IMBRÓGLIO ENTRE ARLINDO PORTO E A RÁDIO CLUBE DE PATOS NOS IDOS DE 1987 – A REAÇÃO

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2Em março de 1987 houve uma tremenda confusão entre o Prefeito Arlindo Porto Neto e a Rádio Clube de Patos por causa de acusações, ou fortes insinuações, feitas pelo Prefeito do Carmo do Paranaíba contra o PMDB patense veiculadas pela emissora. Não resta dúvida de que os interesses políticos do deputado estadual do PFL, Elmiro Nascimento, proprietário da rádio, entraram em choque com interesses do mesmo gênero, mas em sentido contrário, das lideranças políticas do PMDB local, que desejavam responder às acusações de Ajax Barcelos naquele órgão de comunicação¹. Essa barafunda gerou o seguinte protesto de alguns líderes comunitários:

Nós Líderes Comunitários abaixo assinados, indignados com as constantes críticas feitas por pessoas inescrupulosas ao Prefeito Arlindo Porto, através de alguns órgãos de imprensa, vimos externar nossa Solidariedade ao grande Prefeito dos patenses.

Nossa atitude se deve ao reconhecimento pelo excelente trabalho que Arlindo vem realizando em nosso município, que só não vê quem não quer, e nós que por força do nosso trabalho comunitário, estamos sempre em contato com o Chefe do Executivo Municipal, em busca de soluções para os problemas de nossas comunidades, somos testemunhas de sua competência, de sua integridade e de seu zelo para com os anseios da população.

Repudiamos a atitude de alguns órgãos de imprensa que, como tal deveriam manter-se imparciais, informando as coisas como elas realmente acontecem e não tentando tapar o sol com a peneira, divulgando apenas o que interessa a seus diretores e proprietários, esquecendo que entre seus ouvintes, leitores e até mesmo seus anunciantes existem pessoas de várias tendências políticas, religiosas e desportistas e que por isso merecem o devido respeito.

Lembramos que os Líderes Comunitários que se subscrevem, jamais estiveram contra a classe política, somos sim contra determinados elementos que usam seus partidos e até mesmo seus cargos políticos para infiltrar em nosso movimento com segundas intenções. Somos também contrários àqueles que esquecem os interesses do povo em benefício de seus próprios interesses e entre eles alguns de nossos próprios companheiros de luta.

Estamos aqui hoje defendendo e solidarizando com o Prefeito Arlindo Porto e estaremos amanhã tomando a mesma atitude com qualquer homem público de Patos de Minas (não importa seu partido político), desde que ele seja digno do respeito e do carinho do nosso povo como o é Arlindo.

Não basta construir obras faraônicas mas, sim, obras que beneficiem a maioria da população. Não interessa ter uma praça ou edifício que seja o Cartão Postal da cidade, se a periferia estiver jogada às traças e às imundices.

Todos os patenses são testemunhas do trabalho de Arlindo Porto e não será uma meia dúzia de pessoas sem escrúpulos que irá macular a sua imagem de homem público.

“Arlindo, estamos com você!”

Walter Ferreira Soares (B. Caramurú e N. Sra. das Graças); Romeu Grahl (Bairro Alvorada); Alaor Lino Machado (B. Cristo Redentor); Antonio Goretti Ferreira (B. Santa Terezinha); Joaquim Marques Filho (B. N. Sra. Aparecida); Geraldo Alves de Souza (B. Lagoinha e J. América); Rafael Lopes (B. Abner Afonso); Alcir Azevedo (Bairro Eldorado); João Carlos Mendonça (B. Sebastião Amorim)

O protesto dos nove líderes comunitários não foi unanimidade entre outros colegas do ramo, principalmente Pedro Lucas Rodrigues, na época Presidente da Associação Comunitária Nossa Senhora das Graças:

A “Carta Aberta à População Patense”, assinada por nove líderes comunitários de Patos de Minas e publicada, na íntegra, pela Debulha de 15/04/87, parece não ter agradado nem um pouco a outros integrantes do movimento comunitário local. Um telefonema de Pedro Lucas Rodrigues, Presidente da Associação Comunitária Nossa Senhora das Graças, revelou o descontentamento. Mais tarde, o próprio Lucas Rodrigues achou por bem redigir um documento-resposta. O líder comunitário diz concordar com a solidariedade demonstrada pelos signatários da “Carta Aberta” ao Prefeito Arlindo Porto, não sendo este o motivo do descontentamento. Ele acha, porém, como diz no seu “Esclarecimento à Comunidade”, que o prefeito não precisa ser “bajulado”. Ao telefone, ele afirmou não ter sido procurado para assinar a “Carta Aberta”, o mesmo acontecendo com outros líderes. “Eles quiseram atingir a gente com esta carta”, explicou. Na “Carta Aberta à População Patense”, há um trecho em que seus autores repudiam a interferência de políticos no movimento comunitário. Mas, o trecho que mais despertou a ira de Pedro Lucas Rodrigues e, possivelmente, de companheiros seus, é o que se segue: “Somos também contrários àqueles que esquecem os interesses do povo em benefício de seus próprios interesses e, entre eles, alguns de nossos próprios companheiros de luta”. Na realidade, estas palavras, causaram um forte efeito sobre o autor do “Esclarecimento à Comunidade Patense”. Resta saber se a “Carta Aberta” e o “Esclarecimento” serão o começo e o fim deste desacordo, ou se novos capítulos virão. “Essa onda pega”.

* 1: Leia “Imbróglio Entre Arlindo Porto Neto e a Rádio Clube de Patos Nos Idos de 1987”.

* Fonte: Texto “Carta Aberta à População Patense” publicado na edição n.º 160 de 15 de abril de 1987 da revista A Debulha e texto “Carta Fechada” publicado na edição n.º 161 de 30 de abril de 1987 da mesma revista, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Slideshare.net.

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