O problema de atendimento médico em Patos de Minas tem gerado muitas dores de cabeça a seus responsáveis e principalmente aos necessitados. As inúmeras falhas do sistema de atendimento aos segurados do INAMPS, e as classes menos favorecidas, têm sido motivo de total descontentamento da população. Preso a um processo burocrático, o INAMPS fica praticamente sem ação por constar em seus quadros apenas alguns poucos profissionais e principalmente em razão de não possuir elementos especializados em algumas áreas médicas, como por exemplo, pediatria, ortopedia e cardiologia, setores constantemente requisitados pelos segurados.
O Centro Regional de saúde é também outro órgão que vem tendo bastante dificuldade no desenvolvimento de suas atividades, pois diante da atual crise do setor, tem procurado impossivelmente extrapolar o seu real objetivo, que na verdade restringe-se apenas a prevenção de saúde, num trabalho apenas de saneamento junto à camada mais pobre da população.
Diante desta atual situação, as autoridades têm procurado soluções que possam resolver os problemas deste setor, e para tal já existe em andamento a implantação do PAIS – Programa de Ações Integradas de Saúde, projeto que tem dado certo em algumas cidades do Estado e que é feito através do convênio entre a Prefeitura Municipal, Secretaria de Saúde e INAMPS. A proposta do programa é fazer uma fusão de todo o atendimento de saúde do município, através de um trabalho conjunto entre INAMPS, hospitais e Centros de Saúde. Com o PAIS, Patos de Minas poderá atingir um total de 200 mil consultas anuais, número bastante expressivo em relação ao atual que atinge menos de 50 mil. Neste convênio com o INAMPS entra apenas a parte financeira das consultas, cabendo à prefeitura a contratação de 15 médicos e atendentes e ao Estado o restante.
Nossa reportagem esteve com o Dr. Francisco Bruno, Diretor do Centro Regional de Saúde, o qual nos explicou a operacionalidade do projeto. Segundo ele, Patos já é dotada dos espaços físicos necessários à implantação do Programa, que são os Centros de Saúde e a Policlínica do Hospital Regional, que ao término de sua obra, representará um excelente receptor dos casos de urgência. Francisco salientou que para atingir as metas traçadas pelo programa, deverão ser contratados 27 médicos, que somados aos já existentes na rede de atendimento público atingirá o número ideal para a concretização do Programa. Ao ser perguntado se a omissão dos médicos gerou precárias condições do atendimento atual, Francisco declarou que de certa forma sim, acrescentando que uma crítica a este respeito seria bem colocada, uma vez que dada a atual demanda de pacientes deixa a classe oportunidade de escolher os casos, inclusive, optar somente por casos particulares, ou seja, pacientes que estejam dispostos a pagar pela consulta ou atendimento.
Sobre a possibilidade de que este programa, apesar dos objetivos propostos, venha se transformar num outro INAMPS Francisco descartou dizendo que a partir do momento em que a população tiver um atendimento mais acessivo, dificilmente haverá médico indisposto a conveniar-se a ela, pois diminuiria a atual demanda, e como em todos os setores os médicos, obrigatoriamente, terão que sair um busca de novas fontes de rendimentos, ou seja, pacientes.
* Fonte: Texto publicado na edição de 07 de julho de 1985 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Blogdopg.blogspot.com.