Marcava o nosso chronometro 10 e 23 minutos da manhã quando na parte nordeste do sol começou o seu eclipse annunciado para o dia 10 e visivel no Brasil.
Esse acontecimento de dominio da astronomia mostrou-se visível, quasi a olhos nús, foi pena não ter sido total para que apreciassemos um bello quadro que, talvez, não se reprodusa mais para nós miseros mortaes. Ainda bem; 25 minutos havia passado p.m. e um sopro frio percorreu a nossa Cidade, nessa hora foi completa a phase do eclipse; uma luz desmaiada, como se fosse os ultimos lampejos de uma lâmpada, empallideceu o nosso horizonte; uma pleiade de colleiras brincava no ar, sedusidas pelo phenomeno astronômico; a pouco e pouco a parte nordeste do sol foi se encobrindo e desvaneceu-se lentamente a luz fria e branda do Astro Rei.
No dia 24 deste, teremos outro phenomeno tambem identico, passando-se , porem, á noite − é o eclipse da Lua, que, com quanto sem as belezas do do sol, no entretanto deixa ver a vida da materia na sua harmonia, obedecendo ás leis immutaveis, mostrando a Omnisciencia no nosso Creador.
* Fonte: Texto publicado com o título “Eclipse do Sol” na edição de 14 de julho de 1907 do jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.
* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.