A rivalidade entre Patos de Minas e Patrocínio começou lá pelos idos de 1850. Já fomos distrito deles. Depois seguimos o nosso caminho e eles o deles, cada um na sua. Por uma série de fatores que não vêm ao caso neste momento, a partir do início do século 20 crescemos mais que eles. De uns tempos para cá, Patrocínio tem se desenvolvido muito por causa de gente de visão de lá. O genuíno povo de Patrocínio é, como os patenses genuínos, ordeiro e trabalhador. No frigir dos ovos, são duas cidades que são orgulho para o Alto Paranaíba. Mas não adianta o derramamento de elogios para os dois lados, pois a rivalidade entre lá e cá será eterna. Não como antigamente, quando até em jogo de futebol dos times de cá contra os times de lá o pau comia solto.
Numa Festa do Milho da década de 1980, quando a coisa ainda era séria, um fazendeiro de lá encontrou-se com uma fazendeiro de cá. O de lá se manifestou:
– O senhor não se importa deu perguntar qual é o tamanho da sua fazenda?
O de cá respondeu:
– Olha, acho que deve dar aí uns quatrocentos alqueires, é piquinina! E a sua?
Como o fazendeiro de lá era tão arrogante e cheio de mania de grandeza quanto o de cá, foi logo esnobando:
– Eu nunca me interessei de contar, eu só sei que eu saio de manhã bem cedinho e quando é meio dia eu ainda nem cheguei na metade da propriedade.
O patense deu uns tapinhas nas costas do patrocinense e, irônico, disse:
– É amigo, eu sei! No começo eu também andava de carroça, esquenta não! Guenta firme, companheiro! Tenho certeza que tudo vai melhorar!
Acredito que hoje seria muito difícil uma disputa de arrogâncias como esta. Ainda bem para os dois lados.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.