TOCHA DA MÃE DO OURO

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Noite de céu nublado no distrito de Pindaíbas, numa época indefinida do século 20. As poucas estrelas visíveis e a Lua encoberta tornavam a escuridão ambiental mais sinistra que o normal. O povo se dividia entre o lazer nos bares, na praça e em casa. De repente, não se sabe de onde, surgiu do alto uma espécie de tocha incandescente, enorme. A comunidade se assustou. Com um brilho resplandecente, ela desceu girando numa velocidade incrível e caiu numa moita de bambu situada no pasto de uma moradora conhecida pelo nome de Kika.

Espanto geral. Praticamente toda a população se reuniu na praça. Vários moradores da zona rural chegaram, perguntando o que foi aquilo. Ninguém sabia responder. O medo inicial foi sendo substituído pela vontade de ir ao local. Alguns, então, criaram coragem. Munidos de velas, lamparinas, lampiões e algumas lanternas, os mais audazes chegaram lá. E nada encontraram. Um verdadeiro mistério.

A partir daquela noite, o ocorrido tornou-se assunto obrigatório em todas as rodas de conversa. Várias idas ao pasto foram efetuadas e nunca encontraram um único sinal. Até que, pouco tempo depois, eis que o fenômeno se repetiu. Menos assustados, o povo acompanhou a forte luz descendo do céu marcando o seu caminho. Todos os olhos atentos percebiam que, antes de chegar ao chão, a tocha se transformava numa espécie de líquido amarelado, parecendo ouro.

Durante muito tempo o fenômeno se repetiu. O povo já não sentia mais temor, unicamente curiosidade em se deslocar até o pasto para, quem sabe, encontrar algo de valor. Mas nunca encontravam nada, um único sinal. Foi então que, sabe-se lá quando, a comunidade começou a denominar o fenômeno de Tocha da Mãe do Ouro, talvez pelo fato da tocha se transformar em algo parecido com “ouro líquido” quando tocava o chão.

Durante muitos anos o fenômeno foi observado. E sempre o povo tentava de todas as formas encontrar, pelo menos, uma réstia de ouro. Até que foi se espaçando, espaçando, até desaparecer para sempre. A Tocha da Mãe do Ouro se transformou numa lembrança, numa lenda para os mais velhos. E em motivo de “brincadeiras” para os mais jovens. Os poucos antigos sobreviventes, no entanto, ainda esperam que um dia ela retorne.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann, coletado no distrito de Pindaíbas.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto de rfitaperuna.com.br.

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