RAYMUNDO GONÇALVES DA SILVA

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raymundo-goncalves-da-silvaCom sua Exma. Familia já se acha na Cidade o novo Juiz de Direito da Comarca, Dr. Raymundo Gonçalves da Silva. O illustre magistrado é filho de uma das familias mais austeras d’este Estado.

Seu pai, o Cel. Raymundo Nonato da Silva é o typo acabado do homem de bem. Funccionario publico ha muitos annos, em Bello Horizonte, o Cel. Raymundo vê, dia á dia, crescerem em torno de sua respeitavel individualidade o acatamento e a admiração de seus conterraneos.

Probo, sincero, modesto, de absoluta integridade, sem alardes, o Cel. Nonato da Silva creou e educou numerosa familia que hoje dignifica e ennobrece Minas pelos seus attributos de caracter e de intelligencia. A progenitora do illustre magistrado a quem foi confiada a ardua função de presidir os destinos judiciarios de Patos, D. Lydia de Couto Silva, fallecida ha poucos annos, como auxiliar do Gymnasio Mineiro, em Bello Horizonte, foi o exemplo vivo da perfeita educadora inteiramente integrada nas responsabilidades que lhe assistiam. De extremada dedicação pela nobre causa da instrucção, D. Lydia até os seus ultimos dias, passou pela terra fazendo o bem. No lar foi esposa amantissima e mãe extremosa. D’este casal, exemplo bellissimo das mais vigorosas virtudes Moraes, nasceram diversos filhos que têm sido legítimos continuadores das invulgares qualidades paternas: Dr. Aristides Milton, notavel advogado e Presidente da Camara do Pará; Dr. Orozimbo Nonato da Silva, professor da Escola de Direito, membro do Conselho Deliberativo, de Bello Horizonte, provecto advogado e eximio vernaculista; Dr. Gumercindo do Couto Silva, competente medico da Policia do Estado; Dr. Dilermando Silva, engenheiro da Prefeitura de Bello Horizonte e Dr. Raymundo Gonçalves da Silva, Juiz de Direito de Patos.

O moço digno que o espirito esclarecido de Mello Vianna nomeou para exercer o elevado cargo de Juiz de Direito de Patos, em substituição a uma das mais completas organisações de Juiz que temos conhecido – Telemaco Dourado – traz como credenciaes garantidoras de sua gestão: um nome limpo, uma mocidade vigorosa e forte e uma decidida vontade de acertar, servida por robusta intelligencia e solido caracter. Vem animado do desejo de praticar a verdadeira justiça. E se não tivesse a abonar-lhe a conducta uma fé de officio das mais brilhantes conquistada com desprehendimento e energia, bastaria para recommendal-o á estima e admiração da população de Patos, a tradição honrosissima de sua familia, sobejamente conhecida em todo o Estado pelo seu caracter impoluto, pela sua grande honestidade, pelos seus singulares dotes de coração.

Raymundo Gonçalves traz as melhores intenções, pretendendo ser juiz, exclusivamente juiz. Estamos certos de que em sua alma austera de apaixonado cultor do direito não terão escaladas as insinuações perfidiosas d’aquelles que mercadejam com a justiça e de que não lhe attingirão a toga impolluta os salpicos da lama infecta em que se espadanam os inimigos da Lei.

Pairando muito acima das questiunculas locaes, desviando-se, com habilidade das malhas em que se insidia procura enrodilhar os  sacerdotes do direito, o jovem magistrado, exercendo a judicatura n’esta Comarca, distribuindo justiça para todos imparcialmente, terá sempre a apoiar-lhe a acção todos os homens de bem.

Assim, esperamos que o Dr. Raymundo G. da Silva seja um legitimo continuador do integerrimo Dr. Telemaco Autran Dourado, isto é, um escravo do dever e da Lai.

Ao illustre magistrado e á sua Exma. Familia, com uma affectuosa visita, nossos votos de plena felicidade.

NOTA DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Magistrado, promotor e professor, nasceu em Sabará-MG no dia 22 e abril de 1898. Filho do serventuário da Justiça Raimundo Nonato da Silva e de Lídia Maria do Couto e Silva. Fez o curso secundário nos Colégios Caetano Azeredo e Benjamin Dias e no Ginásio Mineiro, todos em Belo Horizonte, e o superior na Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, pela qual se bacharelou em 1920. Quando acadêmico, trabalhou na Secretaria do Interior, onde foi auxiliar do Gabinete do titular da Pasta, Afonso Pena Júnior.

Logo depois de formado, exerceu o cargo de Promotor de Justiça de Entre Rios (hoje Entre Rios de Minas). Ingressando na Magistratura mineira em 1925, como Juiz de Direito de Patos de Minas, serviu, em seguida, nas Comarcas de Diamantina (1928-1935), Ouro Preto (1935-1940) e Juiz de Fora (1940-1949). Nesta última cidade lecionou História do Brasil no Instituto Granbery e Direito Civil e Direito Judiciário Civil na Faculdade de Direito. Nomeado Desembargador do Tribunal de Justiça em 19 de agosto de 1949, também atuou no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, como Juiz suplente (1950), Juiz efetivo (1955) e Presidente (16 de março de 1956 a 15 de outubro de 1958). Em outubro de 1964 foi eleito Vice-Presidente e, em agosto de 1965, Presidente do Tribunal de Justiça, tendo-se aposentado em 1968, pouco antes de atingir a idade limite.

Vice-Presidente do Centro Brasileiro de Cultura Italiana, era portador de medalha conferida pelo Governo da Itália e da Comenda Stella della Solidarietá. Recebeu, também, o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte. Atuaram na vida política seus irmãos Orozimbo Nonato Silva e Gumercindo Couto e Silva. Faleceu em Belo Horizonte, no dia 10 de novembro de 1973.

* Fonte: Texto publicado na edição de 07 de fevereiro de 1926 do Jornal de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.

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