AUGUSTO FERREIRA DA SILVA

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O coronel Augusto Ferreira da Silva era natural de Buriti da Estrada, hoje Pompeu. Os seus pais, Alferes João Anastácio Ferreira da Silva e Anna Francisca da Motta, também oriundos do mesmo município mineiro, mudaram-se daquela cidade para as proximidades de Santa Rita dos Patos, hoje Presidente Olegário. João Anastácio adquiriu neste distrito abundantes glebas de terras, dentre elas as fazendas “Andrequicé, Cricó e Lageado”. João Anastácio teria falecido nas proximidades de sua derradeira residência (Fazenda da Larga), vitimado pela queda de um raio, o qual atingiu, ainda, o cavalo que montava, possivelmente no ano de 1856.

Segundo os subsídios adquiridos o Coronel Augusto possuía apenas três irmãos, a saber: Francisca Ferreira da Silva, falecida solteira com cerca de 80 anos; Francisco Ferreira da Silva, que se casou com Vitória Carvalho, dando origem à família dos Carvalho Mendes, de Presidente Olegário; João Manoel, que faleceu solteiro.

Augusto Ferreira foi casado com Anna Gonçalves da Motta, alcunha Donanna, oriunda da região da cabeceira do rio Areado, município de Patos de Minas. Embora os dados não sejam confiáveis ela teria nascido no ano de 1850. Era filha de Manoel José da Motta e Marianna Gonçalves dos Santos. O casal Augusto – Donnana gerou 11 filhos, sendo sua descendência, atualmente, estimada em mil pessoas. Havia outra filha do casal, Isabel, que se casou com o capitão João Rodrigues Braga, recebendo o nome de Isabel Maria da Motta Braga. Manoel José da Motta, proveniente de Bom Despacho (fazenda do Engenho) chegou a Santo Antônio dos Patos no final do ano de 1858, como participante de uma comitiva chefiada por Antônio Dias Maciel. Foi vereador e secretário da primeira Câmara Municipal de nosso município.

Não obstante seus parcos estudos era Augusto Ferreira muito inteligente e de uma visão comercial que nos surpreende. De certa forma, tinha obsessão por adquirir grandes extensões de terrenos, as quais tinham pouco valor pecuniário, conseguindo assim formar, através dos anos, um latifúndio de milhares de hectares. Pode-se afirmar, atualmente, que suas propriedades rurais compreenderiam, parcialmente, os seguintes municípios: Presidente Olegário, Patos de Minas, João Pinheiro, São Gonçalo do Abaeté e Varjão de Minas. Além dos imóveis relatados, possuía um rebanho bovino numeroso. Augusto foi introdutor, em nossa região, do gado Zebu, adquirido de pecuaristas na cidade de Uberaba. Como fazendeiro que era, criava ainda, suínos, muares e equinos. Seu espírito empresarial evidenciou-se quando passou a fabricar açúcar mascavo e aguardente. Construiu, ainda, um engenho de serra movido à água na fazenda “Barreiro”, de sua propriedade. Mais tarde chegou a possuir máquina de beneficiamento de arroz, um avançado feito para a ocasião. Sabe-se que edificou uma casa peculiar na fazenda “Boa vista”, com janelas de vidros coloridos, importados.

Percebendo que os estudos rudimentares que possuía dificultavam-lhe a comunicação e desenvolvimento, fez todo o possível para que seus filhos varões não tivessem a mesma sorte. Desta maneira, tomou a iniciativa de mandá-los para a capital paulista com as óbvias dificuldades do início do século passado. Em consequência, Itagyba formou-se em Direito e Noé em odontologia.

Visitou o Coronel Augusto, no princípio do século vinte, em companhia do doutor Marcolino Ferreira de Barros, a cidade do Rio de Janeiro, então Capital da República. Foi uma verdadeira façanha na época, que só os audaciosos se atreveriam a realizar. Parentes alegam que Augusto teria feito, durante tal visita, um depósito em caderneta de poupança, no valor de $1:000.000 (um conto de reis), alta quantia na oportunidade. Segundo se dizia, a aplicação financeira foi um fracasso, uma vez que algum funcionário teria lançado mão do valor depositado, que ficou estagnado por um bom tempo.

Exerceu o cargo de Tenente-Coronel Comandante da terceira Companhia da Guarda Nacional. Na área política, apenas para cooperar com os amigos e correligionários, candidatou-se como vereador à Câmara Municipal de Patos, tendo sido eleito em 7 de setembro de 1894 e empossado em 7 de novembro do mesmo ano, para a legislatura 1894-1897. Em reconhecimento pelos seus méritos e prestando-lhe uma justa homenagem, o Legislativo e executivo patenses denominaram de Coronel Augusto Ferreira uma rua no centro da cidade.

Participou o Coronel Augusto como membro ativo da comissão da construção da primeira Igreja Católica de Andrequicé. Além do apoio moral ajudou a erguer, com seus recursos financeiros, a referida igreja, posteriormente demolida. No mesmo local, mais tarde foi erigido o atual templo que motiva, anualmente, ampla e tradicional romaria.

Faleceu Augusto Ferreira em três de setembro de 1912, às 14 horas na fazenda Barreiro, município de Patos. A causa de sua morte, de acordo com artigo do jornal patense “O Commercio”, foi pneumonia infecciosa bilateral. O médico que o assistia e autor do diagnóstico foi o Dr. Eufrásio Rodrigues. Seu corpo foi trasladado para a cidade, onde aconteceu o velório. Às 16 horas do dia seguinte realizou-se o seu sepultamento. Dando prosseguimento às notícias do enterro de Augusto, o jornal referido pormenorizou: “oficiando-o o Reverendíssimo Cônego Getúlio, e tocando comovedoras peças a filarmônica ‘Fraternidade’. Ao baixar à campa o seu cadáver, orou eloquentemente o excelentíssimo Dr. Jacques Dias Maciel, exaltando as belas virtudes cívicas e privadas do querido extinto”

Anna Gonçalves da Motta faleceu em 28 de novembro de 1927, conforme registro de óbito n. 84, folhas 132 verso, do Cartório de Registro Civil de Patos de Minas, às 15 horas, na Praça da Matriz, com a idade de 77 anos. O atestado médico foi fornecido pelo Dr. Adélio dias Maciel, dando como causa mortis arteriosclerose generalizada imediata e insuficiência cardíaca.

Que os exemplos de trabalho, solidariedade, lealdade e respeito deixados pelos geradores desta imensa família permaneçam vivos na memória de seus descendentes.

* Texto e foto: Newton Ferreira da Silva Maciel.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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