O termo Coridora é a designação comum aos peixes siluriformes, da família dos calictiídeos, do gênero Corydoras, com cerca de 105 espécies. É encontrada em profundidades que variam desde 15 centímetros até muitos metros, em pequenos riachos, rios e afluentes da Bacia Amazônica, em água geralmente ácida e mole, devido à deterioração de matéria vegetal proveniente das árvores da floresta. Devido à extensão da sua área de ocupação, algumas espécies podem ser encontradas até em águas levemente alcalinas. Vivem junto ao fundo, onde encontram minhocas e vermes, seu alimento preferido, geralmente em cardumes que podem chegar a centenas. Depois da época das chuvas na Amazônia, milhares de Coridoras podem ser encontradas em um único grupo nas lagoas formadas pelo recuo das águas que outrora invadiram a floresta fertilizando o solo.
Possuem a região do focinho achatada ou arredondada, sendo muito apreciados por aquariófilos, devido a graciosidade do seu nado e pela beleza que proporciona aos aquários. Também conhecidos pelos nomes de limpa-fundo, limpa-plantas, limpa-vidro e sarro, sendo que tecnicamente não limpam o aquário, como muitos pensam. Na verdade, ao procurar alimento no cascalho parecem que estão a comer os detritos, quando na verdade os engole e os elimina pelas guelras. Dependendo da espécie, bem cuidadas vivem de 5 a 10 anos no aquário, ou até mais. A temperatura deve ser mantida acima dos 25°C, de preferência em torno de 27°C, mas também varia de espécie para espécie. Apesar de ser muito resistente, mudanças bruscas de temperatura ou pH afetam a Coridora como qualquer outro peixe.
Assim como a vasta maioria das espécies, mesmo as mais pequenas, a Coridora gosta de espaço, valendo a regra geral de quanto mais melhor. Apesar de a maioria das variedades mantidas em cativeiro não alcançarem mais que 5 ou 6 centímetros de comprimento, seu hábito de viver em cardumes deve ser respeitado, mantendo-se pelo menos 5 indivíduos. Apesar de ser um peixe notavelmente mais ativo à noite, não apreciando uma iluminação muito intensa, é um peixe ativo também em outras horas, vasculhando todo o aquário, principalmente o fundo, em sua eterna busca por alimento. Nenhum cantinho é deixado intocado pelos seus órgãos bucais, chamados de papilas, extremamente úteis na localização de comida, servindo ao propósito de manutenção do fundo do aquário no que diz respeito a consumir restos de comida, mas não em relação a comer dejetos de outros peixes e dele próprio, como muita gente pensa erradamente. Este mito provavelmente é causado pelo fato de que a Coridora, em vez de cuspir um dejeto de volta pela boca como a maioria dos peixes, cospe-o para trás através das guelras e o aquarista desatento pode pensar que ela comeu o dejeto. Portanto, sendo este um peixe que passa quase toda a sua vida junto ao fundo, este deve ser mantido razoavelmente limpo, para que não ocorram infecções e outros problemas, principalmente atacando as papilas. Pela mesma razão, o cascalho utilizado em um aquário com Coridoras não deve ser pontiagudo ou cortante. Em seu habitat natural, o fundo é argiloso ou lamacento, e em alguns casos arenoso. A presença de plantas e pedras é muito benéfica, pois agem como filtros da luz que vem de cima, além de diminuírem o stress causado pela presença de outras espécies, por fazerem o papel de possíveis esconderijos.
São totalmente pacíficas e inofensivas, e podem ser mantidas com praticamente todas as espécies de peixes que compartilhem suas preferências de pH e dureza da água. Ciclídeos extremamente grandes são desaconselháveis, não apenas pelo fato de que tentarão jantar nossos amiguinhos, mas também pela presença dos dois espinhos, extremamente afiados, nas barbatanas peitorais e dorsal, que servem como mecanismo de defesa. Ao tentar abocanhar uma Coridora, um grande ciclídeo pode acabar “fisgado”, o que exigirá uma intervenção manual do aquarista para a remoção da Coridora, caso contrário morrem os dois peixes. Sabendo-se disso, é também desaconselhável a utilização das mãos para apanharmos uma Coridora, mas este mecanismo nunca é usado como arma de ataque.
A espécie de Corydoras mais comum em nosso hobby é com certeza a mais fácil de ser reproduzida em cativeiro. Trata-se da Corydoras aeneus, ou Coridora Bronze. Estas são criadas em larga escala em grandes açudes na Flórida, mas frequentemente procriam em aquários. Após longos períodos de “namoro” ou “cortejo”, macho e fêmea se “abraçam”, e um ovo é expelido. A fêmea então utiliza suas barbatanas ventrais como “mãos”, pegando o ovo e grudando-o à uma superfície previamente limpa, geralmente o vidro do aquário. Os ovos, por sua vez, são aderentes. Exatamente em que estágio ocorre a fertilização não é precisamente conhecido, sendo argumentado inclusive que a fêmea “bebe” o esperma do macho para fertilizar os ovos. De uma forma geral, no entanto, Coridoras são de reprodução fácil. Para obter melhores resultados, aconselha-se manter muitos indivíduos em um aquário de boas proporções, alimentando-os com alimento vivo por uma semana e elevando-se a temperatura para 28°C. Ao final desta semana, elevamos a temperatura para 29°C e introduzimos água nova ao aquário, preferencialmente um pouquinho mais fria. Dizem que este processo resulta em uma simulação da chegada da estação das chuvas em seu habitat natural, o que induz fortemente a desova. Os alevinos são bem pequenos e devem ser alimentados com artêmia recém-eclodida. A maioria das Coridoras em nossos aquários, no entanto, é coletada diretamente dos rios, principalmente as espécies mais exóticas.
Os restos dos alimentos em flocos não são o bastante para que as Coridoras vivam uma vida longa e saudável. Para que isso aconteça, é preciso certificar-se que alimento em quantidade e qualidade suficientes chegue ao fundo. Existem hoje no mercado vários tipos de comida específicas para peixes que habitam o fundo, em várias formas, como tabletes, pastilhas e cubos. Coridoras amam tubifex, mas a introdução destes no aquário pode acarretar na introdução de parasitas, portanto a forma desidratada, em cubos que podem ser grudados no vidro, é a mais indicada. Outra verdadeira preciosidade para eles são as minhocas, que no entanto devem ser oferecidas aos pedaços, e devidamente lavadas, evitando-se assim que possam fugir e se alojar no fundo, somente para morrer afogadas e poluírem a água. Não são comedoras de algas. Basta olhar para a boca delicada delas para ver que este outro mito também é um absurdo, elas jamais conseguiriam raspar algas como os Cascudos fazem. Lembre-se: não conte com suas Coridoras para manterem o fundo de seu aquário limpo, faça sua parte, sifonando detritos e restos de comida com frequência. A parte da Coridora será a de ficar constantemente revirando esses detritos do fundo, levantando-os de volta para a água e facilitando que eles sejam capturados pelos filtros mecânicos. E não se preocupe, pois mesmo passando a vida a vasculhar o fundo, Coridoras não cavam e não desenraizam as plantas.
* Fontes: Wikipédia e Aquahobby.com.
* Foto: Coridora Bronze (Corydoras aeneus), de Andy Rapson, em Fishtanksandponds.co.uk.