JOVENS INDESEJÁVEIS EM 1965

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7TEXTO: JORNAL FOLHA DIOCESANA (1965)

Dentre muitas cousas de que Patos de Minas pode se gloriar está a parte de seu desenvolvimento cultural. Muito poucas cidades tiveram-no em ponto tão acentuado como o nosso. Durante muitos anos apenas o Colégio Normal Oficial. Depois veio o Colégio de Nossa Senhora das Graças. Ultimamente o Ginásio dos Maristas, o Colégio Municipal, transformado em Colégio Estadual, o Colégio Comercial Sílvio de Marco, Seminário Pio XII, Colégio D. José André Coimbra. Isto é o referente ao curso secundário, pois inúmeros são os grupos escolares disseminados pelo nosso município e pela nossa cidade em quase todos, senão em todos os bairros. Com isto, grande tem sido o desenvolvimento cultural de nossa gente. Basta observarmos, em dias de desfile, como é imenso o nosso mundo estudantil. Temos mais de 3.000 alunos apenas dos cursos secundários. Já possuímos entidades estudantis e culturais que pesam em nosso meio. Mostramos desta forma que somos uma terra rica. Uma terra fértil. Não apenas o seu solo ubertoso é capaz de elevar o nome da terra como a maior produtora disto ou daquilo do país, mas os seus filhos também o têm feito, intelectualmente. A cultura da terra e dos homens é muito intensa.

Mas, mesmo com êste número de educandários, com uma juventude sequiosa e ávida de saber, ainda temos um “mas”. Um “mas” por causa de alguns inescrupulosos que vêm sujar o nome da nossa juventude. Uns metidos a dominantes e capazes de tudo. Quem sabe, “filhinhos do papai” que não sabem comportar-se como gente em lugar algum. Outro dia mesmo aconteceu isso dentro de um dos nossos cinemas. Passou-se um filme de censura para menores de 18 anos, com cenas um tanto quanto imorais, e, uma turminha dessa juventude metida a ser a tal, achou de entrar reunida, já quando havia dado início à sessão cinematográfica fazendo o maior escarcel, perturbando todo o silêncio da platéia. E sentaram-se, todos numa mesma carreira de poltrona e durante todo o filme ficaram a conversar. Se fôsse apenas isto ainda estaria muito bom. E as piadas fortes e inconvenientes numa platéia onde se encontravam senhoras e senhoritas de nossa melhor sociedade? Sinal de que êste comportamento? Falta de educação, simplesmente. Para ser franco, falta de cadeia para essa turma que anda por aí fantasiada de homens. Pois não o é. Podem denominá-la de moleques, isso sim. O que seria bom, nestes casos, que a polícia tomasse conhecimento e colocasse estes indesejáveis para fora do cinema e publicasse o nome de todos, para ver se desta forma tomam jeito. Pois com boas maneiras não se consegue nada. Se conseguisse já teria tido resultado há muito tempo.

Aqui fica a sugestão e o pedido. Que não deixem uma turminha de irresponsáveis moleques sujar o nome de nossa juventude. O pedido não é nosso apenas. O pedido é do povo de Patos de Minas, é da juventude desta terra que deseja vê-la sempre engrandecida e progressista.

* Fonte: Texto publicado com o título “Os Indesejáveis” na edição de 29 de agosto de 1965 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Diariodaregiao.com.br, meramente ilustrativa.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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