ZENÓBIA CAIXETA BORGES

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DSC01509Zenóbia Caixeta Borges, filha do casal Antônio Cândido Borges e Senhorinha Caixeta Borges, nasceu em Patos de Minas no dia 14 de abril de 1909. De seu casamento com Eunápio Corrêa Borges vieram os filhos Gabriel Eunápio Borges e Ricardo Eunápio Borges e deles os netos Ricardo Nogueira Borges e Cristina Nogueira Borges. Estudou no Grupo Escolar Marcolino de Barros até concluir o 4.º ano primário, tendo como professoras Zoraida Mendonça, no 1.º ano; Dalca Magalhães e Feliciana Andrade, no 2.º; Nice Vilma, no 3.º; e Olga de Barros, no 4.º.

“Em 1921 tirei meu diploma com distinção. Na época, as notas eram 5 e 6 (simplesmente), 7 e 8 (plenamente) e 9 e 10 (distinção). As brincadeiras naquele tempo eram a cruzada, o tempo será, a boca de forno e pular corda. As companheiras eram muito animadas. Também estudei no Ginásio Municipal, localizado onde hoje funciona o colégio das Irmãs”.

“Um dia, quase matei meu primo e amigo Paulo Borges. Eu estava doente, com febre, e resolvi pregar uma peça nele, que ia para Belo horizonte. De manhã, bem cedo, arrumei em minha cama um ‘defunto’, com véu, velas e flores, e mandei avisar as pessoas. Quando o Paulo chegou lá em casa, abriu a porta do meu quarto e viu aquela cena, sentiu-se mal. Meus primos Joseph Borges e Celina Borges assistiram tudo. No final da brincadeira, a Celina disse que quando eu morresse ‘de verdade’, ela não iria chorar. Este fato, conhecido por muitos, inspirou o falecido poeta Altino Caixeta de Castro a escrever o poema intitulado ‘Jecada de uma Convalescente’”.

“As lembranças do Largo da Matriz são muitas. Lá moravam meus pais e o tio Virgílio Borges. Ao lado, a casa do telegrafista. As festas religiosas eram inesquecíveis, e nas procissões, com velas acesas, iam as Filhas de Maria, todas de branco e com véu na cabeça. Eu e minha prima, Irene Borges, carregávamos o estandarte. O Morais era o pregoeiro dos leilões”.

“Um dia, caiu um raio na torre da igreja. A chuva foi tão forte, que os leilões foram levados na enxurrada. Na igreja havia o coro, a escada, tudo vigiado pela Naninha, que era para a gente não subir lá no alto”.

“Meu casamento com o Napinho aconteceu no dia 23 de fevereiro de 1949, depois de um ano de noivado. Casamos às 5 horas da manhã, numa cerimônia bem íntima, com poucos convidados. A viagem de núpcias foi meio diferente. Como as estradas estavam em péssimas condições, fomos de avião para Araxá, com o Vicente do Inhaque. Foi tudo muito bonito. Seguimos depois para Poços de Caldas, Campinas, São Paulo, Santos e Belo Horizonte. Nossa lua-de-mel durou setenta dias”.

“Minha casa, onde moro até hoje, foi comprada de João de Barros e custou 60 contos de réis. Tem 12 metros de frente e 60 metros de fundo. É uma casa bem antiga e conserva até hoje as mesmas características de antes. Nela eu vou ficar, enquanto tiver vida”.

“O clube Sociedade Recreativa Patense, inaugurado em 08/12/1937, ainda existe até hoje. Lá aconteciam bonitas festas familiares, as festas de São João com os vestidos de chita. O Jaques Tibúrcio sempre tocava e cantava nessas festas, todas elas realizadas com muito respeito. Tenho saudade desse tempo”.

“Do vai-vem ninguém esquece. Primeiro, foi na rua General Osório, imediações do Cine Glória (antigo Móveis Carvalho). Depois, ele passou para a rua Major Gote. As moças passavam de lá para cá, entre a General Osório e Olegário Maciel, procurando ver ‘seu preferido’. A cidade era calma e pacata”.

“No esporte tínhamos o Phalena Sporto Club, com dois times de vôlei feminino, o Roxo e o Marrom. No primeiro jogavam Conceição Borges, Amanda, Mariquinha, eu e Sinhá; no outro, Conceição, Zita, Lucinha, Ester e Santa. Os uniformes eram comprados na casa do Joãozinho Andrade (loja de tecidos e brinquedos na praça Antônio Dias)”.

Da. Zenóbia guarda com carinho, até hoje, os apontamentos do jogo onde o juiz era o Napinho. E ela diz que tudo era feito com carinho, com organização, os panfletos e os convites para as partidas. Ao final dos campeonatos, havia o baile de encerramento na residência de José Juca Borges.

Dois objetos são considerados por ela como relíquias preciosas: Um quadro representando uma cesta de flores, cujo detalhe são os cabelos de seu esposo, cortados em pedacinhos minúsculos e formando uma verdadeira obra de arte. Isso aconteceu há 97 anos. O outro é uma chaleirinha azul estampada, “presente de casamento” de uma brincadeira com seu primo Adalberto, então com 5 anos. Isso foi em 1914, e “…eu casei com véu e grinalda de flor de mamão. Estas lembranças marcantes precisam ficar registradas, porque hoje as crianças não brincam mais como antigamente”.

“Hoje, aos 87 anos mas gozando boa saúde, pretendo chegar no ano 2000. Vou ficar por aqui até quando Deus quiser, morando com meu filho Ricardo. Faço de tudo em casa, mas já resumindo um pouco e tenho uma vida boa e feliz. Sou patense, com muito orgulho.

NOTA: Zenóbia Caixeta Borges faleceu em 08 de junho de 2008.

* Fonte e foto: Edição n.º 22 do jornal O Tablóide de 15 de março de 1997, do arquivo de Fernando Kitzinger Dannemann.

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