TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2016)
Num manhoso dia dos primórdios do mês de dezembro de 2015, a Praça Abner Afonso amanheceu com uma imensa placa anunciando uma novidade alvissareira: o histórico logradouro público seria reformado. Parecia até ação de gente preparada e imbuída de profissionalismo público latente: início da obra estipulado em 11 de dezembro daquele ano, término em 11 de abril do ano seguinte e recursos de R$ 448.464,77 provenientes da Caixa Econômica Federal e Prefeitura Municipal, e apoio do Ministério do Turismo. Óbvio que todo cidadão que passou pelo local acreditou que tudo tinha sido devidamente planejado e que aquela placa era uma assinatura da confiabilidade técnica e da capacidade administrativa do poder público.
Poucos dias depois algo preocupante começou a fazer cosquinhas desagradáveis nos neurônios do povo, já calejado pelo que aconteceu com a Lagoa Grande e tantas outras peripécias improdutivas dos nossos comandantes: o dia 11/12/2015 tinha ficado para trás e nada de obra. Veio o Natal, o Ano Novo e, finalmente, no início de janeiro de 2016, eis que começaram a destruir a antiga Praça dos Boiadeiros urbanizada pelo Binga em 1960. Os primeiros trabalhos foram deslumbrantes: cercaram toda a praça produzindo um visual tétrico. Sabe-se lá qual o motivo. Proteção aos pedestres? Os operários não queriam ser vistos? Ou quem sabe, é para esconder a vindoura surpresa?
E assim foi-se o janeiro, foi-se o fevereiro, foi-se o março, foi-se o abril… Foi-se o dia 11 de abril de 2016, a data planejada para o término das obras. Planejada? Quem acompanhou a reforma da Lagoa Grande tem noção exata sobre o significado de planejamento do nosso poder público: nada mais e nada menos do que afixar uma placa na obra com informações sobre a mesma absolutamente determinado a nenhuma responsabilidade de cumprir com o que nela está informado. O cinismo é tão escancarado que, no início das obras, a placa ficava dentro da praça escondida pela “cerca”. Agora, para escoicear o contribuinte, está do lado de fora belamente à vista de todos para ficar bem entendido o tamanho da “banana” ao povo. E não demorou muito, quem sabe desta vez por vergonha, esconderam novamente a placa. Por que é assim? Porque em toda a vasta extensão do país do pau brasil é assim mesmo, e as obras inacabadas que consumiram bilhões de reais abundam na infinidade como provas.
Reclamar a quem? Ao Bispo? Ao Papa? A obra programada para término em 11/04/2016 se arrastou até 11 de janeiro de 2017, nove meses após o programado, quando, finalmente, tiraram os tapumes metálicos da praça e a expuseram ao público com sua nova roupagem. Mas ainda inacabada, faltando retoques que, esperamos, sejam devidamente finalizados. Esta é a cruel realidade no país do pau brasil. Patos de Minas não é um exemplo de incapacidade administrativa, é unicamente um grão de areia num imenso deserto político onde a ética e o respeito ao cidadão inexistem. Enquanto isso a Lagoa Grande chora por ti, eterno campo dos nossos antigos boiadeiros!
* Foto (06/03/2016): Eitel Teixeira Dannemann.