Aos treze de janeiro de 1875, Baptizei solennemente a José, innocente, filho legitimo de Joaquim José de Sant’Anna e D. Amélia Augusta de Sant’Anna, nascido a dez de Dezembro de mil oitocentos e setenta e quatro. Foram padrinhos Manoel Pacheco D’Araujo e Laura Clementina da Fonseca. Para constar mandei fazer este assento que firmo. O Vigario Pe. Manoel de Britto Freire.
Podemos ver que o futuro Cap. José de Santana era filho do Vereador Joaquim José de Sant’Anna que emancipou o ex-arraial de Santo Antônio dos Patos da então Vila de Nossa Senhora do Patrocínio, em 29 de fevereiro de 1868. O ano passado comemoramos o Primeiro centenário desse feito.
José de Santana consorciou-se em 1905, com Mariana Augusta de Santana.
Ele mesmo fêz o assentamento: “Efetuou-se meo enlace conjugal a dezenove de agosto de 1905”. D. Mariana era conhecida como D. Sinhá, filha do Cel. Augusto Ferreira da Silva, possuidor de grande fortuna, deixando prole numerosa, de seus filhos sobreviventes residem em Patos Dr. Itagiba Augusto da Silva e D. Marieta Augusta da Cunha. Do casamento de Santana com D. Sinhá houve dez filhos, numerosos netos e bisnetos. Ambos são falecidos. Ele em 7 de dezembro de 1954. Ela em 5 de novembro de 1961.
Grande parte do progresso de nossa comunidade deve-se ao espirito desprendido e liberal do Cap. Juca. Alguém vai perguntar: e porque? Bastaria que fizesse como quase tôda gente faz, segurar, não vender, esperar a valorização do que era dele. Os terrenos de sua propriedade penetravam pela cidade. A Praça do Santana, rua Agenor Maciel, Praça Abner Afonso, rua José de Santana e grande parte da Major Gote e Av. Getúlio Vargas, eram constituídas por lotes de sua propriedade. Facilitou para todo mundo a vendagem, por preços irrisórios de atuais valorizados terrenos. Fêz doações para que o Estado de Minas construísse os prédios do Hospital “Antônio Dias” e do Grupo Escolar “Marcolino de Barros”. Antigamente os mananciais de água que forneciam nossa cidade, estavam localizados em terras de sua fazenda, logo atrás do Mercado Municipal.
O Matadouro Municipal, antigo, situava-se também em pasto seu, terreno em que foi construído o arranha-céu do Banco do Brasil. Havia poucas construções do lado esquerdo da rua Major Gote, onde passava uma cêrca de arame farpado. José Santana nunca deu grande importância à fortuna. Foi sempre liberal. Dizia que não poderia levar em seu caixão os bens materiais. Para os filhos procurou dar instrução, que considerava o maior bem.
A respeito de sua pessoa assim se expressou o Dr. Marcolino de Barros, já em 1915: “Agrada-nos patentear a tôda sociedade patense que o Cap. José de Sant’Anna, sem alarde, sem ostentação, até mesmo procurando ocultar de todos, tem sido de um desprendimento para auxiliar as obras de melhoramentos últimos, que seria um crime de leso-reconhecimento, não tornar conhecido de todos os seus patrícios, o seu philantropismo. A sua bôlsa é franca a tôda e qualquer subscrição de fim útil, e de sua obediencia a tudo que a lei determina, nos ufana de declaral-o um dos maiores benfeitores de Patos, da atual geração”.
José de Santana foi Promotor Público da Comarca e também vereador à nossa Câmara Municipal, “cargo em que sempre se bateu com denodo, pelas melhores idéias”. A rua José de Santana recebeu seu nome durante sua existência pelos muitos beneficios que prestara à coletividade.
* Fonte: Texto publicado na edição de 24 de maio de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Do livro Logradouros Públicos de Patos de Minas, de Júlio César Resende.