EMPRESÁRIO DE SORTE

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Dizem que quanto mais dinheiro o sujeito tem, mais mão de vaca ele é. A explicação de entendidos no assunto dinheiral é que o fulano fica rico justamente por isso. Este caso não tem nada a ver com o Astolfo e muito menos com o pai dele¹. É outro comerciante, também muito conhecido no mesmo ramo, que leva essa máxima tão a sério que resolveu fazer a festa de casamento da filha em Pilar por três motivos óbvios: custo de igreja menor, menor presença de convidados e, consequentemente, menor gasto com comes e bebes.

A cerimônia até que foi simpática de acordo com o orçamento liberado pelo muquirana. O avaro começou a ficar preocupado no momento em que um mundaréu de carros estacionou em frente à igreja. O sujeito suava horrores vendo o povo liberar euforia para todos os lados. Foi um baita susto porque o mão fechada jamais esperava aquela multidão. É, a filha e o noivo eram muito queridos em Patos de Minas e os amigos e parentes se esforçaram para estarem presentes.

Num determinado momento, a mãe atinou que os comes e bebes não dariam para tanta gente. O pai, mais preocupado que político com a Lava Jato, só faltava arrancar os cabelos. Mas eis que ele tem sorte demais da conta. Parece que, quanto a isso, os entendidos no assunto sobre o ajuntamento de riqueza dos mãos de vaca não atentaram. A garotinha que levava as alianças, não mais que de repente, começou a vomitar, lambrecou toda a área do altar, desmaiou e teve que ser levada às pressas para o Regional. Foi um auê tremendo, o suficiente para o padre encerrar a cerimônia e o empresário dizer que a festa estava cancelada por motivo de força maior.

O melhor de tudo, me contou depois um amigo que esteve lá, é que o comerciante recolheu todos os comes e bebes da festa e negociou com um terceiro, garantindo uma recuperação até razoável do prejuízo.

* 1: Leia “A Sovinice do Astolfo”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.

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