OBRAS NO FÓRUM EM 1937: ONDE O MAU GOSTO IMPERA

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TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1937)

O edifício do Fórum é o orgulho do patense que gosta de mostrá-lo ao visitante. O arquiteto Signorelli fez obra moderna e bonita, bem que defeituosa ao fim que se destinava.

O mal era majestoso na simplicidade de suas linhas retas e na harmonia de sua pintura.

Há pouco tempo, porém, andou por Patos, alto funcionário da Secretaria de Finanças, o qual por aqui aportou para melhorar as instalações da Coletoria local. De óculos e fita métrica à mão, S.S. entrou pelo Fórum, ao lado do construtor João Cirino.

Foi como se ali entrasse o mau gosto. Derrubou e pintou.

Derrubou o belo recebedor da coletoria, colocado em disposição harmônica com a porta da sala dos oficiais de justiça, para substituí-lo por um gradil semelhante aos das jaulas de circo com barrado de balcão de roça, trabalhado em saçafraz.

Pintou a parte interna da repartição arrecadadora de azul, daquele azul berrante de vestido de mulher de roça. Fere aos olhos a desarmonia com a suavidade da pintura adjacente, agora mais em choque com a largura escandalosa da portada. No teto, de onde pendem as teias de aranha, ficou a cor primitiva. O pintor Guilherme Vilela não assume a responsabilidade do seu feito. O coletor afirma que tudo foi ordem “lá de cima”.

O que podemos constatar, no entanto, é a ventilação do prédio perpetrada pela falta da orientação de funcionário que mandou executá-la no intuito de standartizar as repartições sob sua jurisdição. A disposição que deu às salas da Coletoria melhoraram-na, sem dúvida. Contudo, o mesmo poderia ser feito sem prejuízo do bom gosto.

* Fonte: Texto publicado com o título “Onde o Mau Gosto Impera” na edição de 06 de novembro de 1937 do jornal Folha de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Publicada com mais detalhes em “Fórum Olympio Borges em 1945”.

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