PAQUERADOR FULEIRO

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Algumas manias caracterizaram muitos personagens da História Global. Por exemplo, dizem que a mania do Napoleão Bonaparte de, vire e mexe, estar com a mão dentro do casaco, era porque lá dentro guardava um frasco de perfume. Outros associam o gesto a uma necessidade de massagear o abdome, seja em função de uma doença de pele ou de suas conhecidas dores de estômago. Mas o mais provável é que a pose esteja ligada mesmo a uma moda artística da época. E quanto ao Emílio Garrastazu Médici que, invariavelmente, estava com a mão no bolso da calça? Dizem as boas línguas que era para manter a ditadura.

Vamos ficar aqui em Patos de Minas que é melhor, porque aqui tem o Cabralzinho, jovem tinhoso cuja mania principal é a paquera, sendo o local preferido para executar a sua arte a praça de alimentação do Centro Comercial Pátio Central. Festas de bairros também o agradam, e ele não perde uma, sempre azarando a donzelas. E toda vez que se apronta para a caça, consulta seu caderno de anotações com uma série de cantadas buscadas na internet, como essas, por exemplo: Pesquisas apontam que agente junto é erro de gramática, mas a gente separado é erro do destino; Você não é GPS quebrado, mas me deixa sem rumo; Gata, se você fosse um tempo verbal, ia ser o pretérito-mais-que-perfeito; Onde é que eu deixo meu currículo para concorrer à vaga de amor da sua vida?; Você não é uma estrada cheia de buracos, mas com certeza é um pedaço de mau caminho; Acabei de ligar para a polícia e dar sua descrição. Agora eles estão atrás de quem roubou meu coração; Eu só não te fisguei ainda porque não tenho anzol para sereia; Se você fosse um refrigerante, com certeza seria Soda, porque só dá você no meu coração.

O que se sabe é que ele nunca conseguiu conquistar seriamente uma garota, porque é muito chato. Até que certa vez se apaixonou de verdade por uma delas que conheceu numa festa junina em frente à Catedral de Santo Antônio. O problema, o grande problema, é que com cinco minutos de papo a futura namorada percebeu a chatura do cara com aquelas frases feitas tiradas da internet. Mas o rapaz ficou insistindo, e ela nada, não queria nem vê-lo. Com isso, a garota foi ficando enfezada, já tinha pedido inúmeras vezes para ele se mancar e nada dele se mancar.

Um dia, a jovem recebeu dele a seguinte mensagem pelo zap:

– Meu amor, toda vez que você sorrir, me envie um cadiquinho dele; quando você chorar, mostre-me suas lágrimas para que eu chore contigo, e quando estiver dormindo, me envie um pedacinho de seu sonho. Te amoooooooooo!

A resposta foi cruel:

– Eu agora estou defecando, aguarde aí que vou te enviar um cadiquinho.

Assim, a garota se livrou definitivamente do garoto.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 25/02/2020 com o título “Palacete Mariana na Década de 1960”.

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