PÊNFIGO FOLIÁCEO CANINO

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O pênfigo foliáceo é, dentre as dermatopatias autoimunes, a mais encontrada em cães, principalmente naqueles em que enfermidades dermatológicas são erroneamente diagnosticadas, de caráter crônico e não responsivos a tratamentos convencionais. O desenvolvimento de tal doença sofre influência de diversos fatores genéticos relacionados à raça do animal e outros, tais como fármacos, alimentação e infecções virais pré-existentes, caracterizando-se por ser uma dermatite pustular de caráter intraepidérmica, sendo esta a principal diferença quando comparada ao pênfigo humano, onde são observadas vesículas intraepidérmicas. As lesões podem apresentar-se localizadas ou generalizadas e acometem normalmente a face, plano nasal, área auricular, região abdominal e, em alguns casos, os coxins plantares. Também pode ocorrer comprometimento ungueal, sendo o envolvimento de mucosas e junções mucocutânea bastante raro.

Num caso específico, o animal apresentou diversas lesões cutâneas, tendo como lesões principais dermatite úmida aguda, lesões crostosas arredondadas em todo o corpo e eritrodermia ventral, além de alopecia com eritema e crostas na face e região periocular. Prurido de grau moderado a intenso pode estar presente. O responsável pelo paciente do relato queixava-se que o mesmo apresentava prurido intenso. Manifestações sistêmicas, como febre, dor, depressão, claudicação, edema, linfoadenopatia e leucocitose neutrofílica podem ocorrer, nas formas graves e generalizadas e é possível ocorrer infecção bacteriana secundária. O paciente apresentou edema nos quatro membros, hipertrofia dos linfonodos e leucocitose, apresentando ainda otite purulenta bilateral e queratose palmoplantar. Num outro caso, um cão que além das lesões comumente observadas na doença apresentava crostas, pústulas e áreas de alopecia na região da cauda.

O diagnóstico é realizado com base na história clínica do paciente, nos sinais clínicos da doença, nos resultados de exames complementares tais como citologia e histopatologia das pústulas presentes na pele, onde é possível se evidenciar células acantolíticas soltas na epiderme, esféricas e com hipercromasia nuclear, sendo denominas células de Tzank, além de ausência de bactérias, achados presentes no exame citológico e histopatológico realizados no caso em relato, porém deve-se analisar a existência de células acantolíticas com precaução, pois tal achado pode estar presente em outras dermatopatias postulares (Val, 2006). O exame histopatológico é o de eleição para o diagnóstico da afecção, e a importância da escolha correta do local da coleta para realização do exame, assim como da utilização da técnica adequada, sendo necessárias diversas coletas, preservando a superfície da lesão.

O tratamento é longo e se baseia na administração de drogas imunossupressoras, sendo efetivo o uso de corticoides, tais como prednisona ou dexametasona, por via oral, diariamente, até que a doença esteja controlada, o que dura em média de duas a oito semanas em aproximadamente 50% dos casos. Princípios ativos tais como azatioprina, ciclosporina, tacrolimus, tetraciclina e nicotinamida também podem ser utilizados. A única desvantagem são as complicações pelo uso prolongado como poliúria, polidipsia, infecções recorrentes do trato urinário inferior, entre outros. Deve-se sempre considerar possíveis efeitos colaterais como anemia, sangramento gastrointestinal e hepatotoxicidade, além da potencial ocorrência de pancreatite aguda. É recomendada a realização de exames periódicos de função renal e hepática.

O pênfigo foliáceo ainda é um grande desafio para os médicos veterinários, pois mesmo com os avanços no diagnóstico e tratamento das dermatopatias, a etiologia dessa afecção ainda continua sendo pouco elucidada e, além disso, a diversidade de fatores associados predispõe às falhas terapêuticas e recidivas. Apesar de ser um achado raro na rotina clínica de pequenos animais, deve ser sempre observado como diagnóstico diferencial naqueles animais que apresentam lesões dermatológicas, principalmente quando não responsivas a tratamentos anteriormente realizados. O exame histopatológico é o exame de eleição para que seja feito o diagnóstico. Com o diagnóstico feito de modo adequado, o tratamento com corticoide é bastante eficaz para o controle da doença.

* Fonte e foto: Pênfigo foliáceo canino: relato de caso, de Adjanna Karla Leite Araújo e Adriana Leão de Carvalho Lima Gondim.

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