A lavoura de nosso município está passando por hora de angustiosa espectativa.
Os roceiros estão com as tulhas abarrotadas com os frutos maduros da lavoura, frutos estes regados com o proprio suor, e fecundados na terra generosa e boa que os viu nascer e crescer. E a semente colhida, de cuja venda esperava recursos para melhores dias, está ameaçada de apodrecer aos celeiros, ou ser entregue a preços ínfimos aos exploradores sem alma.
E porque esta ameaça paira sobre os nossos lavradores? Porque a alegria e a abundancia desertarão dos sítios e das fazendas? Porque o comercio honesto se vê na iminencia de um colapso que lhe será fatal? Porque a nossa cidade voltará a marcar passo, na sua marcha para o futuro? Porque, em suma, deixaremos de ser o celeiro de Minas, para nos transformarmos em velha tapera abandonada?
A resposta está em toda boca, em cada esquina, em cada encruzilhada de estrada, em casa de fazenda, em cada choupana de roça. Não há transporte, não há gazolina para abarrotar os tanques dos caminhões que fazem circular a nossa riqueza!
São as consequencias da convulsão mundial!
Mas será possível que não haja uma providencia que tomar? Deveremos cruzar os braços, e esperar que as bravas falanges de Timoshenko vençam nas estepes russas ou que os aviões da R.A.F. abram o caminho da paz, na vitória?
Não e não! Procuremos a solução imediata, dirigindo-nos ao govêrno de Minas, a cuja testa se acha um dos grandes amigos de Patos, e a êle mostremos as nossas necessidades e exponhamos os nossos problemas.
Teremos que receber maior cota de combustível; queremos ação energica contra o MERCADO NEGRO, e guerra aos açambarcadores, e comerciantes, deshonestos que forçam propositadamente a baixa dos preços para auferir lucros exessivos.
O nosso jornal já mostrou as razões que nos assistem a uma cota mais elevada de gazolina, e hoje volta suas vistas contra o comercio ilegitimo de essencia, e, para combater a fome dos baixistas e avaros, sugere o financiamento dos produtos da lavoura.
O pequeno lavrador entregaria a sua safra mediante certa remuneração até que houvesse transporte para a sua mercadoria.
Há, no país, varios institutos de defesa agrícola que assim procedem, e que têm prestado relevantes serviços aos lavradores.
A produção de cereais em grão ainda não se arregimentou, e, em momentos como este, se vê exposta aos azares da sorte.
A lavoura que se reuna, e se dirija ao governador Valadares, e lhe peça providencias de carater urgente, que esta providencia virá.
Para tudo no mundo há uma saída boa, resta somente procurá-la.
* Fonte: Texto publicado com o título “Ação, Ação e Ação!” na edição de 05 de julho de 1942 do jornal Folha de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Vozdepedra.blogspot.com.