Certa vez, fomos pescar no Rio São Miguel do Urucuia, na fazenda Boi Preto. A turma era a de sempre e o caminhão também, do Baiano Bonfim. Na saída procuramos o dono da fazenda, Sr. Nadir Franco, que nos ensinou o caminho e nos pediu para levar umas tachas para ele. Para se chegar à sede da fazenda, com as ditas tachas, tivemos que pegar o pior caminho e o único pouso que o caminhão pegava era uma passagem onde existia uma balsa. O pouso era péssimo, nem árvore tinha e o que não faltava eram penetras que moravam na região. Fizemos uma pescaria boa, em termos de peixes, pegamos alguns dourados e muitos matrinxãs e mandis. O péssimo local do pouso tirou toda a graça da pescaria. Ficamos só três dias e voltamos para casa.
No ano seguinte, combinamos outra pescaria para o mesmo rio, mas em outra fazenda. Hélio Amorim, que é o mais viajado da turma, ficou responsável pela escolha do local. Pediu informações daqui e dali e descobriu outro caminho que nos levaria aos melhores pesqueiros e melhores pousos do São Miguel. Tralha arrumada, turma pronta, os mesmos: Vanir, Hélio Amorim, Délio, Tredezini, Mané Mendonça, João Cor de Rosa, Valdir Amâncio, Baiano Bonfim, no velho Ford, e também José Jorge. Fomos por um caminho totalmente diferente. Passamos por Cabeceiras, em Goiás, e descemos para o rio.
Chegamos e ficamos decepcionados. O pouso era péssimo. Paramos o caminhão e andamos a pé para cima e para baixo. Era tudo igual, tudo ruim. Era noite, a turma cansada e com fome, resolvemos acampar junto ao caminhão até o outro dia para, no claro, arranjarmos um melhor lugar. Fizemos uma boa farra com truco e tudo mais que tínhamos direito. Quando clareou o dia, saímos das barracas para observarmos melhor o local e qual foi a nossa decepção. Estávamos no mesmo lugar do ano anterior, só que do outro lado do rio.
* Fonte: Texto de Vanir Amâncio publicado em 29 de janeiro de 1994 com o título “São Miguel do Urucuia” na coluna Pesca & Prosa (Tião Abatiá) do jornal Folha Patense.
* Foto: Muraljoia.com.
