CONQUISTADOR NO APERTO

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

Três profissionais liberais amigos têm por hábito, após o trabalho, frequentar um conhecido boteco localizado à Rua da Mata. Certa vez, um deles comentou:

– Tem momentos em que o ser humano é inocente demais da conta. Por exemplo, um sujeito que considera as camisinhas Jontex como as mais seguras do mercado e não atenta que quem as fabrica, a Johnson & Jonhson, é a maior fabricante de fraldas descartáveis do mundo.

E foi justamente ele, o comentador, que muito recentemente estava traindo a esposa com uma moçoila de 19 anos num motel da Avenida JK. Eis que o celular toca e o fulano, embriagado pelos carinhos alheios, inadvertidamente atendeu. Era a esposa.

– Já são quase nove da noite, cadê você?

– É que fui deixar um amigo na casa dele no Bairro Planalto e acabamos conversando além da conta, mas já estou voltando, já chegando na Rua Major Gote.

– Hum, deixar um amigo na casa dele, né, conversaram demais, né, e já está voltando. Então, queridinho, buzina agora, quero ouvir a buzina agora…

Antes da mulher terminar a frase, o safadinho pulou da cama e mesmo pelado partiu como um raio para o carro. Enquanto destrancava a porta do quarto, a mulher insistia:

– A buzina, quero ouvir a buzina agora.

– Amor, não posso buzinar agora, estou passando em frente ao Hospital Regional.

– Uai, e eu com isso, quero ouvir a buzina agora, não enrola.

Destrancando a porta do carro, o homem tenta acalmar a fera:

– Amor, é proibido buzinar em redor de hospitais, calma que já estou na esquina com a Farnese Maciel, já vou buzinar.

E abrindo a porta do carro, tacou com força a mão na buzina: 1, 2, 5, 8, 10 buzinadas. Logo, ouviu uma voz aveludada e amorosa:

– Desculpa por duvidar de você, paixão da minha vida, e nem precisava ter buzinado tanto assim, chega logo, minha loucura.

Assim, o conquistador se safou dessa. Quem não entendeu absolutamente nada foi o pessoal do motel que até hoje está sem entender aquelas buzinadas.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.

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