CONTAMINAÇÃO DO RIO PARANAÍBA EM 2005

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BIGODEO reconhecimento do Rio Paranaíba foi realizado com o apoio da Polícia Especializada do Meio Ambiente, no dia 14 de julho de 2004, entre os pontos analisados. Foram identificados 27 pontos de despejos de esgotos e o intenso desmatamento da mata ciliar, sendo que em vários trechos ela inexiste. Entre os meses de julho de 2004 e maio de 2005, foram coletadas amostras de água em dois pontos: sob a ponte da BR – 365 (montante¹ de Patos de Minas) e sob a ponte do Bigode (jusante² de Patos de Minas). A coleta das amostras seguiu as recomendações da Companhia de Saneamento de Minas Gerais-COPASA.

Foi verificado que o trecho compreendido entre os dois pontos analisados é considerado impróprio para uso de recreação de contato primário por haver sinais de poluição por esgotos, perceptíveis pelo olfato e pela visão, mesmo distante dos pontos de lançamento. Esses resíduos podem oferecer riscos à saúde, além de tornarem desagradável a recreação. Os resíduos hospitalares, se não tratados, podem constituir meio rico em agentes patogênicos, podendo se tornar uma fonte de recontaminação para a população que faz uso desse recurso hídrico (balneação, dessedentação humana ou animal, irrigação de hortaliças, etc.) sem o seu prévio tratamento.

Não há contaminação geral do rio para os metais cobre e chumbo, de jusante em relação a montante. Contudo, há a contaminação, estatisticamente, por cobre a montante. É possível que o uso de fertilizantes – em um sistema que não possui remanescentes florestais, os quais poderiam atuar como filtros verdes para a retenção de material lixiviado – represente a principal via de acesso de metais pesados ao sistema, notadamente cromo e cobre. A concentração de zinco nos dois pontos é superior aos limites aceitáveis, apesar de ser pequena variação entre eles. Contudo, há a contaminação estatística por zinco em ambos os pontos. Na área urbana, os efluentes domésticos podem representar a principal fonte de zinco para o rio. Acredita-se que além da contribuição urbana para zinco, também esteja ocorrendo o arraste desse metal e mais o cobre pelas águas utilizadas nas áreas de irrigação que margeiam o rio e seus afluentes. Além desses meios, esses metais mais o cromo podem estar chegando ao rio através do chorume do “lixão municipal”.

Há contaminação por cádmio a jusante. Isto pode causar sérios danos à população, pois, ele é carcinogênico, teratogênico, afeta o sistema nervoso e rins e pode causar danos ao sistema reprodutivo. Acredita-se que os resíduos de cádmio sejam oriundos de baterias de carro e celular, depositados nos “lixões municipais” das cidades (Rio Paranaíba, Carmo do Paranaíba, Lagoa Formosa, Guimarânia e Patos de Minas) que margeiam o rio.

É necessário que sejam implementadas medidas corretivas, pelo poder público e pela população ribeirinha, a fim de controlar a contaminação por esses metais pesados. Também é necessária a aplicação de medidas preventivas para que a contaminação por outros metais não se instale e que a contaminação microbiológica não se acentue.

* 1: Em direção à nascente, ou seja, contra a corrente.

* 2: Em direção à foz, ou seja, o fluxo normal da água.

* Fonte: Contaminação do Rio Paranaíba, de Lourivaldo Lemos da Silva (Graduando em Ciências Biológicas. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas-UNIPAM), Antônio Taranto Goulart (Doutor em Química. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Centro Universitário de Patos de Minas-UNIPAM),  Celine de Melo (Doutora em Ecologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas-UNIPAM e Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Rita de Cássia Weikert de Oliveira (Doutora em Microbiologia, Faculdade de Farmácia, Centro Universitário de Patos de Minas-UNIPAM).

* Foto: Ponte do Bigode, um dos pontos de coleta, do jornal virtual Patos Agora.

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