Tem cidade que é destaque no cenário nacional por suas belas lagoas. Patos de Minas era para ser conhecida como a Rainha das Lagoas, tamanha a quantidade delas que aqui existiam. Havia nelas patos de várias formas e raças que maravilharam os nossos pioneiros. Daí o nome Patos. Mas o progresso é como a morte: inexorável. Com ele vem o concreto e o asfalto que, associados à especulação imobiliária, avançam vorazes por campos, morros, rios, ribeirões, córregos e… lagoas. Com isso, foram-se quase todas as lagoas. Hoje, só duas se salvaram à evolução dos tempos: a Lagoinha e a Lagoa Grande.
E em se tratando de lagoas, a Lagoa Grande sempre foi considerada a nossa “menina dos olhos”. Antes mesmo de sua urbanização na década de 1980, por causa da construção do Terminal Rodoviário José Rangel, ela era foco das atenções. Em 23 de fevereiro de 1967, o jornal Folha Diocesana publicou o artigo “Patos de Minas Terá sua Pampulha”, que diz sobre melhorias da área: Agrademos a realização da obra. Será mais uma jóia engastada na coroa que laureia a fronte altiva e principesca de Patos de Minas¹.
No mesmo ano, 24 de maio, a Folha publicou o artigo “Patos Embelezará sua única Lagoa”, de Frederico Alberto. Também se relaciona a obras de melhoria: Todos esperam que Patos de Minas receba êste presente do govêrno e que, no seu próximo aniversário, tenhamos a inauguração da PAMPULHA DA TERRA DO MILHO.
O tempo passou, a antiga Lagoa dos Japoneses foi urbanizada, se transformando na Lagoa Grande, mas, pena, nunca foi cuidada com carinho. Prova é o texto “Réquiem de uma Lagoa”, de J. S. Alves de Oliveira, publicado na edição n.º 78 de 15 de outubro de 1983 da revista A Debulha. O autor se coloca no lugar da lagoa e escreve uma carta às autoridades: Deixe-me viver, é o que lhe peço.
E os anos seguiram o seu fatídico destino, e a Lagoa Grande sempre vilipendiada pelos governos. Até que, será?, apareceu uma luz no fim do túnel: No dia 21 de agosto de 2013, representantes da Prefeitura Municipal de Patos de Minas e diretores da COPASA, se reuniram para buscar soluções emergenciais. Há dois meses que a antiga Lagoa dos Japoneses, hoje, cartão postal da cidade, começou a aparecer junto à superfície da água, uma grande camada de lama em um dos cantos do local.
Foi uma reunião inútil, e o tempo provou esta verdade. Onze meses após a realização da inútil reunião, em 19 de julho de 2014, o jornal Folha Patense publicou o artigo de Rejane Gomes “Cartão Postal da cidade continua em situação de abandono” e subtítulo “Nenhuma intervenção foi feita para acabar com o assoreamento da Lagoa Grande”. Uma frase do texto diz tudo: A situação da Lagoa Grande em Patos de Minas é lamentável.
E finalmente, chegamos a abril de 2015. A foto revela apenas um pequeníssimo problema de um amontoado que o patense tem na “ponta do lápis”. Por isso, CHORAMOS POR TI, LAGOA GRANDE, E LHE PEDIMOS DESCULPAS PELO ETERNO DESCASO.
* Texto e foto (03/04/2015): Eitel Teixeira Dannemann.