LOJA MAÇÔNICA AMOR E JUSTIÇA 3.ª COMEMORA 47 ANOS HOMENAGEANDO FILOMENA DE MACEDO MELO

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Em Sessão Magna aberta a não maçons − a chamada Sessão Branca − realizada em seu Templo, à Avenida Brasil, 510, no último dia 14 [julho/1982], a Loja Maçônica “Amor e Justiça 3.ª”, comemorou o 47.º aniversário de sua fundação.

Naquela sessão, foi conferido à Profa. Filomena de Macedo Melo, o título de “Reconhecimento Maçônico”, pelos relevantes serviços prestados no setor educacional. Compareceram várias autoridades e convidados especiais, dentre os quais destacamos: Dr. Manoel Pereira Resende Filho, Promotor de Justiça e também maçon; Dr. Américo Caixeta Santana, Promotor de Justiça do 1.º Tribunal do Júri de Belo Horizonte; Prof. Ricardo Rodrigues Marques, Vice-Prefeito e representante do Prefeito Municipal; Prof. Dercílio Ribeiro de Amorim, Presidente da Câmara Municipal e Diretor do Colégio Kennedy e do jornal “Correio de Patos”; Tenente Hélio Pedro da Silva, representante do 15.º Batalhão da Polícia Militar; Rev. Jaime Afonso Ferreira, Pastor da I Igreja Presbiteriana de Patos de Minas; João José Chagas, Presidente do Sindicato dos Motoristas; Antônio Oliveira Dias, Vice-Governador do Lions Club-Distrito L13; Maria Elizabete Pupin Vieira, Coordenadora Social do CEAPS; Dr. Élber Machado Cordeiro, Delegado de Trânsito e Presidente do Rotary Club; Oswaldo Amorim, Suplente de Deputado Federal; Gleide Lima Verde Pereira, Diretora da APAE. Estiveram presentes também, alguns familiares da homenageada. Notava-se a presença de grande número de maçons, membros da Loja aniversariante e de outras Lojas, quase todos acompanhados de suas respectivas esposas.

A homenageada da noite foi introduzida no Templo sob uma abóboda de aço, tomando assento no Altar, onde se encontrava o Venerável de Honra, João Resende Lima e o Venerável da Loja, Waldemar Menezes, que proferiu as seguintes palavras:

Nossa homenageada D. Filomena, autoridades civis e militares, representantes de entidades e clubes de serviço, demais convidados, Venerável de Honra desta Loja, João Resende Lima, prezados irmãos e cunhadas.

A nossa reunião de hoje tem um duplo motivo: Primeiramente comemoramos o 47.º aniversário de fundação desta Loja. Inaugurada na cidade do Carmo do Paranaíba, em 14-07-1935, teve sua sede transferida para esta cidade, onde iniciou suas atividades em 28-12-1939. Foram anos de muitas lutas, alternando esperanças e desenganos, alegrias e tristezas, êxitos e frustrações, mas nos sentimos felizes porque acreditamos positivo o saldo de nossos esforços.

Vivendo os maçons no seio da sociedade e perante as autoridades, hoje aqui tão bem representadas, ousamos afirmar, sem vanglória e sem falsa modéstia que aqueles que se dão ao trabalho de observar a vida de cada um dos componentes desta casa, terão sem dúvida, de reconhecer um aperfeiçoamento constante de suas personalidades. É que a maçonaria além de suas atividades externas, sempre levadas a efeito com singeleza e sem alarde, exige de seus associados, um dever indeclinável. Ritualisticamente dizemos que é o “Trabalho sobre a Pedra Bruta”, isto é, o dever de cada um quebrar as arestas de sua personalidade, corrigir os próprios erros de conduta, combater as paixões e vícios degradantes, buscando tornar-se cidadão honrado, livre de preconceitos, ativo, laborioso, sempre voltado para o progresso e bem comum. Em síntese: o maçon deve tornar-se um homem que dignifique a família, a Pátria e a humanidade.

Justifico assim, minha ousada afirmativa de que o testemunho da sociedade tem de ser no sentido de reconhecer o crescimento moral dos que aqui se reúnem, pois do contrário, a sua permanência em nosso meio não seria possível.

Em segundo lugar aqui estamos para prestar uma justa homenagem. Homenagem de reconhecimento e gratidão a uma educadora que não tem medido esforços no desempenho de sua árdua tarefa. Educadora de reconhecido espírito e consagração incontestáveis.

Refiro-me à professora Filomena Macedo de Melo. Mestra por vocação, iniciou muito cedo o seu magistério. Como o exerce por vocação e não simplesmente, como profissão, ainda não quis valer-se do direito de justa e merecida aposentadoria. Continua à frente de nosso mais tradicional estabelecimento de ensino de 1.º e 2.º graus − Escola Estadual Dr. “Antônio Dias Maciel”, a nossa ESCOLA NORMAL.

Felicidade para as jovens que contam com a instrução de experiente e sempre atualizada Mestra; satisfação para os professores e demais funcionários que trabalham sob sensata supervisão; tranquilidade para os pais que confiam suas filhas a uma orientadora de princípios sadios e moral inatacável, o que constitui qualidades pouco encontradiças nos dias que correm.

Todos os familiares dos membros desta Loja, e poderíamos acrescentar, quase a totalidade das famílias patenses, são beneficiárias da dedicação desta grande mestra, razão porque nesta noite prestamos-lhe nossa sincera homenagem.

A seguir, foi apresentado o Currículo da Homenageada.

Nasceu em Saúde, hoje Perdigão, no Oeste de Minas, em 05 de fevereiro de 1914, filha de José Ferreira de Melo e de D.ª Philomena Augusta de Melo. Fez seus primeiros estudos em Dôres do Indaiá, continuando-os em São Gonçalo do Abaeté e indo terminá-los em novembro de 1934, na E.E. “Francisco Campos” de Dôres do Indaiá.

Iniciou sua carreira no magistério em 27 de fevereiro de 1935 no Grupo Escolar “Marcolino de Barros”. Em 1940, foi convidada para lecionar em classe anexa na Escola Normal Oficial de Patos de Minas, hoje E.E. “Prof. Antônio Dias Maciel”, permanecendo como professora até 1943. De 1944 a 1945, fez curso de Aperfeiçoamento Pedagógico no Instituto de Educação de Minas Gerais, antiga Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte. Em 1946, foi nomeada Diretora da então Escola Normal Oficial de Patos de Minas, cargo que exerceu ininterruptamente até o ano de 1952.

Nas férias de janeiro e julho dos anos de 1947 a 1954, fez diversos cursos promovidos pela Secretaria de Educação e Cultura de Minas Gerais. No segundo semestre de 1954, foi contemplada com uma bolsa para fazer um curso de Didática (antiga Metodologia), no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos na cidade do Rio de Janeiro. Em 1956, fez outro curso pelo Programa de Assistência Brasileiro Americano do Ensino Elementar, convênio Brasil/Estados Unidos, realizado em Belo Horizonte.

De 1952 a 1958, exerceu apenas o magistério, lecionando Introdução à Educação e Didática, Prática e Teórica, cadeira das quais é professora efetiva. Em 1958 é novamente designada Diretora da Escola Normal, cargo em que permanece até hoje. Em 1963, participou da reforma do Ensino em Minas Gerais. Em 1968, recebeu o título de “Cidadã Honorária de Patos de Minas”, autorgado pela Câmara Municipal em reconhecimento aos seus serviços prestados em favor da comunidade patense.

Em 1972, integrada a uma equipe da 18.ª Delegacia Regional de Ensino de Patos de Minas, elaborou uma análise da situação e histórico do Ensino Normal em Minas Gerais, tendo como base o ensino da Escola Normal Oficial de Patos de Minas. De 1972 a 1974, coordenou os estudos da Lei 5692/71, por designação do Dr. Dácio Pereira da Fonseca, então Delegado de Ensino. Coordenou o Mobral na gestão dos Prefeitos Ataídes de Deus Vieira, e Sebastião Silvério de Faria. Foi Chefe da Seção de Ensino da Prefeitura Municipal na gestão do Prefeito Sebastião Alves do Nascimento.

Em maio de 1982, a Escola Normal Oficial, hoje E.E. Prof. “Antônio Dias Maciel” de 1.º e 2.º graus, comemorou o cinquentenário de sua fundação, sendo realizadas grandes solenidades que marcaram mais uma vez o dinamismo de sua diretora. Hoje, com 47 anos de exercício do magistério, D.ª Filomena de Macedo Melo exerce com carinho, e dedicação, dando de si para o desenvolvimento cultural de nossa cidade, todo o seu esforço e todo o seu trabalho. Além de mestra autêntica dedicou-se a sobrinhos órfãos, criando-os e educando-os como se fossem seus próprios filhos. Essa é a nossa mui digna homenageada, D.ª FILOMENA DE MACEDO MELO.

Foi concedida a palavra ao Orador Oficial da Loja, Dirceu Deocleciano Pacheco que assim se expressou:

Quarenta e sete anos são passados, desde aquele 14 de julho de 1935, quando um grupo de dez maçons liderados pelo Irmão Américo Elias de Tompa − húngaro de nascimento, que se radicara no Brasil − ergueram na vizinha cidade de Carmo do Paranaíba, as colunas da Loja “AMOR E JUSTIÇA 3.ª”. O dia 14 de julho não fora escolhido ao acaso.

Dia em que se comemorava a Tomada da Bastilha; dia em que o povo conseguira se sobrepor à opressão dos tiranos; dia consagrado à Liberdade dos Povos era propício para se inaugurar uma unidade da Sublime Instituição que se propugna pela LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE.

Apesar do esforço hercúleo daquele pequeno grupo que num período de cinco meses apenas construiu seu templo próprio. Apesar do florescente período em que onze novos maçons foram iniciados naquele templo, as incompreensões do povo daquela vizinha cidade, geravam tenaz perseguição à nova Loja, através de uma guerra fria contra os maçons, pelos intolerantes, que a pouco pouco foi crescendo e tomando feições muito graves.

Diante disto, no dia 13 de março de 1939, reunidos os maçons e levados pelo bom-senso, deliberaram transferir a Loja para Patos de Minas, delegando-se ao Irmão Aguinaldo Magalhães Alves, plenos poderes para tomar as providências necessárias.

E no dia 28 de dezembro de 1939, realizou-se já no antigo templo erguido neste local, a eleição da nova diretoria, sendo eleito Venerável o Irmão José da Fonseca. Muitas lutas foram vividas e muitas vitórias alcançadas. A semente plantada nesta cidade, germinou, cresceu e produziu muitos frutos. No dia 22 de março de 1975, com grandes solenidades, foi inaugurado este novo templo. Somos hoje 98 membros ativos e nesta hora, só podemos elevar os nossos pensamentos ao Grande Arquiteto do Universo, para render-lhe graças que dele temos recebido.

Ilustres autoridades e visitantes, queridas cunhadas, Venerável Mestre e Dignidades da Oficina, prezados Irmãos, distintos familiares de nossa homenageada, nossa muito querida D. FILOMENA DE MACEDO MELO. Dizer-lhes de nosso contentamento em receber nesta noite, tantos amigos e visitantes ilustres, tornar-se-ia quase que desnecessário, posto que podemos ver hoje superadas as incompreensões de meio século atrás, proporcionando-nos o prazer de vê-los aqui congregados conosco. A todos, o nosso MUITO OBRIGADO.

Não bastassem os motivos naturais, provenientes da comemoração de uma data natalícia, os membros da “AMOR E JUSTIÇA 3.ª”, têm hoje razões de sobra para se regozijar, ao homenagear uma das mais respeitáveis figuras de nossa comunidade. Nossos regulamentos prevêem a concessão do título de RECONHECIMENTO MAÇÔNICO, àqueles que não sejam maçons e que tenham prestado relevantes serviços à Ordem Maçônica, à Pátria e à Humanidade. Dentro do espírito de se comemorar mais condignamente o nosso quadragésimo sétimo aniversário de fundação, resolvemos escolher alguém da comunidade, a quem conferíssemos o referido título e não foi surpresa para nenhum de nós, vermos aclamado por unanimidade o seu nome respeitável e digna PROFESSORA FILOMENA DE MACEDO MELO.

Toda função proporciona privilégios e gera dificuldades e eu nesta hora, no cumprimento da função de meu cargo de Orador desta Loja, me vejo numa encruzilhada das duas condições. Dificuldade, porque saudar e enaltecer uma pessoa de seu valor, ilustre mestra, é tarefa assaz difícil, que causaria receio a qualquer pessoa. Recuo agora o meu pensamento, ao já longínquo ano de 1946, quando a jovem professora assumia a direção da tão querida Escola Normal e eu lá estava, de calças curtas, cursando o 2.º ano primário, para depois, nos anos subsequentes, até a minha adolescência, receber de sua pessoa os ensinamentos e a influência que haveriam de colaborar efetivamente no amoldamento de minha personalidade. É exatamente por isto, minha querida D. Filomena, que vejo agora, no cumprimento dessa missão que é árdua, ao falar-lhe com amor quase filial, a recompensa de um privilégio invulgar.

O que teria feito a modesta professora para merecer esta homenagem? Os seus 48 anos de magistério completados no último dia 17 de fevereiro seriam suficientes, ainda que eles tivessem transcorrido apenas dentro do simples espírito de cumprimento do dever. Entretanto, é a senhora mesma quem afirma que “o magistério é um trabalho a que não se chama profissão, trabalho este que lhe traz muita alegria, por estar muito ligado à família”. É a senhora mesma quem reconhece ser a professora a segunda mãe e nisto concordamos todos nós e já afirmara o poeta SER MESTRA é ser mãe; como é ter também milhões de filhos e nenhum não ter!… É a senhora mesma quem reconhece “sempre ser enérgica, sem nunca ter sido ‘boazinha’ declarando até, ter vergonhas e o tivesse sido um dia”.

Realmente, a difícil arte de educar não consiste apenas em ensinar as letras e instruir. Educar é muito mais que isto. Educar é forjar personalidades. É preparar pessoas para o futuro. É transformar indefesas crianças em futuros dirigentes. Educar é segundo o dicionarista Caudas Aulete, formar a inteligência, o coração e o espírito de alguém. Educar é tarefa que compete aos pais e à igreja, em perfeita consonância com os professores, daí a perfeita colocação da professora como segunda mãe. E nesta arte, a senhora tem sido mestra em toda a extensão da palavra.

Centenas e centenas de pessoas, talvez milhares em nossa comunidade, receberam a sua contribuição na formação de suas personalidades. A sua dedicação até excessiva ao trabalho, que até se constitui em sacrifício e prejuízo a sua saúde e o seu bem-estar, fazem-na um símbolo da comunidade. É isto que a senhora tem feito. Servir com amor, com zelo e com dedicação. É isto, prezada D.ª Filomena, que a Loja “Amor e Justiça 3.ª” hoje reconhece e por extensão, toda a Maçonaria Universal, que nos alegra e satisfaz, por isto que fazemos justiça a quem tem durante quarenta e oito anos pugnado pelo combate ao obscurantismo, um dos apanágios de nossos templos. O prazer e o privilégio de lhe falar foram cumpridos, entretanto, a tarefa de enaltecê-la se mostra realmente árdua e nada conseguimos fazer. Sentimos, mas não sabemos como dizer. Assim, peço-lhe permissão para que a poetisa Marly G. Fróes, diga por nós, tudo aquilo que não nos foi possível em sua

Oração à Mestra

Glória a ti, força eterna e construtora,
Que plasmas a grandeza de uma raça.
Heróica e maternal – educadora – És a chama divina que perpassa,
Como uma sombra santa e protetora.
Glória a ti, que o progresso à mocidade
Semeias. E, com tua inteligência,
No apostolado da fraternidade,
Transmutas a ignorância, na ciência,
Ensinas o dever e a lealdade.
Glória a ti, mestra humilde e ignorada,
Pela sua tarefa abençoada,
Pela tua missão de paz e amor!
Glória a ti, que pregaste à criançada,
O evangelho do Bem e do Labor!

Meus senhores, minhas senhoras, jovens, autoridades presentes e Venerável WALDEMAR MENEZES. D. Lúcia Casassanta, viúva do Dr. Mário Casassanta, e minha professora de Comunicação e Expressão, naquele tempo Linguagem, dizia-nos que as palavras trazem em si um impulso de comunicação, daí a necessidade que sentimos de nos comunicar. Neste momento ocorreu-me o pensamento de que não são só as palavras que trazem este impulso de comunicação e portanto, de crescimento, de expansão. O sentimento humano, também traz em si essa força de comunicação e de expansão.

Em época perdida na noite dos tempos, um grupo de homens, sentindo dentro de si a vontade de ajudar seus semelhantes e de fazer justiça aos injustiçados se reuniu e resolveu trabalhar para que o sofrimento humano fosse minorado. Muitos anos já se foram e muita coisa entre elas por mim ignoradas foram realizadas por aquele grupo que cresceu e se expandiu, formando uma entidade que se chama Maçonaria. Esta Loja, que traz o nome de “Amor e Justiça 3.ª”, completa hoje 47 anos. Apresento-lhe aqui meus parabéns por este aniversário e pelo trabalho que vem realizando a serviço do Bem.

Caros presentes, Sr. Venerável, ao deparar-me no pórtico deste Templo e verificar que teria eu que passar sob uma cúpula retangular formada por espadas, cujas pontas se encontravam apontando-nos para o alto, como a lembra-nos de algo Sublime, senti-me como se estivesse em um lugar sem ódio, sem rancor, sendo o ponto alto o Amor e a Fraternidade.

Ocupando este lugar de distinção neste Templo, ao passar o olhar pelas fisionomias das pessoas que aqui se encontram e vendo em cada uma transparecer serenidade, segurança e honestidade, sinto-me deslumbrada. Honrada, envaidecida e emocionada, aqui me acho, para, dentro de minhas limitações, trazer a esta casa o meu mais profundo e sincero agradecimento e o de minha Família pela homenagem que neste momento prestam-me os Senhores Maçons, num gesto de cavalheirismo, usando ainda as palavras rendilhadas e buriladas de meu ex-aluno e sempre querido amigo, Dirceu Deocleciano Pacheco.

Embora com frágil estrutura emocional, por tão significativa homenagem, sinto-me bem neste Templo, por achar-me entre pessoas amigas e pelo fato de o Salão de Festas desta casa trazer o nome de Américo Tompa, de saudosa memória, e que em vida foi amigo de meu pai e de meu irmão, Napoleão Ferreira de Macedo Melo, quando, o Patrono do referido Salão, nas andanças pelas plagas do Alto Paranaíba − o então Oeste de Minas − com o objetivo de comprar a preciosa gema − o diamante, que brilhava nas bateias dos confiantes garimpeiros, por permeio do bruto cascalho dos Rios Santo Antônio das Minas Vermelhas, Rio Abaeté e Rio Santo Antônio das Águas Frias, comumente hospedava-se em nossa casa, nesta cidade, à rua Teófilo Otoni, entre os anos de 1937 a 1939.

Disse eu: Significativa homenagem − Sim! Pois parte de uma Entidade nascida de gente simples e cuja exigência, entre outras, é acreditar em Deus, nosso Ser Onipotente, Criado e Dono de todas as coisas. Sim. Não somos donos de nada, nem de nossas próprias vidas. Para esta Entidade, pouco importa a cor, a classe, a religião. Tiradentes, Pedro I, Caxias, Pedro II e pessoas por nós chamadas indevidamente de classe humilde, passaram a ser consideradas Maçons, quando ingressaram na Entidade. Os títulos, situações econômicas, cargos, nível de cultura não importavam e nem importam. Acredito que o Criador nos vê por este prisma. Faz parte da filosofia da Entidade: Sem alarde, sem badalações e muitas vezes de maneira incógnita, promover o bem.

Ao passar pela Terra, Senhores Maçons e demais presentes, vivemos sempre momentos de indiferença, de luta, de aborrecimentos, de paixões, de tristezas, de trabalhos e de alegria. Hoje, Senhores Maçons, os senhores marcaram em minha vida um grande momento de alegria. E os senhores foram bem vivos, pois escolheram para me saudar um de meus ex-alunos e sempre amigo, Dirceu. O aluno vê sempre a professora, como alguém que transborda de valores excepcionais. A professora não erra, não peca. Se errou, se pecou o aluno esquece. O amor à professora apaga todo erro que ela tenha cometido. Ele vê a professora como um ser acima de todos os outros.

Como prova disto vou contar-lhes o que eu ouvi de um respeitável senhor: Estava ele com um grupo de amigos na “esquina do Major”, ali onde fica a Livraria Católica. Entre eles, estava um que fazia um comentário desairoso a todas as pessoas que passavam. Passou por ali, mais um transeunte: um senhor. Aquele senhor que se julgava dono da Verdade, nada disse, a não ser, respeitosamente: Bom dia! Alguém do grupo perguntou-lhe: “E este? Você não tem nada a censurar-lhe?”. E recebeu, então, a seguinte resposta: Este? Este foi meu professor”!

TENHO DITO.

* Fonte: Texto publicado com o título “Loja Maçônica ‘Amor e Justiça 3.ª’ comemora 47 anos” na edição n.º 52 de 31 de julho de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto 1: Jornalperiscopio.com.br.

* Foto 2: Arquivo da Escola Normal.

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