Como noticiou a “Jornal de Patos” em seu numero de domingo passado, foi a sociedade patense abalada com a infausta noticia do fallecimento de José Vieira Machado, occorrido em 28 de julho p.p., em sua fazenda “Olho d’Agua da Pedra”, na Fazenda dos Caixêtas.
Cidadão estimadissimo em todo Municipio de Patos, pelos dotes de coração que caracterizavam sua individualidade sympathica, de uma ascendencia inegualavel no meio em que transcorreram seus longos 74 annos de vida, deixa, com seu desapparecimento, um vacuo immenso que só pelos visinhos e pelos que com elle conviveram pode ser justamente aquilatado.
A moral christan que tinha em Vieira Machado um cultor convicto; o caracter illibado que directava todos seus actos na vida; a independencia de idéias que orientava sua actuação no convivio publico; a fé inabalavel e forte que empolgava sua alma grande e nobre, fazendo delle um apostolo enthusiasta da verdade em todas suas manifestações, são dotes que exornavam a figura querida do desapparecido, que estas linhas registram.
Nós que tivemos a amisade do querido morto, cujo convivio era para nós uma pregação continua do evangelho civico “das reivindicações do Direito do povo, da justiça para o povo”, mais do que quaesquer outros podemos affirmar os elevados dotes que tanto nobilitaram o pranteado extincto.
Caracter puro, sem as tergiversações dos tibios, depositava Vieira Machado a mais franca e confiada esperança nos destinos de nossa terra, pregando do pulpito de sua velhice fecunda e honrada, para os seus, a causa da emancipação Municipal do guante de prepotencia que o domina.
Desde 1904, quando os elementos que hoje constituem o Popular retiraram-se descrentes dos homens e das cousas publicas do Municipio a um ostracismo voluntario, José Vieira Machado, general disciplinado e brioso recolheu-se igualmente, solidario com seus amigos, a uma vida toda de familia, sem a menor interferencia nos destinos abandonados da nossa patria querida – surgido o Popular porem, eil-o que se põe de pé, ao redor dos amigos de sempre, arregimenta os seus e a todos brada, com a voz de comando que lhe era natural, desde 5 de outubro até o dia de seu fallecimento: “Para diante e para cima” reforçando sempre “E para cima sempre”.
O Partido Popular perde em José Vieira um de seus mais distinctos membros, pois fazia parte do directorio districtal de Sant’Anna de Patos, e um dos mais aguerridos soldados que combatiam pela causa da independencia Municipal.
A’ sua exma. familia apresentamos os sentimentos de intenso pezar que nos domina e sobre a campa do morto distincto e muito amigo depositamos os goivos de nossa saudade.
Nascido em 1850, contava o extincto quasi 75 annos de existencia. Deixa viuva a Exma. Sra. D. Maria Joaquina de Jesus de quem houve 15 filhos, a saber: 1.º – D. Maria Rosa Vieira, casada com João Jacyntho José da Silva; 2.º – D. Anna Rosa Vieira, casada com Jacyntho José da Silva; 3.º – D. Marianna de S. José Vieira, casada com Aleixo José Caixêta; 4.º Barbara Rodrigues Vieira, casada com Francisco Rodrigues da Silva; 5.º – Escolastica Vieira, casada com Manoel Nunes Valladão; 6.º – José Vieira dos Anjos, casado com Maria Bernardino Vieira; 7.º – Leolindo Vieira Machado, casado com Rufina Vieira Duarte; 8.º – Anicesio Vieira Machado, casado com Maria Fernandes Caixêta; 9.º – João Vieira Machado, solteiro; 10.º – Jordelina Vieira Caixêta, casada com Joaquim Caixêta da Silva; 11.º – Nicodemos Vieira, solteiro; 12.º – Rita Vieira Franco, casada com Josaphat Alves Franco; Adelia Vieira, Manoel Vieira, Mamede Vieira já falecidos. Além de seus filhos deixa a numerosa descendencia de 50 nettos e 21 bisnettos.
* Fonte: Texto publicado na edição de 09 de agosto de 1925 do Jornal de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Ceuma.br.