SOGRA ADIVINHONA

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O Celestino, 14 anos, filho único, morava com a mãe viúva, Dona Isaura, quando começou a trabalhar na Agroceres para ajudar no sustento da casa. Era o tempo em que o jovem podia por livre e espontânea vontade conciliar estudos com trabalho e que aqui em Patos de Minas a História está repleta de exemplos de sucesso, ao contrário de hoje, em que a Lei está fomentando a formação de uma enorme casta de jovens ociosos mancomunados com o capeta.

Pois bem, o Celestino, brioso e inteligente, com o passar dos anos foi galgando posições até chegar ao posto de chefe de seção quando completou 23 anos de idade. E foi lá que conheceu a loura Galdina, linda moçoila da sua estirpe, dois anos mais nova que ele. Foi paixão à primeira vista, duplamente. O mancebo, depois de vários namoricos dietéticos e sem graça, dessa vez foi tomado por uma euforia estonteante. Após seis meses de namoro, ele considerou que era o momento de apresentar a moça à mãe:

– Mãe, desta vez é pra valer, conheci uma linda garota, direita, de família também direita eu vou trazê-la aqui hoje à noite para a senhora conhecê-la.

Dona Isaura, já acostumada com os fogos de palha do filho, isto é, dos diversos namoros que não passavam de uma semana, mostrou-se discreta. Mas o jovem insistiu e até propôs uma brincadeira: ia trazer a namorada e duas amigas dela para que a mãe adivinhasse qual delas seria a sua nora. Dona Isaura até que considerou a brincadeira simpática e topou.

E a reunião do Celestino e suas três amigas com a mãe foi agradável. Já a sós com Dona Isaura, o filho, numa ânsia incontida, queria logo saber a resposta da mãe. E Dona Isaura, já assumindo o papel de sogra e com cara de poucos amigos, escancarou:

– Das três, não fui com a cara da loura, a tal de Galdina.

Os colegas de trabalho da Agroceres dizem que não foi nada fácil a vida social entre Dona Isaura e Galdina, e que a coisa deu uma pequena melhoradinha só depois de quatro anos com a chegada da Duda, a netinha Eduarda.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.

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