O Correio de Patos vai prestar, hoje, uma homenagem póstuma a um dos mais conceituados e íntegros homens públicos da atualidade patense: José Paulo de Amorim. Seria desnecessário, para os residentes em Patos de Minas e adjacências, enaltecer a figura de José Paulo de Amorim, a cujo nome os intelectos se dobram num preito de acatamento e respeito. Mas, é sobremaneira importante que divulguemos alguns dados biográficos de José Paulo de Amorim para que os jovens sintam, no presente, o exemplo que, deles, se espera no futuro.
Nasceu a 28 de abril de 1895, no povoado de Esteios, então Município de Dores do Indaiá-MG. Filho de José Sancho da Cruz e Francisca Maria de Jesus. Ficou órfão de mãe aos 3 anos de idade.
Em Esteios, permaneceu poucos meses, pois seus pais transferiram residência para Estrela do Indaiá, no local denominado “Capoeira do Café”, quando Estrela era Distrito de Dores do Indaiá. Aí residiu até os 12 anos de idade. Neste período, frequentou a escola particular do Prof. José Oliveira Campos durante 7 meses.
Em 1908, seus familiares se transferiram para o antigo Distrito de Lagoa Formosa, no local denominado Campo Bonito, às margens do Ribeirão Mata Burros. Durante um ano, mais ou menos, frequentava duas vezes por semana, a escola do Prof. Jerônimo Venâncio (avô do Sr. João Fonseca, ex-funcionário da Cemig). Sua frequência escolar era pequena porque auxiliava seu pai na vida agrícola.
Em 15 de julho de 1915 casou-se com Maria Teresa de Jesus, falecida em 25 de janeiro de 1925. Com ela teve os filhos José Paulo de Amorim Junior (falecido), Jeremias José de Amorim (advogado) e Ilídio José de Amorim (fazendeiro).
Num segundo casamento com Joventina Moreira (viúva) que já tinha três filhos (Lourival Moreira da Mota, José Moreira da Mota e Ermelindo José da Mota, todos fazendeiros), sendo o religioso em 05/09/1925 e o civil em 20/12/1925, teve os filhos Julieta Moreira de Amorim (lides domésticas), Odilon Moreira de Amorim (fazendeiro), Maria Moreira de Amorim (professora), Paulo Amorim (médico) e Nivaldo Moreira de Amorim (engenheiro). São 68 netos, 73 bisnetos e 1 tataraneto.
Em 1925, transferiu-se para o Distrito de Pindaíbas. Inicialmente residiu numa pequena casa próxima à atual sede de sua fazenda, construída em 1928. Como atividade rural, a industrialização de cada de açúcar, fabricando a aguardente Pingo de Ouro entre 1928 e 1942. A última venda de seu produto foi para a firma Sebastião Alves & Irmãos (Sebastião Satiro), estabelecida na fazenda da Mata dos Fernandes, cfr guia n.º 29 de 26/12/1942, ref. 10.000 litros ou 100 quintos.
Após a eleição de Milton Campos, ingressou na vida política, ocasião em que fundou o povoado de Pindaíbas, hoje em franco progresso e lutando para se tornar distrito. Desde o início sempre ofereceu locais destinados ao funcionamento de escolas, inclusive a atual mantida pelo Estado.
Dotou o arraial, por ele fundado, de água encanada, escola, igreja, luz elétrica, telefone, com interurbanos e interligando várias fazendas. Lá, além do Grupo Escolar, possui um Ginásio, o João XXIII e atravessa grande progresso.
Com estes dados biográficos acima, os então vereadores José Paschoal Borges de Andrade e Wulfrano Patrício, apresentaram à Câmara Municipal de Patos de Minas um projeto de Resolução, 018/75, pelo qual se concedia o título de Cidadania Patense a José Paulo de Amorim, tendo sido o mesmo aprovado por unanimidade em 09 de dezembro de 1975. Após esta homenagem da comunidade patense, o sr. José Paulo de Amorim ainda viu coroados a seus esforços para a elevação do povoado de Pindaíbas à categoria de Distrito a 13 de maio de 1976, pela sanção da Lei n.º 6769 pelo então governador Antônio Aureliano Chaves de Mendonça.
Quando da sessão de outorga do título de Cidadania Patense, as duas correntes políticas que compunham a Casa assim se manifestaram – Arena (em caráter particular): “Meu prezado amigo José Paulo de Amorim. Era meu desejo estar exercendo a Vice-Presidência da Câmara nesta hora histórica para Patos de Minas. O seu título de Cidadão Honorário Patense muito significa para este município que recebeu de seu novo filho os influxos benfazejos do progresso. Desejo que minha ausência seja marcada como uma presença marcante, pois neste momento exato que V. Exa. está recebendo o Título de Cidadão Honorário Patense nós estamos levando a Cristo uma nova turma de homens que virá procurar modificar a face do mundo. Peço a Deus, neste momento, que o continue fazendo feliz junto da família que teve a felicidade de conceber. De seu conterrâneo amigo, Benedito Corrêa da Silva Loureiro”.
O MDB, através de seu líder, à época, Vereador Geraldo Augusto Borges, se manifestou: “Em nome da Bancada do MDB, como líder nesta casa, não poderia deixar de consignar nos anais de nossa Câmara Municipal, votos de congratulações ao nosso querido conterrâneo, que hoje é homenageado pelos representantes do povo, Sr. José Paulo de Amorim, o nosso abraço e o contentamento do MDB que neste dia abraça o mais novo patense”.
Numa demonstração inconteste da preocupação do homenageado, para com a juventude, já algum tempo, doou o terreno onde hoje se edifica o Ginásio João XXIII e fez com que se passasse a escritura de um terreno (o que foi feito em 1980) pouco antes de seu falecimento, para que nele se edifique o Ginásio Estadual de Pindaíbas, numa área de 5.022 m².
José Paulo de Amorim faleceu em 23 de março de 1980. Suas qualidades regorgitam em todas as bocas. Os que tiveram a ventura de conhecê-lo e de com ele conviver lamentam a perda de um verdadeiro espelho de virtudes. Os que o ficaram conhecendo no dia de sua morte, pela exaltação de seus íntimos, lamentam não tê-lo podido aproveitar em vida. Os “Considerando” do decreto n.º 466/80, baixado pelo Prefeito Municipal, palidamente retratam o que foi o cidadão, mas pontificam o “modus pensandi” da comunidade patense sobre a figura marcante que foi JOSÉ PAULO DE AMORIM.
DECRETO N.º 466/80
DECRETA LUTO OFICIAL
O Prefeito do Município de Patos de Minas, no uso de suas atribuições legais, e
CONSIDERANDO ter falecido na presente data o ilustre patense José Paulo de Amorim;
CONSIDERANDO ter sido ele notável homem público, líder de uma vasta região do município de Patos de Minas;
CONSIDERANDO ter pertencido a uma família das mais ilustres, das mais estimadas e consideradas de toda a região;
CONSIDERANDO ainda haver sido ele, durante a sua existência, pessoa de exalçada honestidade, descortino, honradez e dignidade, verdadeiro exemplo a imitar e a seguir;
CONSIDERANDO também a disposição que sempre demonstrou, a sua proficiência e vontade de servir à coletividade de que fez parte como líder e mentor,
DECRETA:
Art. 1.º – Fica decretado Luto Oficial no município de Patos de Minas, por três dias, a partir da presente data.
Art. 2.º – Revogadas as disposições em contrário, este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Prefeitura Municipal de Patos de Minas, 22 de março de 1980.
Dácio Pereira da Fonseca – Prefeito Municipal
Agenor Gonzaga dos Santos – Diretor Departamento Administrativo
* Fonte: Texto publicado na edição de 12 de abril de 1980 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Fotos: Do livro Patos de Minas, Meu Bem Querer, de Oliveira Mello.