TEXTO: RENATO DIAS MACIEL (1942)
Li em o numero anterior deste simpático hebdomadário, que nossa terra irá celebrar o seu quinquagésimo ano de vida autônoma em maio próximo. Certamente ha um engano no artigo assinado pelo sr. Zama Maciel quanto à data exata da elevação de Patos à categoria de cidade. Penso que foi a 24 de maio e não a 25 do mesmo mez como saiu à lume. Toda a população do município, sem distinções de qualquer ordem, deve achar-se a postos para comemorar condignamente a auspiciosa efeméride. O ambiente atual, de visível aproximação de todos os conterrâneos, comportará melhor as festividades que se vão realizar.
Urge que as autoridades municipais em todos os setores empreguem esforços no sentido de concorrer para que as festas comemorativas sejam marcantes acontecimentos, afim de que a juventude fique conhecendo bem o que somos e o que fomos, nossas possibilidades, nossas riquezas, nossos homens ilustres e nossas forças latentes. Urge que todos os cidadãos, filhos e aclimatados à terra feliz, corram ao encontro dos poderes públicos, prestando desinteressadamente o seu concurso pessoal.
“Folha de Patos”, única publicação periodica, atualmente em circulação nesta cidade, dando exemplo, inicia hoje, uma resenha do que ha sido a imprensa em nossa terra, aceitando informações novas e esclarecimentos necessários a ficar tudo bem claro, para que no futuro fiquem assentados os dados históricos sobre o assunto, mais próximos possivel da verdade.
O primeiro jornal publicado entre nós foi “O Trabalho”, sob a direção de Fortunato Pinto da Cunha e redatoriado pelo dr. Antônio Nogueira de Almeida Coelho, inteligência brilhante, cedo desaparecida de nosso convívio. Seu primeiro número circulou no dia 15 de agosto de 1905, mimeografado, pois, não havia tipografia para impressão. Não obstante a dificuldade que ocasionava sua publicação, “O Trabalho” durou quatro anos, só desaparecendo em 1909. Depois surgiu “O Commercio”, de propriedade do sr. Alfredo Borges, parece que em novembro de 1910, tendo por diversas vezes a sua publicação suspensa. Embora não tivesse cor acentuadamente partidária, “O Commercio” era de cunho religioso católico, segundo a orientação que lhe dava o seu proprietário e mais assiduo colaborador.
Mais tarde, o dr. Marcolino Ferreira de Barros fundou a “Cidade de Patos”, que teve curta, mas, brilhante vida, ora redatoriada por Maurício Potier Monteiro, Ferreira dos Santos e Eufrásio Rodrigues.
“O Federalista”, que viveu pouco, foi redatoriado pelo ilustre juiz Newton Luz Sandoval Babo, então, advogado na comarca. Antes tivera duração efemera “O Juvenil”, semanário instrutivo, literário e recreativo, impresso nas oficinas “d’O Commercio”. “O Riso” sob a direção de Wagner Corrêa, era crítico e noticioso. Francisco Carneiro e José Gonçalves de Amorim publicaram “O Grito”, que surgiu em 1915 e teve curta duração, mas divertiu bastante a mocidade de então com suas criticas ligeiras e oportunas. Fez época “A Metralha”, sob a direção de Dimas Pinto e Antônio Maciel, pela sua irreverência e verve.
“A Carapuça” tinha a forma de revista e saiu durante algum tempo. Era dirigida pelo farmacêutico Wagner Corrêa. Arlindo Ulhôa lançou “O Morcego”, jornalzinho humoristico, que teve boa aceitação.
Houve época em que ficamos sem um jornal para comentar a vida pouco movimentada da pequenina Patos de tres mil habitantes. Em 1926 surgiu “O Jornal de Patos”, órgão combativo, sob a direção competente do dr. José Olimpio Borges. Teve pouco tempo de vida a “Gazeta de Patos”, jornal noticioso, de propriedade do sr. Laurindo Borges.
No dia 23 de junho de 1932 apareceu “A Reforma”, com feição moderna, com amplo serviço telegráfico, sob a direção do dr. Antonio Maciel, redatoriada pelos srs. Carlos Chaves, Ernani de Morais Lemos e Zama Maciel, penas que ainda não descansaram sempre brilhantes e apreciadas. Mas tarde foi ter ás mãos do sr. Noé Ferreira, que lhe emprestou todos esforços até que a morte roubou sua preciosa existência. José Caixeta Frazão fundou “A Tesoura”, que não desmentiu o título. Zenite Santos e Mercedes Mendonça mantiveram um jornalzinho delicado, “O Sonho”, quando cursavam a Escola Normal.
A primeira fase de “Folha de Patos” foi devida aos esforços do dr. Antônio Maciel, orgão que nasceu com um programa definido de prestigiar a nova Ordem estabelecida em virtude da revolução. Era seu gerente o sr. Sebastião Eloi, diligente lidador da imprensa, que já emprestaria o seu concurso a “A Reforma”, desde a sua fundação. O corpo redatorial da “Folha de Patos”, novamente em circulação devido á tenacidade de Renato Dias Maciel, com pequeninas modificações para melhor, é o mesmo que laborava desde o seu aparecimento, com o mesmo espírito de independencia e liberalismo. Martinho Ribeiro é o atual gerente.
Agora, resta uma pergunta. Quando teremos o jornal circulando, ao menos, duas vezes por semana? Seria injusto o silencio de nossa parte si não mencionassemos os nomes dos srs dr. Adelio Maciel e prefeito Clarimundo Fonseca Sobrinho, que nunca deixaram de emprestar o seu apoio decidido à manutenção da imprensa em nossa terra. Reconhecemos deficiencia das notas acima; publicamo-las para reparos e como esboço de um trabalho mais meticuloso para o futuro. Agora, que se aproxima o cincoenta aniversário de nossa elevação á categoria de cidade, julgamos oportuna a lembrança de dar os nomes de todos os periodicos que já tiveram circulação regular na cidade em numero de deseseis. Isto representa algum esforço e conforta todos os que têm pelejado nesta arena tão ingrata, mas, imensamente deliciosa.
* Fonte: Texto publicado com o título “Cincoentenário da Cidade” na edição de 15 de março de 1942 do jornal Folha de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Atleticasaopaulo.com.br.