Será que um simples peido pode ser motivo para detenção? Nos idos tempos, sabe-se lá! Mas nos hodiernos dias a certeza é mais do que absoluta. Tudo a ver com os tais direitos humanos. Virou febre, chatice geral. Atualmente não se pode mais participar de uma roda de bate-papo sem estar atento ao que dizer. Se alguém chamar um branco de branco pode ser processado por racismo. Já extrapolou da seriedade, dos casos que realmente merecem atenção. Virou banalidade. Tem gente já criando uma associação de defesa das pessoas com unha encravada. Outros querem criar uma entidade para proteger da esculhambação os portadores de chulé, CC e outras catingas orgânicas. Dia desses presenciei em frente à Catedral de Santo Antônio cinco falsas louras arregimentando assinaturas para criar a sua associação com o objetivo de cobrar na justiça danos morais de quem as acusam de louras falsas. Virou galhofa, todos eles se arvorando na importância da defesa de seus direitos. Temos até um Ministério dos Direitos Humanos. Recentemente, brasileiros de origem asiática entraram com uma representação pública proibindo serem chamados de amarelos, e exigindo da justiça o tratamento de sinodescendentes. O lado mais nefasto dessa porcariada toda é que esse pessoal que se considera ultrajado não atenta que, antes de cobrar seus direitos, deve manifestar seus deveres. Sabe aquele sujeito que se sentiu ofendido por ser chamado de algo que não gostou e por isso processou o outro? Pois é, agrediu a esposa! Que tal um Ministério dos Deveres Humanos?
No meio dessa zorra sem sentido está o cidadão Jacinto Leite Aquino Rêgo. Simplório, honestíssimo, trabalhador braçal que honra o nome de seus pais fazendo o possível para proporcionar à esposa e aos quatro jovens filhos uma vida frugal, mas digna. Na data em que se comemora o Dia da Consciência Anã, ele acordou com uma sensação estranha nas entranhas. Havia nele uma vontade extrema de peidar. Antes de partir para a labuta, resolveu dar uma caminhada pelo bairro onde mora, o Nova Floresta. Lá ia ele. A cada dez passos, um peido. Chegou à Praça Vereador Leão Teotônio de Castro. Num tosco banco estava um casal de albinos. Jacinto não estava atentando com nada, unicamente preocupado em se ver livre de seus gases incomodativos. Ao passar pelos dois albinos, coincidentemente um caprichoso peido se fez presente. Foi o suficiente para se estabelecer uma confusão que culminou com a detenção do Jacinto.
O casal de albinos considerou que o Jacinto peidou de propósito para galhofá-los. Então, buscando justiça, o casal ligou para o 190. A polícia pegou o Jacinto a dois quarteirões de casa, quando já sem praticamente gás algum e pronto para a labuta. Acusado de albinofóbico, está lá em cana o Jacinto, sem dinheiro para pagar um advogado, detido por peidar perante dois albinos. Assim está o país do pau brasil, uma chatice geral. Não é mesmo, Stanislaw Ponte Preta?
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.