VILA PADRE ALAOR: A ORIGEM

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Em decorrência do palpável florescimento das Conferências da Sociedade de São Vicente de Paulo, pareceu à Direção da entidade que era chegado o momento da construção de uma Vila, onde se pudesse acolher e cuidar melhor dos pobres. Em 1947, conforme ata do Conselho Particular de então, datada de 1.º de novembro, a qual contou com a presença de Monsenhor Manuel Fleury Curado, cogitou-se a criação da Vila, tendo sido nomeada Comissão para o estudo do assunto. Foram nomeados Alberto Albino, Antônio Tobias, Divino Londe, Fernando Caixeta de Melo e Joaquim Gonçalves Júnior. Todavia, o projeto não foi à frente, mas o assunto não foi esquecido.

Em reunião do Conselho Particular datada de 18 de novembro de 1951, após demorados  debates, constituiu-se uma Comissão definitiva à qual caberia a compra do terreno, ficando constituída pelos confrades Alfredo Pereira da Fonseca, Joaquim Gonçalves Júnior e Virgílio Gonçalves da Cunha. Houve rápido progresso nas negociações. Na reunião de 20 de janeiro de 1952, foi apresentada a compra do terreno. Constituído de uma área de 70.000 m², em comum na fazenda Limoeiro, confrontando com Antônio Pacheco Tonheco e com os vendedores Genésio Garcia Roza e Mário Garcia Roza, ambos membros ativos da Conferência Sagrada Família. A escritura foi lavrada no Cartório do Primeiro Ofício da Comarca em 03 de abril de 1952, pelo preço ajustado de Cr$ 70.000,00.

Sobre a origem dos recursos levantados para o pagamento do terreno, há duas versões. Consta de ata do Conselho Particular de então, datada de 20 de janeiro de 1952, que o terreno foi pago com recursos das Conferências Santo Antônio e São Geraldo, num total de Cr$ 35.000,00. O restante foi doado pelos próprios vendedores. Outra versão consta na ata da reunião do Conselho Particular datada de 16 de abril de 1952: Irmãos Garcia Roza, Cr$ 35.000,00; Conferência São Geraldo, Cr$ 2.000,00; Conferência Santo Antônio, Cr$ 2.000,00; Augusto Caixeta de Queiroz, Cr$ 3.500,00; Joaquim Gonçalves Júnior, Cr$ 5.000,00; Conselho Particular da SSVP de Patos de Minas, Cr$ 5.000,00; donativos não especificados, Cr$ 17.500,00. No dia 16 de março de 1952, em reunião do Conselho Particular presidida pelo Dr. Benedito Corrêa da Silva Loureiro, decidiu-se que o local seria denominado Vila Padre Alaor, em homenagem ao vigário da Paróquia e grande incentivador desta criação, Padre Alaor Porfírio de Azevedo, falecido em 1.º de março daquele ano.

Para a execução do projeto, foi criada, em 27 de julho de 1952, a Comissão de Construção, constituída pelos confrades Alfredo Pereira da Fonseca, Fernando Caixeta de Melo, Genésio Garcia Roza (Presidente), Joaquim Gonçalves Júnior, José Cirino Ribeiro, José de Melo Sumbém, José Pereira da Fonseca, Lázaro Pereira da Fonseca e Mário Garcia Roza. A ata do Conselho Particular datada de 14 de setembro de 1952 já faz referencia da planta da obra, aprovada em 17 de agosto do mesmo ano. A ata de 08 de dezembro seguinte já menciona o surgimento da primeira casa, sendo esta uma doação da família do Padre Alaor, residente em Araxá. A segunda casa foi doada por Virgílio Gonçalves da Cunha, confrade vicentino e membro da Comissão de Compra do terreno. A terceira casa foi doada pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas, na gestão de Jacques Corrêa da Costa.

Com entusiasmo da Comissão de Construção, do Presidente do Conselho Particular, Dr. Benedito Corrêa da Silva Loureiro, e de apreciável número de vicentinos, deu-se o lançamento da Pedra Fundamental do Pavilhão Central em 18 de janeiro de 1953. A cerimônia contou com as presenças dos Presidentes das Conferências, confrades e amigos da SSVP. Foi solenizada com as presenças do Prefeito Jacques Corrêa da Costa e de Monsenhor Manuel Fleury Curado, que procedeu a bênção da Pedra Fundamental. Foi celebrada uma missa às 8 e 30 da manhã.

Lançada a Pedra Fundamental do Pavilhão Central, recomendou-se prioridade na construção de casas, uma vez que estas viriam sanar mais rapidamente a dificuldade existente nas Conferências, relativa à grande carência de moradia para os pobres. Em ritmo de campanha, foram surgindo os doadores não só entre as Conferências, como também por pessoas particulares, simpatizantes do Movimento. Alguns doadores: Abílio Caixeta de Queiroz (três casas), Arnaldo Magalhães, Custódio Peres, Geraldo Caixeta de Queiroz, Lucas Soares e Tertuliano Coelho de Lima. Simultaneamente, foram aparecendo as doações das Conferências: São Contardo Ferrini (duas casas), São Sebastião de Alagoas, São Geraldo Magela (Pântano), São Geraldo (duas casas), Sagrada Família, São Paulo, Nossa Senhora Aparecida da Mata dos Fernandes (duas casas), São Cristóvão, Senhor Bom Jesus de Lanhosos, São Joaquim, Santa Cruz do Pântano e São José.

Embora a escassez de recursos não permitisse maior avanço na construção da Vila, do Pavilhão Central e das casas, a confiança na Sagrada Providência e uma santa teimosia dos vicentinos, fizeram viável a obra, que foi acontecendo. Dentro de pouco templo estavam concluídos não só o Pavilhão Central, como também as casas que foram ocupando o espaço do triângulo oferecido pela Planta da construção, chegando ao expressivo número de 43 casas geminadas. Numa reunião realizada em 08 de setembro de 1957, coube ao confrade Joaquim Gonçalves Júnior (Quinquim Carvalho), da Conferência São Geraldo, ocupar a primeira Presidência da Vila Padre Alaor, auxiliado por Aristides Rodrigues do Senhor Bom Jesus, Vice-Presidente; Alaor Deodato Ribeiro, Secretário; e Júlio Bruno, Tesoureiro. Esta equipe dirigiu a Vila até dezembro de 1963.

* Fonte: 100 Anos de Sociedade de São Vicente de Paulo, de Nêgo Moreira.

* Foto (17/12/2017): Eitel Teixeira Dannemann. Atual entrada da Vila Padre Alaor no alto da Rua Mata dos Fernandes.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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