REMODELAÇÃO DO CINE MAGALHÃES

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TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1914)

Acha-se quasi concluidos os trabalhos que o Cel. Arthur Magalhães resolveu mandar fazer, remodelando a parte de sua casa em que pela 1.ª vez foi instalado o cinema e o vai ser, agora, com melhores cômodos. Assim é que, os melhoramentos feitos para a nova instalação, constituem verdadeiro conforto, diante do predio em que vinha funcionando, trazendo os frequentadores em constantes sobressaltos, pela imminencia de um desmoronamento.

Com a modificação, foi feita uma fila de espaçosos camarotes em pavimento superior, cabendo cadeiras em n.º de 5, em cada, ficando a parte inferior para os assignantes de 2.ª classe; o salão que é todo para a 1.ª classe, é grande e arejado por 5 óculos envidraçados e de tamanho regular, aberturas estas feitas na parte lateral esquerda e vem suavisar os rigores do calor que, aqui, de ordinario nos ataca, maximé, no Cinema e quando os Srs. cigarristas entendem poder amenisal-o com grossas e repetidas baforadas, que por pouco não asphyram a gente!…

O que nos vale, é que o Cel. proprietario, já està fazendo convergir as nossas vistas para um novo e importantissimo… reclame, na tela, mais ou menos semelhante ao que se vê em cartazes nas paredes das pharmacias, repartições publicas, casas de familia, etc., fazendo ver que não se deve cuspir no chão, (indicando as respectivas escarradeiras, comprehende-se…) elle, o Coronel, pede apenas que não se fumem no salão, afim de evitar incommodos ás familias.

Essas medidas são bem louvaveis e dignas de serem por todos observadas, pelo seu inestimavel valor hygienico.

E bem que o Cel. Arthur devia collocar, após esse annuncio, outros de magnifica importancia, mais ou menos nesses termos: − Não se deve trazer cães para o Cinema, pois as pulgas me espantam a freguesia… Palmas, pancadas e assovios, férem os ouvidos…

E ao mesmo tempo annuncios que de óra em diante o Cinema funccionará com rigorosa normalidade, bôa luz e permanente na fachada, (durante a sessão apenas…) e trepidação nenhuma, accrescendo que satisfará a assistencia com uma agradavel orchestra para o que já se acha contractada uma das bandas de musica desta Cidade…

Diante disso, não posso deixar de felicitar o bonsoso e emprehendedor Cel. que trazendo o Cinema para o Largo, já procurou traduzir os desejos do povo livrando-o do incommodo de abalar-se de suas casas para, á contragosto, dirigir-se à tão afastada rua. Continue, assim, Cel., e estaremos sempre a lhe jogar dessas louvaminhas…

Março de 914
Xixi

* Fonte: Texto publicado sem título na edição de 05 de abril de 1914 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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