OSCAR RODARTE E SEU COLLEGIO SÃO GERALDO

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Num artigo assinado por Josafa, publicado nas edições de 24 de maio e 08 de junho de 1967 do jornal Folha Diocesana, ele comenta sobre a escola do Professor Oscar Rodarte, fundada em fevereiro de 1911:

Havia o Colégio São Geraldo, dirigido pelo prof.º Oscar Rodarte, escola particular, impunha nela o prof.º Oscar a sua disciplina e o seu método de ensino; em cima da mesa do mestre, uma rígida e sólida “Santa Luzia” de madeira de lei, e 5 furos e posso garantir que funcionava; funcionava das 7 às 11 horas e do meio dia às 5, sem recreio; eram 9 horas diárias de “escola”; lá em dois anos, tive de aprender a ler, escrever, decorar a gramática de João Ribeiro, uma história do Brasil de perguntas e respostas – aprender tôda a aritmética Progressiva de Antônio Trajano; e ainda decorar poesias, (ah, “Os meus oito anos” do velho Casimiro de Abreu) e discursos para as festas de fim de ano, que recitava tremendo de mêdo de “engolir o começo”; mesmo assim lembro com saudade aquêle tempo, especialmente os colegas.

Natural de Patrocínio, o Professor Oscar Rodarte veio para Patos e se dirigiu aos patenses para discorrer sobre a importância da educação e instrução e apresentar o seu Collegio São Geraldo numa carta datada de 27 de janeiro de 1911 e publicada no jornal O Commercio dois dias depois:

Forasteiro, sem ter aqui meus ascendentes. julgo-me no entretanto, com direito a um pedacinho desta cidade.

Não sou patense de nascimento, mas, de coração, já o sou.

Assim, como filho que ama seu berço natal, amo esta terra, e a ella desejo o progresso, sob toda e qualquer especie, accentuadamente o intellectual.

Tendo-me dedicado, desde tenra edade, á educação da mocidade, que sempre amei, como se fôra uma fibra do meu coração, porque e ella e sociedade de ámanhan, proseguirei aqui no magisterio, tentando dissipar as trevas da ignorancia − monstro amedrontador − que, de dia para dia, caminha progressivamente.

A base solida de bem administrada educação é, incontestavelmente, o mais rico dos dotes que a seus filhos deixam os paes.

A educação è a cultura do coração, e a instrucção é a cultura do espirito.

Aquella recebemol-a em nosso lar, e esta e aquella recebemol-as, duplamente, em um instituto qualquer de educação.

No geral, os paes e as mães de familia incumbem-se unicamente da educação de seus filhos, deixando a instrucção para quem se dedique, excusivamente, a tam difficil mister.

De todas as profissões, julgo sêr uma das mais difficeis a do preceptor, principalmente comprehendendo as responsabilidades que lhe confiam os paes de familia, quando lhe entregam filhos para educar.

O preceptor zeloso, que ama verdadeiramente seus alumnos, e que não faz dos mesmos o orçamento para suas despesas, cultiva-lhes os corações e guia-lhes o espirito para o caminho do bem.

A recompensa material, n’este caso, è cousa que nos não deva importar.

O que estiver ao meu alcance, mesmo com algum sacrificio, para o desenvolvimento intellectual da mocidade patense, gostosamente farei, certo de que, assim, terei cumprido um dever divino e social.

Excusado me é dizer que ministrarei a educação religiosa, a par da intellectual, porque sem aquella não há bom exito desta, e porque estamos em uma população, na sua quasi totalidade, catholica.

Já se acha aberta a matricula para os dous cursos; e, logo que esteja tudo organisado, farei publico o dia da abertura das aulas.

A’s ordens do povo de Patos, espero que, unidos, possamos fazer algo em favôr da educação da mocidade que, mais tarde, entoará hymnos de agradecimento áquelles que cuidaram de sua direcção moral e intellectual.

Si da união nasce a força, unamo-nos e derribemos por terra, herculeamente, a terrivel hydra da ignorancia.

Em desataviadas linhas està, mui resumidamente, a minha apresentação, que irei desenvolvendo aos poucos, quando tracte da elaboração dos estatutos.

Sem ser preciso accrescentar mais, termino este, pondo-me á disposição de todos, e promettendo cumprir fielmente as obrigações que, no magisterio, me são confiadas.

Sejamos fortes, e não nos deixemos vencer pela indifferença!

Avante, Avante!…

Patos, 27−1−911

Oscar Rodarte.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte 1: Trecho do artigo “Memórias de um Patense Sexagenário” das edições de 24 de maio e 08 de junho de 1967 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam, publicado em 20/02/2015 com o título “Algumas Lembranças de 1913”.

* Fonte 2: Texto publicado com o título “Aos Patenses” na edição de 29 de janeiro de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Anúncio publicado na edição de 10 de abril de 1915 do jornal O Riso, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam, publicado em 18/03/2015 com o título “Collegio São Geraldo − 1915”. Veja também “Collegio São Geraldo − 1911”.

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