TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1944)
Com recente desarranjo nas comportas do reservatorio da velha usina¹, a cidade assumiu um aspecto claro-escuro que não condiz com o seu estado de florescencia.
Diante do impasse, a Prefeitura não vem poupando sacrificio de remediar quanto possivel a situação, contornando a dificuldade com o claro-escuro a que nos referimos.
Lançou mão do motor a óleo crú, aproveitando todo o seu potencial que só pode iluminar a metade da cidade.
Assim é que cada noite é satisfeita uma parte da cidade em detrimento da outra. A parte beneficiada, na sua noite, olha com superioridade a outra parte, esquecida de que a noite imediata é de desforra.
Enquanto pudermos arranjar o oleo crú, cujo preço é assustador e cujo comercio é escasso, ainda vamos vivendo ora na claridade, ora na escuridão, quando reconhecemos ser verdadeiro milagre o funcionamento do velho maquinàrio.
Só a Sit² poderia tirar-nos do embaraço, acelerando a terminação de seus trabalhos e consequentes instalações para, num “tour de force”, inaugurar a nova luz dentro de 60 dias, iluminando repentinamente toda a cidade e se reabilitando diante de toda a população. Esperemos, porque a esperança é imortal.
* 1: Leia “Companhia Força e Luz de Patos é Concluída”, “Sistema de Cobrança de Energia da Companhia Força e Luz de Patos”, “Usina da Cia. Força e Luz no Ribeirão da Mata”, “Luz Electrica − 1917”, “Eletricidade: Da Lamparina à CEMIG − Histórico da Força e Luz”, “Amadeu e Sua Usina de Eletricidade”.
* 2: Pesquise “usina das lages”. Há vários textos sobre ela.
* Fonte: Texto publicado com o título “Claro-escuro” na edição de 03 de setembro de 1944 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Dois primeiros parágrafos do texto original.