CINE TUPÃ

Postado por e arquivado em DÉCADA DE 1940, FOTOS.

Na década de 1940 os Cines Magalhães e Glória já estavam em decadência. Não havia mais a apresentação de cinemas ambulantes e muito menos a euforia de antigamente, que chegava a soltar fogos para anunciar a sessão. Será que povo já havia enjoado daquilo tudo?

Bermudes Afonso de Castro não acreditava nessa de que o povo já estava enjoado de cinema. Afinal, em Belo Horizonte os filmes faziam a alegria de muita gente. Com característica dos empreendedores de hoje, o Cine Tupã foi inaugurado por Bermudes em 1940, possibilitando a Patos de Minas ter um dos mais modernos cinemas de Minas Gerais, perfeitamente comparável aos de Belo Horizonte. Dotado de poltronas modernas, amplo balcão, aparelhagem “Zeiss-Ilkon”, exibiu na primeira sessão o filme “Louca por Música”, com a estrela Deane Durbin.

A chegada do Tupã e seu “modernismo” voltou a direcionar as pessoas para o cinema. Tanto que o “vai-e-vem” da Rua General Osório, entre Major Gote e Avenida Getúlio Vargas, por causa do Cine Glória, que já não era nem a sombra dos áureos tempos, foi transferido para a Major Gote entre General Osório e José de Santana, por causa do novo cinema. Foi neste período que se firmou novamente¹.

Dois fatos interessantes destacados pelo historiador Geraldo Fonseca. Um era a paixão que o Cel. Arthur Magalhães, fundador do Cine Magalhães, tinha pelo cinema. Mesmo abandonando as atividades empresariais, era frequentador assíduo do Tupã. O outro diz respeito à enchente do Rio Paranaíba em 1941, quando os patenses ficaram na iminência de perderem as sessões, porque os filmes aqui chegavam via Catiara ou pela jardineira de Riolando Ribeiro, de Patrocínio. Na cabine do cinema ficou retido o filme “Seu Único Pecado”, com Akim Tamiroff e Heater Angel. Enquanto o tráfego esteve impedido, por mais de 20 dias era o único filme exibido. Teve expectador que o viu mais de dez vezes.

Enquanto o Tupã fazia sucesso e era o “xodó” da cidade, mentes maquinavam novos empreendimentos. Em 1948, Amadeu Dias Maciel inaugurou o Cine Olinta², no prédio ocupado pela Rádio Clube de Patos em 1959. O empreendimento de Amadeu não durou muito. Em 8 de junho de 1960 é inaugurado o Cine Garza, com 1.200 cadeiras e projetores de última geração. Foi um baque para o Tupã. Não houve tempo nem para respirar, pois um ano depois abriu as portas o Cine Riviera, mais moderno ainda e com 1.500 lugares. Não houve como resistir. Assim, em 1961 o Cine Tupã encerrou as suas atividades.

Na foto, na então Rua Benedito Valadares, hoje Major Gote, o Cine Tupã a pleno vapor no início da década de 1940. Ao seu lado esquerdo, na esquina com a Rua Olegário Maciel, o Edifício São Bento (de Abner Affonso de Castro e Bermudes Affonso Alves), em construção.

0* 1: Leia “Vai-e-Vem”.

* 2: Leia “Cine Olinta: Reforma e Cinemascope – 1956”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca, e Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello.

* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

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