Comenta-se em Periquitinho Verde que o Leonardo Branco é um homem muito bem informado, e certamente é em decorrência dessa sua condição de jornalista que sabe de tudo, ou de quase tudo, que o seu programa radiofônico de todas as manhãs na PRK 25 – Rádio Periquitinho, líder em audiência na região do Alto Águaprarriba, tem um nome bem sugestivo: “Se eu sei, tu sabes, ele sabe!”. Em outras palavras, o homem não guarda segredos, distribuindo via microfone todos os “disses” e “me disses” de que toma conhecimento.
Vem daí o prestígio de que desfruta junto aos seus muitos ouvintes, o que já foi comprovado pela Plim Plim Pesquisas, empresa especializada em descobrir para que lado pende a opinião pública periquitinhoverdense. Na última averiguação feita por essa coletora de pontos de vista, juízos, conceitos ou modos de ver as coisas, todos os entrevistados se confessaram fãs incondicionais do apresentador, declarando, mais, que era através dele que a população tomava conhecimento do que acontecia nas salas, salinhas e saletas freqüentadas pelos ocupantes do “andar de cima”.
Na opinião dos tantos ouvintes desse apreciado radialista, o programa do moço é sério e merecedor da maior credibilidade porque todos eles partilham a certeza de que o moço não seria capaz de batizar dessa maneira o seu espaço de uma hora diante do microfone da rádio periquitinhoverdense, se porventura não soubesse realmente do que anda acontecendo por aí, debaixo daquele quieto que só os interessados sabem manter com zeloso cuidado e rigorismo ainda mais compenetrado.
Um exemplo que robustece ainda mais essa unanimidade aconteceu no início da semana passada, quando o Leonardo Branco, com aquele vozeirão firme e cadenciado que Deus lhe deu, informou que cientistas americanos haviam testado em Nova York uma máquina para apanhar ladrões. Coisa de gringo, vocês compreendem, porque lá o “mão-leve” vai para a cadeia, mesmo, enquanto aqui não é surpresa vê-los transformados em deputados, senadores, assessores, ministros e outras coisas mais, colocando vinte “pratas” no bolso de quem se diz pobre e prometendo, com isso, acabar com a desigualdade social no país. Afinal de contas, somos o que somos, e desse destino não conseguiremos escapar jamais.
Equipada com um sistema tecnológico altamente eficiente, a revolucionária invenção apanhou no seu primeiro teste, em Miami, nada menos que 1.500 ladrões, em apenas cinco minutos de uso! Diante disso, os homens resolveram levar o aparelho a um centro mais populoso, e por isso o testaram em Pequim, na China. Resultado: em três minutos, 2.000 ladrões foram flagrados com a boca na botija. Satisfeitos, os inventores escolheram a Cidade do Cabo, na África do Sul, para realizar outra experiência, e lá, em dois minutos, a máquina identificou 3.000 “amigos do alheio” andando tranqüilamente pelas ruas, certamente à procura de alguma boa oportunidade para agirem.
Segundo Leonardo Branco – e é justamente aí que reside a vantagem de quem sabe das coisas -, seus informantes lhe disseram que o derradeiro teste do aparelho identificador de larápios seria realizado aqui no Brasil, mas infelizmente isso não foi possível porque quando os cientistas desembarcaram no aeroporto de Brasília, capital federal, e permaneceram apenas um minuto na sala de desembarque, isso foi tempo suficiente para que alguém lhes roubasse a máquina.