O prezado pássaro Pica-Pau possui dois dedos voltados para frente e dois dedos voltados para trás, o que lhe permite se agarrar nos troncos das árvores. Assim fica como se parafusado, lascando bicadas atômicas na madeira em busca de larvas de insetos. Abrindo espaço com as poderosas bicadas, sua longa língua umedecida pelas glândulas salivares capturam as deliciosas larvas que o deixa extasiado. Assim é com o Pica-Pau normal. Mas acontece que em Patos de Minas tem algo diferente. Aqui temos o Pica-Concreto. É este aí, flagrado num poste da Rua P1B, no Bairro Abner Afonso. Numa manhã nublada e cinzenta, o pássaro se postou na típica posição e lascou suas potentes bicadas na dureza da conjunção do cimento, areia, água, vergalhão e brita. Por lá ficou longos minutos, bicando, bicando, bicando… Seria um Pica-Pau com Transtorno Bipolar? Seria dor de cotovelo? Não se sabe. O negócio é que, talvez com o bico dolorido, desconfiou que naquele concreto não encontraria nenhuma larva de inseto. E se mandou. E nunca mais voltou!

* Texto e foto (16/05/2016): Eitel Teixeira Dannemann.