GERALDO ALVES DO NASCIMENTO (BAIM)

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Nasceu em Patrocínio-MG no ano de 1913. Filho do Coronel Elmiro Alves do Nascimento e de Ana Ávila do Nascimento, vivendo seus primeiros anos principalmente na Fazenda Bom Jardim, uma das muitas propriedades do Cel. Elmiro. Eram 13 filhos: homens – João, Mario, Tobias, Raul, Elmiro (Mirote), Pedro, Geraldo (Baim) e Sebastião (Binga) e mulheres – Eleonor, Marieta, Maria, Tuquinha e Talita.

Baim, desde cedo, revelou seu pendor para grandes desafios, tais como: montar em cavalo bravo e touros, entre outros, estimulando os irmãos a fazer o mesmo e conquistando a admiração do pai. Entre os maiores desafios ressaltou o de sua juventude, a ida para estudar no Rio de Janeiro onde estudou música e treinou futebol no Flamengo.

No Rio de Janeiro teve como professor o grande saxofonista brasileiro da época, Luiz Americano, citado amplamente na história de nossa música popular. Consta na “história”, que sendo convidado pelo mestre para uma turnê pela Europa, aconteceu um imprevisto: ao solicitar autorização e recursos do pai para a viagem, Elmiro foi até o Rio de Janeiro para conferir.

Coronel Elmiro era uma grande figura, autoritário, mas também visionário. Desejando ver seus filhos formados, possibilitou que todos estudassem da melhor forma, fora de Patrocínio onde, por sua vez, ajudou a criar o colégio dos padres, Dom Lustosa, o das irmãs, e também o Instituto Bíblico, dos protestantes. Qual não foi a surpresa do Coronel ao ver um dos filhos mais admirados querendo ser músico e jogador de futebol? Resultado: Baim voltou a Patrocínio para ajudar o pai em suas fazendas. O apelido Baim veio do fato de ter sido ele, em criança, de cabelos alourados, Bainho como diziam, vinha da cor do cavalo baio, coisas daquele tempo.

Baim se casou em 1938 com a patense Rita Correa Porto, filha de Epaminondas Porto, irmão de Arlindo Porto, grande amigo, compadre e correligionário de Juscelino Kubitscheck. Provavelmente por este fato, em 1941, com 28 anos, já bem realizado e com 2 filhos, mudou-se para Patos de Minas onde comprou, perto do Areado, 2 grandes fazendas: Ribeirão e Confusão.

A vida transcorria bem. Apesar da 2ª guerra mundial o País se desenvolveu, Getúlio Vargas no poder, até que em 1946 veio outro grande desafio: Baim em Patos tornou- se um grande produtor de gado Zebu de origem indiana, além de grande goleiro do URT, um dos 2 maiores times de futebol da região.

Em 1946 Getúlio Vargas fez uma declaração infeliz na exposição de gado em Uberaba, onde predominava forte presença da raça Zebu trazida da Índia por Torres Homem: disse que, para ele, “O BOI VALE O QUANTO PESA” e decretando assim, a chamada quebra do Zebu que prejudicou os criadores desta raça na época.

Baim passou então por dificuldades em consequência da desvalorização de seu grande rebanho e compromissos com o Banco do Brasil. Retornou a Patrocínio e iniciou outra nova etapa de sua vida enfrentando um novo desafio: criou uma orquestra com a qual tocava em grandes festas e eventos em toda a região, inclusive em Araxá, no Grande Hotel do Barreiro. Naquele momento, em 1950, estava ali a grande seleção de futebol do Brasil com a qual até ousou “bater uma bola”.

Em 1952, outro grande desafio: reassumiu seus negócios e recuperou as fazendas de Patos. Algum tempo depois decidiu vendê-las e retornou a Patrocínio após comprar de um irmão, a Fazenda Chalé, onde teria nascido sua mãe. A vida transcorria calma quando em 1954, influenciado pela esposa Rita que pretendia fazer um curso em Belo Horizonte, acabou se mudando para lá, agora já com 4 filhos e iniciando uma vida de capital com o objetivo de melhor destino para os filhos.

Naquele momento a vida dos fazendeiros não estava fácil. Não havia infelizmente, ainda, o poderoso e atual agronegócio, com EMBRAPA, financiamentos subsidiados, etc. Apesar disso, Baim foi quem primeiro fez pesquisas para plantação de café no Cerrado, em Patrocínio, que hoje tem fama mundial. O último desafio foi a compra de uma fazenda em Pedro Leopoldo onde esperava ficar mais próximo da família. A fazenda de Patrocínio, mais distante, e não havendo estrada asfaltada, tornava-se de difícil administração.

Baim foi um lutador, viveu até os 93 anos. Manteve presença ativa em sua fazenda, gostava de música e tocou seu sax até próximo aos 90 anos. Adorava os netos e gostava de colocar apelidos; teve 4 filhos: Sonia, Sidonio, Analice e Geraldo.

* Texto: Sidonio Porto.

* Foto (1933): Arquivo de Sidonio Porto.

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