TETRALOGIA

Postado por e arquivado em ALTINO CAIXETA DE CASTRO, ARTES, LITERATURA.

Tua tês macia como a lã de Milêto
Merece de minha pena o mais belo soneto
Por ser tão alva como o linho de Terento;
Mas eu que conheço de sobra o teu desejo
Não posso deixar de cantar o teu beijo
Que custa tanto para o meu tormento.

Tua alma nevada de pureza estranha
Merece tudo que a minha pena ganha
Ao cantar-te talvez como Epicuro;
Mas eu que conheço de sobra o teu desvelo
Não posso deixar de cantar o teu cabelo
Que custa tanto para o meu futuro…

Teu coração constantimente em greve
Merece a pena que a minha pena deve
Dizer-te em versos num fulgor de gemas;
Mas eu que conheço de sobra teu fragil ser
Não posso deixar de cantar o teu sofrer
Que custa tanto para os meus poemas.

Teu talhe ardente de Thais remida
Merece a vida desta minha vida
De anaobreta¹ que não foge á dor;
Mas eu que conheço de sobra o teu fadario
Não posso deixar de cantar teu Calvario
Que custou tanto para o meu amor…

17/10/1944

* 1: Não consegui identificar o significado dessa palavra.

* Fonte e foto : Edição de 05 de novembro de 1944 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

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