1º ACIDENTE AÉREO

Postado por e arquivado em DÉCADA DE 1940, FOTOS.

O primeiro acidente aéreo de Patos de Minas aconteceu no dia 30 de agosto de 1948, causando a morte de Caio, que pilotava o avião monomotor conhecido popularmente como teco-teco, e dos passageiros que transportava: o patense José Adalardo Belluco (aos 23 anos) e um amigo de nome Luis.  Os dois eram bancários, moravam em São Paulo e vieram a Patos para visitar alguns parentes e amigos.

Naquele dia, às onze e meia da manhã, aproximadamente, Clóvis Simões da Cunha conversava com alguns amigos à porta de sua indústria localizada na Rua Dona Luiza, quando o pequeno avião passou por onde o grupo estava reunido, procurando ganhar altura. Ele havia decolado do aeroporto que ficava ali bem perto, em terreno onde hoje funciona a Escola Estadual Zama Maciel e adjascências, e como em 1948 os patenses tinham como algo extraordinário o levantar vôo desses aparelhos, fica bem fácil imaginar o que passava pela cabeça de quem presenciava aquela cena.

Evaldo Belluco era um dos que participavam do bate-papo na Rua Dona Luiza, e foi certamente com vaidade e orgulho que ele informou aos demais companheiros a presença de seu irmão José Belluco no avião que iniciava a viagem de volta a São Paulo. Nesse momento, segundo Clóvis Simões da Cunha, alguém retrucou, brincando, que a aeronave iria cair, comentário logo acompanhado por sonoras risadas. Isso porque ninguém poderia imaginar o que estava para acontecer.

Segundos depois, ao verem o teco-teco fazer uma curva fechada, como se o piloto pretendesse voltar ao aeroporto, todos pressentiram que algo não estava certo. Mas não deu tempo para pensar em mais nada, pois o avião embicou rumo ao solo, desapareceu por trás dos telhados das residências, e logo em seguida ouviu-se um forte estrondo. O barulho ainda ecoava quando José Alonso dos Santos, dono de uma máquina de arroz na Avenida Brasil (onde hoje funciona o Supermercado Bretas), parou a camionete que dirigia diante da indústria de Clóvis. Este e seus amigos logo se acomodaram na carroceria do veículo que seguiu imediatamente em direção à Avenida Getúlio Vargas. E ao chegarem diante da Escola Estadual Marcolino de Barros, todos se assustaram com a cena trágica que tinham diante dos olhos.

Defronte a escola, com parte na calçada e parte na rua, estava o monomotor em chamas. A foto foi tirada na calçada do Grupo Escolar sentido PTC, aparecendo ao fundo as residências da Avenida Getúlio Vargas. Aquele imóvel de dois andares ainda está de pé (hoje identificado como n.º 494).  Um forte poste de aroeira tinha interrompido sua trajetória de queda, e por isso ele não alcançara o prédio do Marcolino de Barros, àquela altura lotado com os alunos do turno da manhã.

A partir daí a confusão generalizou-se. Várias pessoas tentavam apagar o fogaréu com baldes de água, enquanto outros – como o açougueiro Vitor Barcelos – forçavam a porta distorcida da aeronave na tentativa heróica de resgatar seus ocupantes. Mas tudo em vão. Quando o fogo finalmente foi controlado, nada mais havia a fazer. No interior da pequena cabine jaziam três corpos carbonizados.

Para as pessoas ainda vivas que testemunharam a queda do monomotor e suas dolorosas conseqüências, a recordação do primeiro acidente aéreo acontecido em Patos de Minas permanecerá sem retoques em suas mentes. Inclusive a de alguns pequenos detalhes que fazem parte desse infausto acontecimento. Ficou-se sabendo, por exemplo, que José Belluco levava consigo alguns queijos de nossa região, para dá-los de presente a alguns de seus colegas de trabalho. E na memória de Clóvis Simões da Cunha, que até hoje guarda em sua antiga marcenaria da Avenida Brasil uma pequena peça do avião sinistrado, a lembrança mais pungente é a de ter observado partes de queijo derretido na porta da cabine do teco-teco.

Dizem (Clóvis Simões da Cunha não pode garantir que seja verdade), que pouco antes da decolagem o cidadão José de Oliveira, mais conhecido pelo apelido de Zé Mico, que entendia de mecânica de monomotores, esteve no aeroporto e notou um barulho esquisito no motor. Caio, o piloto, ouviu a advertência de Zé Mico, mas não deu importância a ela, alçando vôo assim mesmo.

No dia em que ocorreu esse trágico acidente, o Circo Teatro Bibi, famoso na época, apresentava-se na cidade com suas lonas armadas na Praça Antônio Dias. Seus proprietários, numa homenagem póstuma prestada às vítimas do desastre, cancelaram a apresentação daquela noite, mandando estender por sobre a lona principal uma enorme faixa preta.

ACIDENTE

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Arquivo do MuP – Museu da Cidade de Patos de Minas, Casa de Olegário Maciel.

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