A Casa da Cultura de Patos de Minas, que no final do ano passado enfrentou problemas de ordem interna com o desligamento de algumas entidades, fez bonito de 26 de março a 4 de abril, período em que promoveu o VII Encontrão “Cantar na Praça”. O evento cultural teve momentos de intenso brilho e, no geral, apresentou um saldo bastante positivo, recuperando a credibilidade abalada no segundo semestre de 1987 com as retaliações ocorridas na Casa da Cultura.
Ninguém pode discutir, por exemplo, o enorme bem que o concurso literário “Noite de Poesia” fez a poetas e admiradores da poesia em Patos. Não é demais repetir que “se o Encontrão tivesse terminado ali, já teria sido válida a promoção”. Naquela noite do dia 27 de março, a Sociedade Recreativa Patense esteve realmente lotada, aliás literalmente lotada – de poetas, talento, entusiasmo e emoção: os ingredientes que compõem este setor da literatura¹.
Mas – melhor ainda – o VII Encontrão não se restringiu à “Noite de Poesias”. O sucesso do evento se estendeu pelos debates ocorridos durante toda a semana que sucedeu a abertura do Encontrão. Com eles, a Casa da Cultura propiciou a oportunidade (que poucos aproveitaram) da troca de informações sobre diversos temas, como a questão do meio ambiente, o Centenário da Abolição e o movimento de cultura popular, por exemplo, Somente a presença de público deixou a desejar.
Apoio ao Evento – Logicamente que a Casa da Cultura contou com o apoio de empresas, entidades, instituições e órgãos públicos municipais, estaduais e federais. Isso, graças ao trabalho do Presidente da entidade, Romero Santos e de seus assessores e subtraindo pequenas falhas que sempre acontecem em eventos deste porte, chega-se à conclusão de que o VII Encontrão foi carimbado pelo sucesso.
Nem mesmo a chuva forte que caiu sobre Patos de Minas no dia de encerramento do evento, 3 de abril, foi capaz de ofuscar o brilho da promoção. Sem constranger autoridades e sem a oposição dos moradores da Praça Dom Eduardo, o Encontrão deste ano foi bom até mesmo no clima criado para o encerramento em praça pública, dia 3. A programação da manhã e parte da programação da tarde puderam ser cumpridas, o que não aconteceu a noite, devido a chuva pesada e insistente que caia em Patos.
Adiamento – Mas os grupos e artistas que vieram de outros centros para tomarem parte no encerramento do Encontrão não ficaram a ver navios. A programação suspensa de domingo, dia 3, foi cumprida na noite do dia seguinte no Ginásio Poliesportivo do Patos Tênis Clube. Foi só então que o público pôde curtir o tão esperado Grupo Tarancon, de São Paulo; além de Carambola, formado por patenses, que hoje, em sua maioria, residem fora de Patos de Minas.
É até comum que as críticas venham antes dos elogios. Todavia, no caso específico do VII Encontrão “Cantar na Praça” é possível que as críticas não tomem forma. Não queremos dizer com isso que o Encontrão foi perfeito do início ao fim. Isso seria mesmo impossível. No entanto, o fato de o evento ter tido ótimos momentos, gostaríamos de registrar, por último, três destes momentos: a eleição da Rainha do Café, na noite do dia 2; o Concurso “Fotografe Nossa Cidade”¹, a Exposição de Tapeçaria, de Fátima Silveira, mostrada no saguão da Prefeitura ao lado dos trabalhos de Desenho e Pintura do artista plástico José Vilmar.
* 1: Leia “Fotografe Nossa Cidade e Noite de Poesia”.
* Fonte: Texto publicado com o título “Bons Dias de Cultura” e subtítulo “Nem mesmo a chuva, que provocou a mudança do encerramento, conseguiu ofuscar o brilho do VII Encontrão” na edição n.º 183 de 15 de abril de 1988 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Andrea-garz.blogspot.com.br, meramente ilustrativa.