caso de machos). E briga de coelho não é bonito de se ver: é pêlo voando por todo canto e animais feridos a dentadas. Quanto menor for o espaço a dividirem, maiores são as possibilidades de brigas. O coelho só é manso para com os de outra espécie, mas é submisso às pessoas e medroso ante os predadores e animais maiores, mas entre iguais seguem o instinto de todos os animais silvestres.

Para evitar as confusões, a melhor maneira de criar coelho como animal de companhia é em cercados individuais, um local com tudo o que ele precisa e da sua exclusiva propriedade. As coelheiras podem ser contíguas com separação de gradeado ou tela para que os animais tenham a sensação de estarem acompanhados, mas nunca um macho ao lado de uma fêmea, pois estariam o tempo todo tentando se acasalar e roeriam a tela de arame provocando ferimentos. Além do mais essa situação os deixaria estressados e a fêmea, mesmo não acasalando pode apresentar sintomas de prenhez psicológica.

A fêmea pode ficar prenha na semana seguinte ao parto. A gestação é em média de 28 a 32 dias. O número de filhotes por ninhada pode variar entre 8 a 12 láparos (nome que se dá ao filhote assim que nasce), excetuando-se a primeira ninhada que normalmente é bem menor, entre 2 a 4. Fundamental, então, é ter a certeza absoluta da vinda de filhotes, porque depois fazer o que com tantos coelhos?

Nascidos os filhotes, a fêmea só vai ao ninho para amamentá-los. Algumas ficam o tempo todo junto do ninho, outras se afastam e ficam mais longe. A amamentação, em geral, é feita uma vez por dia no período noturno, quando tudo está calmo, silencioso e sem ninguém por perto. Dura alguns minutos apenas. Ela não deita de lado para amamentar, fica em pé e os filhotes rastejam por baixo dela de costas para mamar. Às vezes ela lambe os filhotes para limpá-los. A coelha tem 6 mamas boas e 2 que dão pouco leite, por isso se tiver mais de 6 filhotes sempre vai ter algum que ficou com fome. Isso faz com que alguns filhotes tentem sair do ninho em busca da mãe. Assim que ela percebe, sai correndo, por causa do instinto de amamentar no horário programado. Ela não entende que a quantidade de filhotes supera suas mamas. Por isso nos casos de muitos filhotes, no tempo da amamentação é uma correria de mãe fugindo e cria correndo atrás, mas a natureza consegue suprir todas as deficiências.

Assim que os láparos sejam desmamados, devem ser colocados já separados por sexo nos cercados. Se tiver 2 ou 3 fêmeas ao mesmo tempo com ninhadas quase da mesma idade, podem se juntar os filhotes, mas ao mesmo tempo. Se colocar uma turma antes da outra, quando chegar a nova turma pode ser atacada pela que já está no local, pois considera o espaço como seu território. Até atingirem a idade de reprodução dificilmente haverá qualquer briga entre os coelhos, mas assim que ficarem adultos eles podem brigar pela posse do território.

Dizem que coelho come de tudo. Nem tanto, mas em se tratando de verde ele come quase de tudo. Quem o cria solto no quintal deve ter cuidado com a presença de plantas tóxicas no ambiente. O mais importante na alimentação é fornecer uma ração de boa qualidade. Além da ração, o complemento verde fresco ou em forma de feno (seco) é fundamental. Para o complemento verde as plantas mais utilizadas pelos seus nutrientes e que agradam à coelhada são: rami, guandu, amoreira branca, folhas de brócolis, alfafa, chicória, couve, couve flor, maracujá, mamoeiro, videira, feijão, vargem, fava, erva cidreira, manjerona, capim santo (ou capim limão), erva doce, e cenouras! é claro. Plantas a serem evitadas: comigo-ninguém-pode, amarantus, boca-de-leão, copo-de-leite, Asclepias eriocarpa, Bryonia, lírio-do-brejo, lírio-de-maio, dália, Laburnum, samambaia, erva-de-São Pedro, tasna, confrei, Taxus baccata.

* Fontes: A Criação de Coelhos, de Hélcio V. Mello & José F. da Silva; Coelho – Criação Caseira, de Irineu Fabichak; Wikipédia; Coelhos-coelhas-coelhinhas.com.

* Foto 1: Pesquisa-total.com.

* Foto 2: Ebc.com.

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