TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1911)
Em nossa cidade, aquelle que se preza, que não quer chafurdar no lodaçal do vicio, passa uma vida insipida, sem um entretenimento util, sem um meio de gosar alguns momentos mais divertidos e agradaveis, após aquellas horas dedicadas ao trabalho quotidiano.
A não ser o bailesinho filado, de longe em longe, a um anniversariante ou a um outro qualquer, ou um theatro, quasi de anno em anno, aqui em nossa terra, vemos o moço condenado ou a ficar em casa, nos dias de descanço, a dormir e a sonhar, ou a abeirar-se do panninho verde, ou a agarrar-se à orelha da sota, que afinal vem a dar na mesma.
Aos domingos, após o cerramento dos estabelecimentos commerciaes, onde se encontram, às vezes, algumas rodinhas de bôa prosa (o unico refugio, no meio de tanta insipidez), aos domingos, então, a vida ainda é mais triste aqui.
Para sanar a falta que faz uma casa de diversão, para que a mocidade patense possa levar uma vida mais alegre e proveitosa, nos momentos de folga do trabalho, apontamos-lhe uma medida salvadora − a fundação de um Club Litterario.
Patos, Cidade que marcha, embora a passos lentos, na estrada do progresso, possuindo como possue, uma plêiade de moços distinctissimos e inteligentes, deve ter um Club Litterario, que lhe marcarà, por certo, nova éra de prosperidade.
A mocidade patense não deve deixar-se ficar na indifferença, deve, o quanto antes, tratar da fundação de um Club Litterario, para, cultivando a sua intelligencia, passar algumas horas mais divertidas, unindo o util ao agradavel.
Avante, pois, mocidade!
Vós que sois a esperança d’esta terra, cujo futuro està em vosso querer, trabalhae, trabalhae sempre para o seu progresso, começando pelo progresso intellectual e moral!
Avante!
* Fonte: Texto publicado com o título “Uma Medida Salvadora (À Mocidade Patense)” na edição de 19 de fevereiro de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.
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