OSMANO E MANITO / ENTREVISTA – 1982

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OSMANO 1“Chamem a dupla Osmano e Manito e a outra dupla mais ‘brava’ do Brasil, para cantarem na Festa do Milho e deixem que o público, diante do palanque, pelo seu aplauso, decida qual é a preferida.”

Quem é Osmano?

Osmano é Osvando de Noronha, natural de Carmo do Paranaíba, filho de Calixto de Noronha (patense de Areado) e Benevenuta Furtado da Silva (de Carmo do Paranaíba), casado em 1977 com moça de Lagoa Formosa com quem tenho dois filhinhos (um homem e uma mulher). Tenho 43 anos de idade e sou radialista, além de cantor.

Quem é Manito?

Manito é Olivar Noronha, também natural de Carmo do Paranaíba, irmão do Osmano, coincidentemente casado também com moça de Lagoa Formosa. Tenho três filhos (duas mulheres e um homem). Estou com 36 anos de idade e além de cantor, sou radialista e advogado.

Quando e como surgiu a dupla Osmano e Manito?

Lá em casa, todos cantam e todos tocam, sem que ninguém tenha estudado música. Nosso pai sempre foi tocador de sanfona “pé de bode” e violão e a “velha” o acompanhava batendo em uma caixa e cantando com ele, nos pagodes de sua época. Todos os seus filhos cantam e tocam. Nossos dois irmãos mais velhos (Orlando e Olívio) formaram uma primeira dupla, que se chamou Sereninho e Ceará e teve pequena duração. Posteriormente, quando eu estava com 10 anos e o Taquinho com 8, formamos outra dupla (Canário e Canarinho). Naquela época, o Osmano morava no Estado de São Paulo, onde era tratorista. Agora, não posso deixar de registrar que foi ele, quem praticamente, ensinou a todos os irmãos a dedilhar uma viola e inclusive ele executa também, acordeon e sanfona. Mais tarde, separei-me do Taquinho, que não gostava muito de música sertaneja e comecei a cantar com o Noronha (nosso irmão, que em idade, fica entre nós dois) e a dupla se chamava Canário e Pinheirinho. Em 1962, quando o Osmano estava ainda em São Paulo e nós residíamos em Patrocínio, surgiu aqui em Patos de Minas, a 1.ª Roda de Violeiros, promovida pelo Patrício Filho, na Rádio Clube de Patos. O Osmano veio passear aqui e trouxe um estilo diferente, implantado por Tibagi e Miltinho e somente eu, entre os irmãos, consegui fazer aquele que ele queria, dentro da música. Resolvemos nos inscrever na Roda de Violeiros, e entre 72 ou 73 duplas e trios, fomos conclamados Campeões do Alto Paranaíba, derrotando inclusive, nossos dois irmãos Sereninho e Ceará, que ainda cantavam no estilo de Tião Carreiro e Pardinho.

Aquela Roda de Violeiros foi apresentada dentro da programação da Festa do Milho e nós nos apresentamos com nossos nomes próprios (Osvando e Olivar) e fomos contratados pela Rádio Clube de Patos, por seis meses, vindo aqui todos os domingos, durante esse tempo, para cantar ao meio-dia. Temos aqui, a cópia daquele contrato. (Manito)

Terminado o contrato, qual foi o destino da dupla?

Partimos para São Paulo, onde durante seis meses, atuamos na Rádio Nacional, como comprova esta folha da Revista “Melodias” daquela época. Retornamos e em fevereiro de 1964, mudamo-nos em definitivo para Patos de Minas.

Qual foi o primeiro disco gravado?

Gostaríamos até, de nesta entrevista, prestar uma homenagem póstuma a duas pessoas que Deus já chamou, que são o Sr. Geraldo Palhares e seu filho Bebeto, então proprietários da firma Auto Patos S.A., que conseguiram através da Volkswagen do Brasil, que gravássemos nosso primeiro disco, em 1967 – um compacto – na gravadora Mexicana.

Quantos discos a dupla já lançou?

Além desse compacto, temos 9 long plays.

Qual de seus discos teve melhor aceitação?

Por incrível que pareça, para nossa felicidade, até hoje, a música mais procurada, a que nos consagrou, está no nosso primeiro LP, gravado em novembro de 1969 – “Escuta Minha Canção” – que está também no compacto, o qual porém, não teve muita divulgação, por ter saído em uma única série, ficando restrito ao Alto Paranaíba e ao Triângulo Mineiro. O primeiro LP, que recebeu o nome daquela música, continua sendo o nosso maior sucesso.

Já gravamos a música “Escuta Minha Canção” em quatro discos: o compacto e três LPs. (Osmano)

Quem é o autor dessa música?

A letra é de Ubirajara Moreira, dos Moreira de Lagoa Formosa, que reside há muitos anos no Estado de Goiás, sendo hoje Vice-Prefeito da cidade de Uruana, onde é farmacêutico e atualmente também, advogado. A música é de Osmano e Manito. (Manito)

Nos discos gravados existem muitas músicas da autoria de vocês?

Em geral, gravamos músicas de vários autores e nossas também. Gravamos músicas de vários estilos e ritmos: boleros, guaranias, canções rancheiras, cururu e outros. Nosso último LP lançado, que foi gravado pela Som Livre, só tem músicas nossas. (Manito)

Acontece também, que muitas músicas são nossas e aparecem na gravação com o nome de outra pessoa, pois fazemos isto como homenagem a determinados amigos nossos. (Osmano)

Quantas cópias aproximadamente foram vendidas do disco “Escuta Minha Canção”?

Olha, esta é uma resposta que não temos condições de dar. A música sertaneja, embora esteja agora, no auge, não tem recebido muita consideração por parte das gravadoras. Inclusive, vamos lhes mostrar depois, um contrato que recusamos assinar porque é totalmente unilateral, visando somente os interesses da gravadora. (Manito)

Os artistas sertanejos no Brasil, são sempre lesados em seus direitos autorais. Nunca conseguimos saber quantos discos são vendidos, mas temos a certeza de que o número é muito maior do que aquele anunciado pelas gravadoras. (Osmano)

OSMANO 2Financeiramente, valeu a pena o trabalho de gravação de discos que vocês fizeram?

Valeria a pena, se tivéssemos tido oportunidades de sermos divulgados por uma rádio grande, de alcance nacional, porque a divulgação somente pelas rádios regionais, restringe muito a propaganda. É por isto, que nós do interior, sofremos a dificuldade da venda de discos. Quando a dupla é divulgada por uma rádio como a Record ou a Globo de São Paulo, por exemplo, cuja onda alcança realmente o meio sertanejo, a coisa é diferente. E mesmo nessas rádios, já existem um monopólio com referência às duplas de interesse da direção delas. O dinheiro que recebemos de direitos autorais em 9 LPs, não dá para comprar uma bicicleta. (Manito)

Qual é a porcentagem ou qual a participação que o artista tem na venda de cada disco?

Não existe lei que fixe esse percentual, o que fica a cargo da gravadora. Aquele contrato que deixamos de assinar e ao qual já me referi, trás em branco a alíquota que seria paga ao artista, para que eles coloquem ali o número que desejarem. Por um contrato antigo que temos, da gravadora Califórnia, de 1969 ou 70, sabemos que ela nos pagaria 50% sobre a faixa do disco gravado. Somos lesados por isto: geralmente o artista sertanejo vem de um meio humilde e seu sonho é gravar um disco e ele acaba pagando para isto o que não aconteceu conosco, por causa da participação da Auto Patos. (Manito)

Ninguém manda na música sertaneja. Você pode lançar mão da música de qualquer pessoa e regravá-la, sem dar satisfação para ninguém, porque a lei não é respeitada neste ponto. (Osmano)

Recentemente, Lourenço e Lourival – que são nossos amigos particulares – regravaram “Escuta Minha Canção”, sem autorização nossa, nem do Ubirajara Moreira e até trocaram o seu título para “Ouça Minha Canção”. Não vamos tomar nenhuma providência, por se tratar de dois amigos nossos. (Manito)

A música mais badalada de nossos discos, que é “Escuta Minha Canção”, gravada por nós quatro vezes, foi gravada por Garcia e Zé Matão, de São Paulo; por Zé Paraguaio e Paraiso, de Goiás e agora, por Lourenço e Lourival, tudo sem autorização de ninguém. (Osmano)

Quais as gravadoras que gravaram seus discos?

Sete foram gravados pela Califórnia, um pela Continental e um pela Som Livre, além do compacto, que foi gravado pela Mexicana. (Osmano)

Não existe nenhum órgão que reuna os compositores e cantores da música sertaneja e que defenda seus direitos e interesses?

Infelizmente não. Existe um órgão que cuida dos interesses dos autores e artistas da música popular brasileira, que não congrega, no entanto, a música sertaneja. Já pensei em fundar em Patos de Minas, uma associação brasileira dos compositores e cantores da música sertaneja, mas não encontrei o apoio da maioria, porque infelizmente, 99% dos elementos desse setor, não têm uma cultura mais elevada para entender o objetivo e acabam pensando que a gente quer fazer isto, para ganhar dinheiro e outros, que estão muito bem, não querem nem saber das dificuldades dos outros. A realidade é esta, estamos sendo explorados, sem ter a quem recorrer. (Manito)

A dupla Osmano e Manito tem tido na região o devido valor?

Pelo povo da região do Alto Paranaíba, sim, tanto que em 1965 fomos bi-campeões da Roda de Violeiros do Patrício, pelo voto secreto do público, quando atuávamos com o Libânio, “Rei dos Catireiros”, que declamava poemas e tocava berrante. Agora, pelas autoridades que coordenam organizações regionais, não. Poderia citar, os dirigentes da Festa do Milho, que têm marginalizado Osmano e Manito totalmente, de uns quatro anos para cá. Tínhamos anteriormente, um contrato com a AGROCERES, para promover seus produtos, e durante cinco anos, fomos muito bem recebidos, não só na região do Alto Paranaíba, mas em todos os lugares onde nos apresentamos. No ano de 1981, atuamos quase que somente nos estados de São Paulo e Goiás. No ano passado, fomos proibidos de cantar na Festa do Milho. (Manito)

Aliás, isto parece até uma piada, porque, enquanto os dirigentes da Festa do Milho daqui, contratam outros artistas, a Festa do Milho, promovida pelo Sindicato Rural da cidade de Itumbiara, em Goiás, que se realiza nos mesmos dias da daqui, contratam Osmano e Manito. (Osmano)

O contrato com a AGROCERES não será renovado?

O contrato terminou neste ano e não fomos contratados novamente, porque foi mudado o esquema de programação publicitaria daquela firma, mas já fomos procurados por outras firmas. (Manito)

Inclusive, já recebemos propostas da SODIMA e da CARGIL. (Osmano)

As emissoras de rádio da região, têm divulgado muito a música de Osmano e Manito?

Aliás, gostaríamos de salientar que todas as emissoras da região, têm divulgado muito a dupla, com uma única exceção, que é a Rádio Clube de Patos, que há muitos anos não roda nossos discos, por um problema político, o que considero uma aberração. (Manito)

Durante quanto tempo vocês trabalharam na Rádio Clube de Patos?

Fomos contratados por aquela emissora durante um ano e eu, particularmente, fui funcionário dela, durante quase 8 anos. Aliás, grande parte do conhecimento de rádio que temos, adquirimos lá. De fevereiro de 1964, até não me lembro que mês de 1970, Osmano e Manito sempre cantaram lá. Tínhamos um programa às 8 horas da manhã, que era “Manhã na Roça”, campeão de audiência, comprovado pelas inúmeras cartas que recebíamos e que era patrocinado por “Consórcio Tecidos”, loja que hoje não existe mais aqui. (Manito)

O motivo que levou a Rádio Clube a não tocar seus discos, pode ser dito aqui?

Perfeitamente. No final de 1969, quando foi fundado o MDB em Patos de Minas, fomos convidados pelo seu candidato a prefeito, Sebastião Satiro, para participarmos de sua campanha, com a realização de shows. Nós já éramos profissionais, mas mesmo assim, por ser funcionário da Rádio Clube, procurei o Patrício por duas vezes e comuniquei-lhe a proposta recebida, dizendo que, preço a preço, preferíamos trabalhar para o candidato deles, pois o Presidente da Rádio, como todos sabem, era o Binga, que pertencia a outro partido. Como não recebi resposta nenhuma, fizemos o contrato com o Sebastião Satiro, que para nós, que não tínhamos nada, era muito bom: ganhamos 5 mil cruzeiros e para se ter uma idéia, compramos um Jeep 63 por 3 mil cruzeiros e com os outros 2, pudemos ir a São Paulo, para gravar o nosso disco. No dia seguinte, quando cheguei na rádio, onde trabalhava, o Patrício me disse que havia conversado com o Binga e que ele concordara em fazer o contrato conosco e eu lhe disse que infelizmente, não era mais possível, pois havíamos fechado o contrato com o Satiro e depois, fui procurado pelo Paschoal, que é até meu padrinho de casamento, mas por uma questão de honra, não podíamos voltar atrás, porque havíamos feito um contrato de artistas profissionais que nada tinha a ver com a minha condição de funcionário da rádio. No dia seguinte, fui chamado pelo Patrício e pelo Pedro Maciel, que me deram as contas e a rádio parou de tocar a nossa música. (Manito)

Eu até quero aproveitar esta entrevista, para fazer chegar ao ouvido do Elmiro Alves do Nascimento, que é Presidente daquela rádio, este fato do qual eu não sei se ele tem conhecimento. (Osmano)

Mas o Manito não voltou depois a trabalhar na Rádio Clube?

Em 1973, fui convidado para trabalhar lá e voltei para reassumir os programas sertanejos, mas como eu já havia iniciado meus estudos em Uberlândia e estava muito difícil para mim, cheguei a um acordo e sai novamente e daí em diante, não tocaram mais nossas músicas, que já eram várias. (Manito)

Por falar em rádio, sabemos que vocês atualmente, são funcionários da Rádio Princesa. Qual é a atuação de cada um, naquela emissora?

Estamos muito satisfeitos lá, onde relativamente ganhamos bem e apesar de sermos empregados, de carteira assinada, temos liberdade de dar shows para a AGROCERES ou para quem quer que seja. Sou técnico de som e locutor do programa “Verde e Amarelo – Boa Tarde Sertão”, que vai ao ar das 17 às 19 horas, e onde faço um rodísio com o Noronha, meu irmão. (Osmano)

Sou Diretor Administrativo e dou assistência jurídica à empresa. Faço também redação e locução do programa jornalístico e também, a redação dos textos publicitários e outros. (Manito)

Por falar em Noronha, ele tem alguma atuação junto à dupla?

Fazemos a coisa entre irmãos, às vezes o Manito não pode ir a um show, por algum motivo justo e então, vamos eu e o Noronha; outras vezes eu não posso ir e vão o Manito e o Noronha. (Osmano)

Vocês já disseram que o Taquinho praticamente se desligou da música sertaneja. Qual a opinião de vocês sobre o trabalho que ele vem realizando dentro da música?

Eu e o Manito, já conseguimos gravar o primeiro compacto do Taquinho, quando eu tinha uma loja de discos (A Discolândia) e eu lhe dei 300 discos, que foram todos vendidos, com a maior facilidade. Tenho certeza que se alguém quiser investir algum dinheiro nele, ele vencerá na arte, tranquilamente, porque ele é bom demais. (Osmano)

O Taquinho foi vencedor de dois festivais promovidos aqui, salvo engano, em 1979 e 1980. Ele tem algumas composições sertanejas; parece que está voltando às raízes. Ele se aprimorou em música, muito mais do que nós.

O que vocês têm a nos dizer sobre o 10.º LP que a dupla lançará brevemente?

Hoje (16/02), falei com a firma que está prensando o disco – A Fermata – que me afirmou que ele será entregue, no mais tardar, dia 26. Lamentavelmente, houve um problema com o fotolito da capa e provavelmente, nós tenhamos que lançá-lo sem capa, pois o lançamento será no dia 6 de março, na I Noite da Viola, promovida pelo Xaulim, quando deverá estar aqui o diretor da gravadora, a Diplomata, de Belo Horizonte, que é o Antônio Soares, que tem um programa sertanejo na Rádio Inconfidência. Inclusive, estou autorizado por ele, a indicar algumas duplas da região, para fazer conosco, um LP misto. (Manito)

Qual o nome do LP e quais as músicas que estão nele?

O título deve ser “Caminhos da Vida”. São onze músicas cantadas por nós e uma, por Manito e Taquinho. (Manito)

OSMANO 3Além dos discos gravados, dos shows e outras apresentações, existe mais alguma contribuição artística da dupla Osmano e Manito?

Já ajudamos várias duplas a gravar seus discos: Toninho e Pedrinho, de Lagoa Formosa; João Luiz e Cruzeirinho, de Monjolinho; Paulo e Paulinho, Faixa Branca e Zé Maria e Delvair, de Patos de Minas; a dupla “Os Filhos do Mundo” e Passageiro e Viajante, de Goiânia e agora, estamos com a proposta da gravadora Diplomata, da qual o Manito falou, para gravar um disco com Osmano e Manito de um lado e outros violeiros da região, do outro lado. (Osmano)

Temos também, várias músicas nossas, gravadas por outras duplas: Lourenço e Lourival, Praião e Prainha, “Os Filhos de Goiás”, Silveira e Barrinha, Nicanor e Palmeri, Veloso e Velosinho e até Tonico e Tinoco, têm uma música nossa gravada. Além disto, tenho um poema sobre a Copa do Mundo de 70, que ficou em 2.º lugar, no Concurso de Poemas da Copa 70, promovido pela equipe de esportes da Rádio Brasil Central de Goiânia, que foi gravado pelo grande declamador Morais César. Atuando individualmente, ainda, fiquei em 3.º lugar, em um festival aqui promovido pela UEP. Temos a “Viola de Pinho”, interpretada por Eli César e Belchorzinho, que ficou em 1.º lugar no festival promovido aqui, pela comissão do MOBRAL e que foi para Uberaba, onde foram escolhidas as cinco melhores do Estado de Minas, sem determinação de lugares e lá ficou entre as cinco primeiras. (Manito)

Vocês já disseram que não há resultado financeiro com a gravação de discos, mas os outros trabalhos da dupla em shows e promoções, tem compensado?

A gravação de discos compensa, porque fazemos o trabalho com gosto e depois porque através deles, divulgamos a dupla, a nossa cidade e a nossa gente, pois temos levado o nome de Patos de Minas, por todos os lugares onde nos apresentamos, inclusive através da Rádio Record de São Paulo, que é a rádio de maior audiência no Brasil. Agora com os demais trabalhos, a coisa é diferente. Nosso patrimônio é pequeno, mas podemos dizer com franqueza, que 60% dele, ganhamos na viola. (Manito)

Vocês querem dizer mais alguma coisa?

Mudamo-nos para Patos de Minas em 1963, onde temos procurado viver decentemente, divulgando a cidade e sua gente, mas sentimo-nos magoados e feridos e até envergonhados, por ver uma emissora como a Rádio Clube de Patos, desprezar nossos discos, não deixando rodá-los, apesar disto não destruir a nossa música, que é muito apoiada por todas as outras emissoras da região. Quero aqui fazer um desafio: chamem a dupla Osmano e Manito e a outra dupla mais “brava” do Brasil para cantar na Festa do Milho e deixem que o público, diante do palanque, pelo seu aplauso, decida qual é a preferida. (Osmano)

Embora magoados e feridos, como disse o Osmano, acreditamos que a Rádio Clube de Patos, perde muito com a sua atitude, pois deixa de agradar uma grande parte do público, que reclama pelas nossas músicas. (Manito)

Quero apresentar meus parabéns a “A Debulha” pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo. (Osmano)

Não poderíamos deixar de registrar nossos agradecimentos a esta conceituada revista. A Debulha é o primeiro órgão da nossa imprensa escrita que se lembra de nós, procurando divulgar nosso trabalho. Nossos parabéns a vocês, pelo muito que vêm fazendo pela região. (Manito)

NOTA: Matéria publicada no jornal virtual PatosHoje em 31 de outubro de 2011:

Morreu na tarde desse domingo (30), Osvando Noronha, o Osmano da dupla Osmano e Manito. O corpo do cantor e compositor está sendo velado na cidade de Lagoa Formosa onde ocorrerá o sepultamento no Cemitério Municipal. Amantes da música sertaneja lamentam a morte do cantor que fez sucesso nas décadas de 70 e 80.

Osmano deu entrada no Hospital São Lucas na última terça-feira (25) com um quadro de insuficiência renal aguda. Ele passou por hemodiálise, mas em seguida teve uma parada cardíaca. Mais tarde, o cantor teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e os médicos confirmaram a morte cerebral de Osmano.

Desde quinta-feira, o cantor permanecia internado na UTI do Hospital São Lucas. Na tarde desse domingo (30), Osmano faleceu. O irmão e parceiro de dupla, Manito, lamentou a morte, mas se mostrou conformado. “É um momento de tristeza e alegria ao mesmo tempo porque estamos sendo confortados pela palavra de amigos”, declarou.

* Fonte: Entrevista publicada no n.º 42 da revista A Debulha de 28 de fevereiro de 1982, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto 1: Saudade-da-minha-terra.blogspot.com.

* Foto 2: Saudade.netlivre.org.

* Foto 3: Youtube.com.

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