Osmano e Manito surgiram em 1962 quando se apresentaram na 1.ª Roda de Violeiros, promovida pelo Patrício Filho, na Rádio Clube de Patos. Entre 73 duplas e trios, foram conclamados Campeões do Alto Paranaíba, derrotando, inclusive, seus irmãos Sereninho e Ceará. O tempo passou, tornaram-se conhecidos e apreciados. Em 1969, Manito era funcionário da Rádio quando houve um problema político. Ele conta:
Quando foi fundado o MDB em Patos de Minas, fomos convidados pelo seu candidato a prefeito, Sebastião Satiro, para participarmos de sua campanha, com a realização de shows. Nós já éramos profissionais, mas mesmo assim, por ser funcionário da Rádio Clube, procurei o Patrício por duas vezes e comuniquei-lhe a proposta recebida, dizendo que, preço a preço, preferíamos trabalhar para o candidato deles, pois o Presidente da Rádio, como todos sabem, era o Binga, que pertencia a outro partido. Como não recebi resposta nenhuma, fizemos o contrato com o Sebastião Satiro, que para nós, que não tínhamos nada, era muito bom: ganhamos 5 mil cruzeiros e para se ter uma ideia, compramos um Jeep 63 por 3 mil cruzeiros e com os outros 2, pudemos ir a São Paulo, para gravar o nosso disco. No dia seguinte, quando cheguei na rádio, onde trabalhava, o Patrício me disse que havia conversado com o Binga e que ele concordara em fazer o contrato conosco e eu lhe disse que infelizmente, não era mais possível, pois havíamos fechado o contrato com o Satiro e depois, fui procurado pelo Paschoal, que é até meu padrinho de casamento, mas por uma questão de honra, não podíamos voltar atrás, porque havíamos feito um contrato de artistas profissionais que nada tinha a ver com a minha condição de funcionário da rádio. No dia seguinte, fui chamado pelo Patrício e pelo Pedro Maciel, que me deram as contas e a rádio parou de tocar a nossa música. Em 1973, fui convidado para trabalhar lá e voltei para reassumir os programas sertanejos, mas como eu já havia iniciado meus estudos em Uberlândia e estava muito difícil para mim, cheguei a um acordo e sai novamente e daí em diante, não tocaram mais nossas músicas, que já eram várias¹.
O tempo passou, e o boicote foi longe, chegando ao Sindicato dos Produtores Rurais de Patos de Minas, que invariavelmente não convidava a dupla para se apresentar na Festa do Milho. Numa das vezes, em 1981, o fato revoltou o jornal Boletim Informativo, de Tomaz Atílio Olivieri, que em sua edição de 25 de maio assim se pronunciou:
Quando já pensávamos que a Festa do Milho já estivesse sepultada, encontramos, por acaso um programa da dita cuja, versão 81. Naturalmente que tivemos a curiosidade de ler. Lemos tudo. E agora, perguntamos porque no amontoado de duplas contratadas, não figuram OSMANO E MANITO? Não seria preciso dizer que se trata de uma dupla das melhores do Brasil. Pelo menos aqui para nós, é a melhor. E no entanto, por um ranço político, por um despeito injustificado, por uma inveja inominável, por uma falta de ética profissional, social e sobretudo regional ou bairrista, os fazedores do tal programa, não procuraram a dupla que está consagrada no coração de todos os patenses e apreciadores da cidades vizinhas, para não se dizer, do Goiás e São Paulo. Protestamos contra esta burrice estonteante, que cada vez mais nos decepciona. E depois querem nos dizer que nós somente apontamos falhas em Patos de Minas. Está claro, se nós não o fizermos, quem o fará? Será que Patrocínio vai se abalar com isto? Será que Uberlândia vai se doer que Osmano e Manito não foram convidados para a Festa maior da cidade? Eles acham é bom.
Gente, já é tempo de se acabar com isto! Demos valor a quem tem. Indubitavelmente, OSMANO e MANITO dão lambuja a muitas duplas do Brasil para não se dizer nessas que vêm se apresentar aqui ao nosso público. Olhem lá que Osmano e Manito já gravaram na Continental. Cada vez mais esses patriarcas caciques e donos da Festa do Milho nos decepcionam. Fica aqui o nosso protesto.
* 1: Leia “Osmano e Manito/Entrevista – 1982”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Saudade.netlivre.org.