BRIGA POLÍTICA EM 1926

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2O histórico das famílias Borges e Maciel é repleto de feitos em prol do crescimento de Patos de Minas. Cada uma contribuiu com seu quinhão para que as benesses chegassem aos habitantes em forma de progresso. Entretanto, Nem Tudo Foram Flores Entre os Macieis e os Borges. Este é o título de um livro que Gaspar Pereira publicou em 2003 sobre a trajetória das duas famílias em solo patense. De acordo com o autor, as rusgas ideológicas e partidárias foram frequentes entre elas, principalmente após a proclamação da República em 1889, gerando consequências muitas vezes trágicas.

As primeiras décadas do século 20 foram dominadas pelos Maciel e seus adeptos, os denominados situacionistas. Em 1926, era Presidente do Executivo Dr. Adélio Dias Maciel, e a Câmara Municipal iniciada em 1922 estava para se encerrar naquele ano. Além do Dr. Adélio, era composta pelos seguintes vereadores: Agenor Dias Maciel, Alfredo Araújo, Augusto Barbosa Porto, Cornélio França de Oliveira, Euphrasio José Rodrigues, Henrique Lúcio da Fonseca, Heráclito Amaral, Jerônimo Venâncio, José Pacheco de Oliveira, José Pereira Guimarães, Pio de Melo Ribeiro e Zama Alves Pereira. Neste período ocorreu um fato curioso e estranho: o desaparecimento dos Livros de Atas.

Os oposicionistas contumazes eram os Borges e os adeptos Caixeta e Queiroz. E eles não estavam, como sempre, nada satisfeitos com a situação. Donos do Jornal de Patos, veículo de propaganda do Partido Popular de Patos comandado por Deiró Eunápio Borges, nele os ataques ao situacionismo eram constantes, como no caso do artigo a seguir assinado por J. S. Caixeta de Queiroz:

Longe de se recolherem a um silencio discreto que tão útil lhes poderia ser, alguns porta-vozes do situacionismo, segundo se assoalha por ahi à surdina, vivem agora a dizer que não temem disputar as eleições municipaes porque dispõem das mesas eleitoraes.

Curiosa revelação esta, si já não fossem tão conhecidos os alevantados processos do situacionismo patente!

Para quem conhece a politica de Patos, não é de admirar que assim queiram proceder aquelles que, graças ao seu grande patriotismo, têm-se tornado conhecidissimos dentro e fóra deste municipio.

Não tivessem se notabilizado tanto os detentores do governo municipal na arte de bem governar o povo, e até se poderia affirmar ser incrivel que acalentassem propositos tão nobres quão dignos de ser imitados pelas gerações futuras…

Responsaveis por uma politica sem escrupulos, politica que tem sido uma obstrucção ao progresso de nossa terra, não deve ser surpresa para ninguem que no fim do anno sejam tentados os bellos processos que já se apregôam com tanto garbo.

Reflectissem um poucochinho os nossos espirituosos adversarios, e em breve haviam de se convencer de que muito mais correto e elegante seria que, – ao invez de abrirem a boca para dizer que conta com a posse e acquiescencia das mesas eleitoraes – resolvessem a contestar nossas constantes afirmativas relativamente ao descredito em que já provamos ter-se afundado, perante os homens sensatos e independentes, a politica dominante em Patos.

Isto é que deveriam fazer.

* Fonte: Texto publicado com o título “Será Possível?” na edição de 07 de março de 1926 do Jornal de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Juventudebarramendense.net.

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