Galos e galinhas são aves fáceis de criar. Resistentes e pouco exigentes em cuidados, podem viver em instalações rústicas e de baixo custo. O ambiente, no entanto, deve ser limpo e organizado. Há uma grande variedade de galos e galinhas no mundo, além das espécies criadas por produtores integrados à indústria de carne e as ditas caipiras, comumente encontradas em sítios, chácaras ou quintais. Entre as centenas de raças existentes, destacam-se em beleza as ornamentais, que são dotadas de penas com formas, volumes e cores variados, barbelas e cristas de tamanhos diferentes e outras características muito apreciadas em concursos e exposições.
O mercado de galos e galinhas ornamentais no Brasil encontra-se, hoje, bastante ativo. Estas aves estão sendo, cada vez mais, apreciadas como animais de companhia. É o caso da raça inglesa Sebright, desenvolvida nos anos 1800 por Sir John Saunders Sebright (1767-1846). Sir John foi o sétimo Sebright Baronet, e um membro do parlamento de Hertfordshire. Era fã incondicional de animais, chegando a escrever alguns livros como “A Arte de Melhorar as Raças de Animais Domésticos” (1809), “Observações Sobre Hawking” (1826) e “Observações Sobre o Instinto Animal” (1836).
Uma citação do livro lançado em 1809 chamou a atenção de Charles Darwin: “Os fracos e doentes não vivem para propagar suas enfermidades”. Diz a História que esta frase, juntamente com a correspondência de Darwin através de seu amigo em comum William Yarrell e a badalada viagem à Galápagos, ajudou-o na criação da famosa teoria da seleção natural, A Origem das Espécies, publicada em 1859. Darwin citou experiências de Sir John na criação de pombos, caracterizando-o como “o criador mais hábil da Inglaterra”. Sir John costumava dizer, com relação aos pombos, que “iria produzir qualquer pena em três anos, mas levaria seis anos para obter cabeça e bico”. Darwin também citou Sir John extensivamente sobre a sua raça de galinha Sebright, bem como pombos e criação de cães, nas obras “Variação de Plantas e Animais no Estado Doméstico (1868)”, “The Descent of Man (1871)” e “Seleção em Relação ao Sexo”, livro sobre a seleção natural que não foi publicado enquanto vivo.
Com a raça que leva seu nome, John Saunders Sebright intencionou criar uma pequena galinha com plumagem retilínea. Para isso fez cruzamentos entre as britânicas Hamburgh e Nankin e aves polonesas, principalmente Rosecombs. Estabelecida a raça em 1810, Sir John fundou a Sebright Bantam Club, que foi a primeira associação de criadores de galinhas britânica. A partir de 1874 se firmou em solo americano e hoje é uma das galinhas ornamentais mais populares mundo afora, de acordo com a American Bantam Association, e presença obrigatória em todas as exposições do ramo.
A raça Sebright é uma ave muito pequena, praticamente uma anã. As fêmeas não chegam a 600 gramas e os machos um pouco mais pesados, alcançam quando muito 625 gramas. Tem dorso estreito, peito robusto e asas apontando para baixo numa combinação angular de desenvoltura. Todos eles têm uma plumagem retilínea com bordas pretas, sendo duas cores existentes, denominadas ouro e prata. As pernas têm uma coloração azul pálida, sem penas, assim como o bico. O macho tem um característico topete vermelho com uma ponta voltada para trás. Originalmente, a barbela a os lóbulos das orelhas são arroxeados, mas há muitos espécimes que os apresentam em cor vermelha.
Apesar de serem aves dóceis e sociais e que convivem bem com outras espécies, a Sebright tem um defeito genético: difícil reprodução. Um grande número de machos, que tem por costume “zelar” pela fêmea quando ela está chocando seus ovos, nascem inférteis. A postura de ovos não é muito prolífica, ficando entre 60 a 80 por ano. Além do mais a fêmea tem uma certa “preguiça” em chocar seus ovos, vindo daí um pouco aproveitamento das chocas. Portanto, mesmo bonitas no ambiente, não é muito fácil gerar novas Sebrights. E ainda, deve-se ter uma grande preocupação com a “Doença de Marek”, pois são muito susceptíveis.
As Sebrights têm as asas relativamente grandes em comparação com o corpo. Não chegam a voar propriamente, mas conseguem grandes rasantes. Por isso é recomendável cria-las em galinheiros fechados ao invés de ao ar livre.
A venda de ovos de galinhas para criação não é proibida, mas há criadores que não recomendam a compra para iniciar a atividade. A ABC Aves não aconselha a prática. Membra da entidade, Maria Virgínia F. da Silva explica que a comercialização é evitada pelos impactos que os ovos podem sofrer durante a movimentação no transporte, prejudicando o nascimento dos pintinhos, que, no caso da Sebright, naturalmente já não é fácil.
* Fontes: Revista Globo Rural e Wikipedia.
* Fotos: Wikipedia