A água estagnada exala seu fedor
Homens de terno afloram sua cara-metade
O capote no ombro do pretor
Transparece a imagem da falsidade
A urbe acorda de mau humor
Cifrões se evaporam na incredulidade
Mata-se sem temor
Num ritual de bestialidade
Rouba-se com ardor
Na gentileza da cumplicidade
Tudo às custas do gestor
Que se chama impunidade
O cidadão trabalha com destemor
Sem retorno da autoridade
A safadeza é o grande tumor
Reina nos porões a malignidade
Na Natureza cria-se o horror
Vidas são ceifadas na atrocidade
A vítima não tem valor
Anulam a sua idoneidade
Sem um mínimo de pudor
O criminoso vira celebridade
Tudo às custas do gestor
Que se chama impunidade
O Brasil não tem pudor
É uma nação de flatuosidade
Elegemos um tutor
Mas quem manda é a parcialidade
E opresso no meio do horror
Está o cidadão da verdade
Ele então esgoela seu grito de dor
Vivemos num país sem dignidade!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Dicasecuriosidades.net, meramente ilustrativa.