BOM GOSTO ARQUITETÔNICO

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TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1943)

Não há a menor duvida de que o sentimento de progresso e florescimento de nossa terra forra, hoje, o espirito dos patenses.

O bom gosto arquitetonico das propriedades particulares, enfeitando a cidade, aqui e ali, demonstra a constante invariavel de colaboração de nossa gente com os poderes públicos.

Ainda agora, Amadeu Maciel, que tem verdadeira ojeriza das expressões louvaminheiras dos jornais do interior, não pode esquivar-se do nosso aplauso por transformar a sua residencia em um solar que encanta pelo gosto, pela arte e pela estetica.

Trouxe ele, là de fora, os irmãos Goretti, sempre magnificos na pintura e na ornamentação.

Quem diria que o majestoso edificio da Recreativa nascesse do choque de ideias nas “rodinhas” de um interminável e barulhento “truc” em casa do Cap. Olimpio de Melo!… As trucadas eram estrepitosas, mas sempre a “leite de pato”.

Transformou-se em seiva de Patos, porque o edificio e a organização honram a cidade.

O edificio e o Cine Tupã, expressões maravilhosas e surpreendentes do nosso evoluir, surgiram da mesma fibra dos irmãos Afonsos.

O nosso radio clube, coisa de cidade andiantada, tem as suas raízes num alto falante que revelou a vocação e, mais que isso, o arredondado colorido da voz de Olavo Amorim.

Agora, um punhado de gente boa corre a cidade com uma lista de ações para nos dotar de um hotel¹ que corresponda aos nossos foros de civilizados e esteja na altura dos outros melhoramentos. A vitoria dessa iniciativa é tão certa como a das Nações Unidas. Pela lista que corre, achamos que outras iniciativas virão à Bessa²…

SAUL

* 1: Leia “Sobre a Construção do Hotel Magnífico”.

* 2: Gumercindo Bessa (1859-1913), jornalista e jurista alagoano, foi adversário de Rui Barbosa na Questão Acreana, em que o Estado do Amazonas pretendia incorporar o Território do Acre. Bessa venceu a questão em favor do Acre, apresentando argumentos irrefutáveis e numa quantidade impressionante. Posteriormente, mas não muito, Rodrigues Alves (Presidente do Brasil de 1902 a 1906) diria a um cidadão que lhe apresentava um pedido com justificativas infindáveis: “O senhor tem argumentos à Bessa”. A partir daí, popularizou-se a expressão à beça com o sentido de em grande quantidade ou intensidade. Por que os dois esses viraram cê-cedilha? Ninguém sabe! (Do livro “A Casa da Mãe Joana 2”, de Reinaldo Pimenta).

* Fonte: Texto publicado com o título “Iniciativas…” na edição de 05 de dezembro de 1943 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Quatro primeiros parágrafos do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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