A ausência de muitos sócios e alguns diretores na cerimônia de transferência de posse da diretoria da Sociedade Recreativa Patense demonstra textualmente a condição a que o clube foi relegado nos últimos anos. Na verdade, todos pareciam mais interessados em assistir o desfecho final da novela Roque Santeiro do que no futuro da entidade.
Os patenses, principalmente os mais antigos, guardam ótimas recordações daquele que foi o primeiro ponto de encontro da sociedade local e é lamentável vê-lo atualmente apagado ante os vários acontecimentos sociais da cidade. Na verdade não temos a quem culpar a não ser as antigas diretorias e seus próprios associados que não corresponderam aos movimentos que já foram feitos na tentativa de reacender o brilho da entidade. Novamente, como tantas vezes já aconteceram, na posse da nova diretoria, muitas promessas foram proferidas no sentido de reativar as atividades e fomentar o interesse dos associados em torno do clube. Desta vez porém, tudo leva crer que as medidas que serão adotadas para dinamizar a atuação da entidade seguirão por caminhos mais lógicos do que os que até agora foram trilhados.
O jovem presidente, Jacy Caetano de Vasconcelos, escorou num fato lógico, ou seja a falta de recursos financeiros, para anunciar aos dezoito elementos presentes à sua posse, que provavelmente terá que sacrificar parte do patrimônio do clube para investir na construção de uma sede campestre que possa assegurar a participação mais efetiva dos associados. É sabido que os imóveis pertencentes à Sociedade Recreativa Patense, se vendidos, representariam uma expressiva quantia financeira e este seria talvez o passo principal a favor da reativação do clube, e que até agora nenhuma diretoria teve coragem para fazê-lo. Todos aprovaram a proposta do atual presidente, e mesmo os conselheiros mais antigos, normalmente arredios às inovações internas da entidade, entenderam que a construção da sede campestre não pode mais ser adiada.
De fato, a idéia caso venha ser concretizada, despertará o interesse dos associados que há muitos anos andam afastados das atividades sociais do clube e poderá representar mais uma opção de lazer para a comunidade patense. Moacir Santos, que como presidente dirigiu o clube nos últimos meses, também se mostrou adepto da idéia lembrando que sua gestão, assim como tantas outras, pode ter ficado aquém do que se propunha, devido aos receios de diretores e conselheiros com idades avançadas, muitos na faixa de setenta a oitenta anos, portanto, inaderentes às propostas avançadas de renovação. De fato, Moacir teve razão ao dizer que o ato mais importante da antiga diretoria foi conseguir deixar a Sociedade Recreativa Patense sob a direção de elementos jovens, que assumiram na última sexta-feira.
Agora, o mais importante é que o clube não viva só de saudades.
* Fonte: Texto publicado na edição de 01 de março de 1986 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Conceitoseventos.com.