ADÉLIO GOMES FERREIRA ATÉ 1980

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Dr. Adélio Gomes Ferreira − farmacêutico, formado pela Universidade de Minas Gerais, patense nascido na fazenda Santa Maria (distrito de Bom Sucesso).

Casado com D. Dilza Piau Gomes, têm dez (10) filhos: Helvecius Ibaê, Dr. Martius Adélio (médico atuante em nossa comunidade), Kayte Glóris, Maria Hilda, Maria Angélica, Maria de Fátima, Anailda, Nelson Severino, Auro Adélio e Helvia Paulina.

Fez o curso ginasial em Patrocínio, no Ginásio D. Lustosa, e em 1940 ingressou no curso Complementar da Faculdade de Odontologia e Farmácia da Universidade de Minas Gerais. Em 1942 fez Vestibular, ingressando no 1.º ano de Farmácia, formando-se em 1944. Com o ingresso na Faculdade foi eleito representante de turma, em seguida representante junto ao Diretório Central dos Estudantes e em abril de 1942 eleito presidente da Entidade, mandato que exerceu até 1943. Chefiou a representação de 102 estudantes junto ao 2.º Congresso da UNE. Foi, em 1943, fundador da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais, sendo 1.º secretário da sua primeira Diretoria.

Elegeu-se presidente do D.A. da Faculdade. Como presidente do D.C.E. tornou-se representante discente junto ao Conselho Universitário de Minas Gerais.

Quando estudante, na politica estudantil de combate à ditadura conviveu com jovens, hoje homens públicos, como Rondon Pacheco, Carlos Castelo Branco, Oscar Dias Corrêa, Paulo Campos Guimarães, Renato Azeredo e outros que hoje se destacam no cenário nacional.

Formado em 1944, plantou em 1945 a bandeira da UDN em Patos de Minas na campanha de Eduardo Gomes, candidato a Presidente da República.

Recém-formado, desconhecido no cenário político municipal, iniciou sua profissão com farmácia e sem tomar conhecimento dos grupos e facções políticas existentes no município. Sob a orientação de Milton Campos e Pedro Aleixo, fez a campanha do Brigadeiro Eduardo Gomes e posteriormente de Milton Campos ao Governo do Estado. Em 1947 eleito Vereador à Câmara − no exercício do mandato foi líder da maioria e secretário do Legislativo. Em 1948 foi Secretário de Diretório Regional da UDN e em 1950 elevado ao cargo de presidente do partido, permanecendo até 1967, época em que, pelo fato de ser de formação democrática, e ter combatido quando jovem a ditadura, para ser coerente, abandonou a política até os dias atuais.

Candidatou-se a refeito em 1962, e obteve uma expressiva votação.

No meio social patense, foi fundador em 1946 do Patos Tênis Club, tendo sido Secretário da primeira Diretoria. Idealizou e fundou em 1957 a Cooperativa Mista Agro-pecuária de Patos de Minas, tendo sido Diretor e Secretário por duas gestões e Diretor Comercial em uma gestão.

Em 1959 lançou a semente de um colégio gratuito de 1.º e 2.º graus, em Patos de Minas, o que deu origem ao atual Colégio Estadual. Sempre defendeu o desenvolvimento do Município em todos os setores especialmente no Educacional e de Comunicações.

Em julho de 1969, transferiu-se para Brasília, onde permanece até a presente data à frente de sua Drogaria Americana.

Patos de Minas, em sua opinião, é o melhor município do Brasil, prova isto, a migração de todos os estados brasileiros, para o mesmo município.

“Apesar desta exuberância, dessa potencialidade, o desenvolvimento vai a passos de tartaruga, e se deve esse baixo índice de desenvolvimento à falta de politização e mais amor da população ao Município, como também carência de lideranças autênticas capazes e desprendidas. A prova mais patente desse argumento é o número de deputados votados no Município. Cada cidadão, que vindo de fora para desfrutar da importância e integrar-se à comunidade patense, deveria ser politizado no sentido de fazer Patos de Minas sua terra, unindo-se realmente à vida do município, votando em candidatos nossos sem atender ao imediatismo, ao interesse pessoal, às conveniências de outras localidades.

Nosso Município já liderou a política, o comércio, a agricultura e o desenvolvimento da região, que perde para municípios menos expressivos, e hoje, novas forças tentam reconquistar o que perdemos.

Com o contingente eleitoral que possuímos, o município deveria ter uma representação condizente no governo do Estado, no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa e ao invés de botar chapéu debaixo do braço para pleitear a solução de seus problemas, exigir do governo uma solução imediata e pronta.

Os onze anos ausentes do convívio com a nossa comunidade, nos impossibilitam de enumerar com precisão os principais e mais urgentes problemas municipais.

O Município de Patos de Minas, como todos os municípios do interior brasileiro e principalmente os mineiros, tem grandes problemas que dificultam ou impedem o desenvolvimento, dada a exiguidade de recursos financeiros com orçamentos muito aquém das necessidades mais prementes e a falta de distribuição mais equitativa de renda da União. Se o município tivesse tido homens públicos mais audaciosos, num passado não muito distante, talvez o desenvolvimento de Patos alcançasse um índice maior. Contudo, ainda é tempo das novas lideranças arregaçarem as mangas, procurando sacudir o Município, e canalizarem recursos para a solução de nossos grandes anseios, como uma completa urbanização da cidade e distritos, uma melhor rede de escolas rurais, um novo Colégio Municipal e, sem dúvida alguma, a fundação de uma Universidade com Faculdade de Agronomia e correlatas com cursos técnicos e, além disso, uma melhoria na rede viária que nos ligasse a outras regiões.

Preferia, como prefiro, ausentar-me da vida pública, do modo que me venho conduzindo de 1967 até o momento. No entanto não poderia deixar de atender a solicitação desta grande figura e amigo que é, o batalhador Batista Olivieri, como também a “Debulha”, esta promissora revista, que naturalmente grandes serviços de comunicação, irá prestar à nossa região.

Gostaria de empenhar-me no aparecimento de lideranças jovens, com todo vigor e idealismo. Isto daria, sem esbarrar em ressentimentos passados, um empurrão para a frente no desenvolvimento de nossa terra que é absolutamente merecedora do trabalho conjugado de todos os seus filhos e toda a comunidade.

Fica o meu profundo agradecimento e o desejo vivo de emprestar minha modesta, mas patriótica colaboração a tudo que for pelo progresso dessa terra que tanto estimo”. Obrigado.

* Fonte e foto: Texto publicado na coluna Conterrâneo Ausente com o título “Dr. Adélio Gomes Ferreira” e subtítulo “Patos não precisa botar chapéu debaixo do braço para pleitear a solução de seus problemas e sim exigir do governo soluções imediatas” na edição n.º 9 de 15 de setembro de 1980 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

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