FIM AOS POLÍTICOS TEATRAIS

Postado por e arquivado em ARTIGOS.

TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2021)

A política já se constituiu em ideias e ações. Há décadas, são as pessoas, só elas. Ou melhor, as personagens, pois cada político eleito, desde antes das urnas nas fatídicas campanhas, desempenha o seu papel como num espetáculo teatral. O espetáculo está no poder, não mais apenas na sociedade, tão enorme foi o avanço desse mal. É a superestrutura da sociedade, é o próprio político que se transforma em empresa teatral, em “Político Espetáculo”. De uma forma sistemática e organizada, para melhor divertir e iludir o público de cidadãos, para melhor distrair e divertir, e mais facilmente transformar a esfera política em cena lúdica, em teatro de ilusão. O político se transformou em empresa de espetáculos, em “produtor de espetáculos”, fazendo da política encenação. Há décadas, todo político patense se exibe e se dá ares de vedete, do tipo RESPEITO A LEI QUANDO QUERO. Por aí vai a personalização do poder, fiel à sua etimologia. “Pessoa” não é uma palavra derivada do latim “persona”, que significa máscara de teatro?

Há décadas, foi-se a SOLIDARIEDADE. Politicamente, é uma palavra desgastada em Patos de Minas, tanto quanto em todo o país do pau brasil. Sua realidade é, porém, muito necessária. Para reagir poderosamente contra o espírito de ambição e de competição pessoais que polui a vida pública patense. Para recuperar o sentido de comunidade, de fraternidade. Afinal, a política não é um jogo, nem um concurso para “jovens lobos” de dentes compridos e ideias curtas. Eleitorismo, carreirismo… isso tudo é irrisório. “Poder e glória”, honrarias, nada disso tem importância.

Fazer política para conquistar cargos ou postos, agir para satisfazer ambições individuais ou para que entrem em choque rivalidades pessoais, isso tudo é insignificante. A ambição de ser não tem sentido. O que importa é a ambição de FAZER. A de realizar alguma coisa a serviço do público, para melhorar seu destino e começar a modificar sua vida, para lhe ofertar conforto e prazer em viver na Cidade. Isso é o que não existe em Patos de Minas há décadas, na estagnada Patos de Minas com os egocentrismos políticos nefastos aos Contribuintes. Acabemos com a egopolítica, com a política do eu. Egotista, egoísta, egocêntrica. Com a política feita de vaidade e gloríola. A política urge voltar a ser algo diferente. Uma atividade de serviço. E, muito ao pé da letra, um SERVIÇO PÚBLICO.

Também para Narciso já não há mais lugar em Patos de Minas. A política patense jamais será uma atividade de serviço se não deixar de ser um espetáculo teatral. Um divertimento afetado. Um jogo de sombras e luzes, a espalhar sonhos e ilusões aos Contribuintes.

Estarão os patenses dispostos a admitir durante quanto mais tempo esse festival permanente, esse show, essa encenação, que mancha com seus fogos e seus jogos o espaço de nossas vidas? Vamos tolerar até quando essas estrelas políticas, esses ídolos ávidos e caprichosos, que disputam ferozmente o primeiro papel, vazios de ideias, de atitudes, de projetos e de programas? Vamos suportar mais quanto tempo esses assistentes de mídia, os coordenadores de campanha, que intoxicam a opinião pública para melhor vender seus produtos?

Quando tudo se está degradando e pervertendo, quando tudo se avilta e se corrompe, a virtude decisiva está por vezes em dizer NÃO. É o que o patense precisa começar a fazer urgentemente diante da inércia do nosso poder público, que é INCAPAZ, ineptamente e/ou dolosamente, de ACATAR uma única LEI do nosso CÓDIGO DE POSTURAS. Para ele, a arte do teatro. Para nós Contribuintes, o ônus do ingresso. Ouçam o rumor profundo, o rumor subterrâneo que vai crescendo para sublevá-lo. Ouçam a indignação que vem oprimindo esses espectadores involuntários. Trapaceados, enganados, logrados. Ouçam o despertar e o estremecimento daqueles, como eu, que o político teatral tem iludido. Ouçam o seu grito. Ele cabe numa palavra: CHEGA!

* Fonte: O Estado Espetáculo, de Roger-Gérard Schwartzenberg.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann.

Compartilhe