3.º ACIDENTE AÉREO

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Em 1975, o gaúcho Paulo Madar Piva¹, nascido em Passo Fundo em 05 de dezembro de 1951 e formado pela Escola de Engenharia Agronômica de sua cidade natal, chegou a Patos de Minas. No ano seguinte, fundou a Sementes Ouro Verde, com o objetivo de produzir sementes de soja. O clima no cerrado mineiro sempre foi muito propício para produção de sementes de qualidade com excelentes altitudes e clima ameno. Com este primeiro passo, Paulo Piva foi o grande líder da fantástica transformação do outrora desprezado Chapadão de São Pedro da Ponte Firme, hoje coberto por um verde mar de plantações pela ação dos Pioneiros Gaúchos ou pela indução de sua poderosa influência. O que era quase deserto transformou-se num gigantesco oásis. Além de sua excepcional contribuição para o desenvolvimento econômico da região, reconhecido por todo mundo, Paulo Piva foi também um ativo participante de vários setores de nossa vida comunitária, como mostra sua atuação nos clubes de serviço, como o Lions, e no esporte, como Diretor da URT, com espírito aberto, participante e prestativo.

A trajetória de sucesso de Paulo Madar Piva em terras patenses durou apenas nove anos. No dia 20 de janeiro de 1984 um acidente com um pequeno avião monomotor o vitimou fatalmente. O fato se deu no antigo aeroporto onde hoje está o Bairro Planalto². O filho Guilherme comenta sobre a fatalidade:

Não se sabe as causas do acidente ao certo, mas pelo que alguns contam, talvez ele tenha levantado voo e percebendo alguma falha, tenha tentado voltar para pousar. Meu pai estava indo para a fazenda por volta de 9 ou 10 horas da manhã somente para levar um mecânico que daria manutenção na unidade de beneficiamento de sementes e iria de avião em virtude das precárias estradas que tinha na região (ainda não tinha asfalto até o chapadão de São Pedro). E encontrou com minha mãe ao sair do escritório sentido ao aeroporto. Nesse momento meu irmão Vinicius (7 anos) estava com mais 2 amigos e os mesmos de férias escolares insistiram muito para ir junto. O plano era apenas ir à fazenda e voltar logo para o almoço, afinal o voo era de apenas 15 ou 20 minutos.

A partir daí aconteceu a tragédia. Faleceu meu pai, meu irmão, 2 amigos do meu irmão e 1 mecânico³. O motivo da queda do avião é desconhecido segundo o relatório da ANAC. Meu pai viveu em Patos de Minas apenas 9 anos, chegando aqui no ano de 1975. Na data do acidente eu tinha 6 meses de idade e minha irmã 4 anos de idade. Meu pai faleceu com 33 anos de idade e na época minha mãe tinha 28 anos. Até hoje residimos em Patos de Minas e demos sequencia na empresa que ele deixou.

Se o ideal do adventista sempre foi chegar, enriquecer e voltar, para Paulo Piva isso não valia. Como César, ele chegou, viu e venceu. Mas, diferentemente de César, deixou-se vencer pela terra onde se tornou vencedor. Pela sua integração com o nosso povo, com os nossos anseios e ideais, ele se tornou um dos nossos. E tão enraizado já estava que, ao contrário do forasteiro – que só pensa em voltar, depois de enriquecer – ele, já riquíssimo, só pensava em ficar.

Paulo Piva, por tudo isso, já era um dos nossos. Certamente, se mais vivesse, mais contribuiria para o nosso desenvolvimento. E a certeza disso faz ainda mais viva sua lembrança na memória de todos nós.

* 1: Leia “Paulo Madar Piva – O Gaúcho Pioneiro”, “Paulo Madar Piva – Polêmica” e “Paulo Madar Piva – Um Gaúcho-Patense”.

* 2: Leia “Estação Aeroportuária Comandante José Portinho” e “Avenida Maria Clara da Fonseca: Aqui Era o Nosso Aeroporto”.

* 3: Os meninos Leonardo e José Mário (filhos do Gerente do BDMG em Patos, José Mário de Souza), e o mecânico José Vicente.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Arquivo de Guilherme Piva.

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